sábado, 31 de dezembro de 2011

С Новым Годом! (Feliz Ano Novo, supostamente)

Kirilenko oferece de tudo um pouco para o CSKA na Euroliga 2011-2012
No último dia do mercado de contratações de 2011, bem que os francanos gostariam de ser agraciados, mas o melhor presente foi para a torcida do CSKA, com a permanência de Andrei Kirilenko pelo menos até o fim da temporada. Parabéns, camaradas. 

Dizem que ele pediu demais na NBA, afastando Sacramento Kings, que optou pela combinação do ponta-firme Chuck Hayes e do enigmático Travis Outlaw, e New Jersey Nets, poupando cada tostão por Dwight Howard. Preferiu, então, seguir em Moscou, onde é amigo do czar, mas não necessariamente Putin.

Talvez nem fosse necessária sua permanência para se apontar o clube moscovita como o grande favorito ao título da Euroliga deste ano, acima dos gigantes espanhóis, do Panathinaikos e do Montepaschi Siena, contando com Nenad Krstic em ótima fase, a liderança de Ramunas Siskauskas, um "miniKirilenko) em Viktor Khryapa, o emergente e habilidoso Alexey Shved e o nosso queridinhoh Milos Teodosic, entre outros. Do goleiro ao ponta-esquerda, só tem fera. Com o AK-47, o time ganha outras dimensões, todavia. Baita apelação.

Antes de arrebentar a fuça em quadra, ganhando uma máscara especial para proteção, Kirilenko vinha como o jogador mais eficiente da temporada regular do torneio continental, com 29,4 pontos de média, sete acima do francês Nicolas Batum, que já regressou ao Portland Trail Blazers. Por uma somatória fantástica de fundamentos: 13,8 pontos, 9 rebotes, 3,4 assistências, 3,2 tocos, 2,2 roubos de bola, 56,5% nos arremessos de dois, 60% nos de três pontos em, ufa!!!!!!!, 30 minutos por jogo. Poderíamos gastar um tempão aqui para mostrar o quão extraordinários são esses números, nesse nível de basquete, mas deixa pra lá: apenas acreditem que isso é dominância e dinamismo absolutos. 

"Jogar pelo CSKA é um grande prazer e muito divertido, e agradeço aos diretores por terem paciência com minha situação difícil", afirmou o ala. "Acredito que essa tão aguardada decisão de Andrey é o melhor presente de Ano Novo que os torcedores do CSKA e russos poderiam ter", disse Andrey Valutin, presidente do clube. Sem dúvida. С Новым Годом!

Arquivo X

Os matemáticos jogaram a calculadora fora e aderem à lousa mágica, os filósofos perdem a cabeça e só querem saber de jogar PS3, os cientistas não encontram explicação alguma e migram para o Partido Republicano, os torcedores não sabem quem vaiar ou aplaudir e, na dúvida, matam o milk shake de chocolate e baunilha, a bolsa anão vai mudar em nada por isso especificamente, mas você que se prepare: coisas bizarras vão acontecer na temporada 2011-2012 da NBA. 

Não perca a linha, Mr. Stern: já bizarrices o suficiente na NBA este ano sem a sua intervenção
David Stern pode até nem vetar a próxima negociação do Lakers, mas viveremos um campeonato obscuro. Em apenas uma semana de liga, já pudemos detectar um número generoso de anomalias que podem ter relação, ou não, com o Sobrenatural de Almeida. Os teóricos da conspiração estão em alerta. A verdade nem lá fora está:

- A magia de Steve Nash vai chegando ao fim? O canadense vem com aproveitamento de apenas 31% nos arremessos e 33,3% nos três pontos. Com, respectivamente, 48,9%  e 42,9%na carreira, talvez ele seja o gatilho mais preciso que a liga já teve (pense assim: Steve Kerr matava suas bolinhas livre e sossegado depois das dobras feitas em Jordan, Duncan, Pippen ou David Robinson.

E aí, no que dá vai dar isso? Será o efeito da idade? Ou Nash, por precisar de muito ritmo de jogo, vai retomar suas médias aos poucos? Ou quem sabe os adversários não tenham o menor respeito por Grant Hill, Jared Dudley, Channing Frye e Shannon Brown, e venham usando uma defesa em colapso em torno do Capitão Canadá? Aguardemos.

- Você pode dizer que cabe um Kemba Walker e dois DJ Augustins dentro deste monstro, mas não pode deixar de se admirar com o fato de Boris Diaw ter pegado 27 rebotes em seus primeiros dois jogos. O mesmo francês que apanhou em média 4,9 na carreira.
E aí no que vai dar isso? Mais de dez rebotes por jogo? Pode esquecer. Por outro lado… Bem, demorou uns bons seis anos, mas esse talentosíssimo, preguiçoso e gordote ala-pivô retomou o ritmo de triplo-duplo-humano de sua temporada de estréia pelo Phoenix Suns, quando teve 13,3 pontos, 6,9 rebotes e 6,2 assistências por jogo, jogando como um "falso pivô", se é que isso faz sentido, nos gloriosos tempos de Seven Seconds or Less. Quem sabe a temporada puxada não o faça perder os quilinhos de "Royale with cheese" que acumulou em casa durante o locaste? Aí os jogadores de de Fantasy vão se lamentar de ter deixado Diaw-Riffiod cair para a décima rodada (uma confissão disfarçada, ok?).

Uma bola, mas poderia ser Le BigMac: lá vai o Diaw mergulhando
- Dwight Howard vem com uma seqüência de dois jogos com 24 rebotes em cada um dele, contra o New Jersey Nets e o Charlotte Bobcats, elevando sua média em quatro jogos para 17 por partida, o que pod... Mas pera lá: talvez fosse o que esperássemos do homem de físico mais imponente, ou assustador de todo o basquete, não?
E aí, no que vai dar isso? Parece, aqui de longe, que os constantes rumores em torno de seu nome, que o questionamento sobre sua lealdade a Orlando, as dificuldades nas negociações impostas pelo Orlando Magic, tudo isso junto e mais um pouco tenham levado Howard, enfim, a um nível de parede humana na defesa. De repente ele não liga para mais nada e ligou o modo kamikaze. Se isso a) só vai deixar o time da Flórida mais reticente em envolvê-lo em uma troca, b) vai forçar o Lakers a dar Kobe, Gasol e Bynum, c) vai mostrar que ele pode ter até um time decente em Orlando, aí é questão de esperar calado e protegido por uma armadura. 

- O elenco do New Jersey Nets é uma draga e ainda conseguiu piorar com a lesão de Brook Lopez, o time está no limbo, envolvido por dezenas de rumores e perto de se cruzar o rio, o Mark Cuban Russo Mutante tem mais o que fazer da sua vida agora ao bater de frente com Vladmir Putin, mas quem poderia imaginar esse fiasco que envolve Deron Williams neste início de campanha? Justamente o astro que supostamente havia se mantido em forma durante as férias prolongadas ao jogar na Turquia, tendo feito inclusive 50 pontos numa partida europeia? Pff…. O ex-Jazz vem com 34,9% nos arremessos, apenas 5,8 assistências e 4,5 erros, bem piores que os 46,2%, 9,2 e 3,1 de carreira.
E aí, no que vai dar isso? Olha, essa talvez seja a mais fácil: se Howard não desembarcar cedo em Nova Jersey ou no Brooklyn, que seja, talvez o brilhante Billy King, aquele que acabou com o time de Allen Iverson em Filadélfia, se arrependa de ter aberto mão de tantas escolhas de draft e do promissor, muuuuuito promissor Derrick Favors no ano passado.

E quem pode com o novo,  e barbudo, Spencer Hawes no garrafão dos Sixers?
- Spencer Hawes vem com média de 12,7 rebotes por jogo, uma reviravolta daquelas na vida de um dos maiores molengas da NBA (para comparar, sua média é de 5,7 na carreira e o máximo que teve foi 7,1 em seu segundo ano, em 2008-09). Na estréia, ele ficou a uma assistência de completar talvez aquele que seria o triple-double mais bizarro da liga. 
E aí, no que vai dar isso? Quando entrou na liga, Hawes já era conhecido por todos os gerentes gerais e scouts em atividade, observado desde os tempos de colegial, como um pivô técnico, grande, que se encaixaria com facilidade. Acontece que eles não imaginavam que sua pouca dedicação ao serviço e o medo de contato fossem tão gritantes. Neste ano, o pirado treinador Doug Collins não se cansa de elogiar a forma física com a qual o pivô se apresentou aos Sixers, e os resultados foram imediatos. Para completar, ele veio barbudo e com cara de mau. O time carece de uma presença no garrafão, e este pode ser o ano da vida do atleta.

- LeBron James arremessou apenas UMA bola de três pontos em quatro jogos, para um total de 148 minutos em quadra. 
E aí,  no que vai dar nisso? O astro do Miami Heat vem barbarizando, com o melhor rendimento de sua carreira – absurdos 33 pontos, 7,5 rebotes e 7,0 assistências, com 59.8% de aproveitamento de quadra. Agora… Já não ouvimos isso antes? Que ele está cansado das críticas e "entrou em uma missão"? Bem, a correção dos maus hábitos (massagear a bola no perímetro e arriscar arremessos desequilibrados aparentemente impossíveis) parece para valer agora, mas uma coisa não muda: na hora do vamos ver, foi Dwyane Wade aquele que fez as cestas das apertadas vitórias contra uma concorrência duvidosa: o Charlotte Bobcats e o Minnesota Timberwolves.  

Pode sorrir, LeBron: Dwyane Wade está aqui para cuidar de sua retaguarda

sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

O campeão (quase) voltou

A cestaça de três pontos de Kevin Durant, no estouro do cronômetro, caiu feito uma bomba, sim, no banco do Dallas Mavericks. 

Para muitos, a vitória dramática do (ainda) jovem time de Oklahoma City, em casa, pode servir como um marco de passagem, de que o espetacular ala está preparado para colocar uma nova ordem no bom e velho Oeste. 

Até pode. 

Mas o VinteUm não está preparado para descartar esse Mavs, muito menos um Dirk Nowitzki ainda em formato de assassino. 

As duas piabas que os texanos tomaram nas duas primeiras rodadas causaram espanto geral. Por mais que Miami Heat e Denver Nuggets se esbocem como locomotivas para esta temporada, por mais que o elenco dos campeões, por conta das leis de mercado, tenha sofrido gravíssimas baixas e, desta forma, ainda procure uma nova química, ninguém esperava esse tipo de sangria logo de cara. Daí para concluir que, já era, o ano estava perdido, foi um pulo. 

Mas, na hora de falar sobre a NBA nesta temporada, uma regra não pode ser esquecida: VAI SER UMA DOIDEIRA, LOUCURA DANADA DOS INFERNOS. Vamos listar em breve as bizarrices das primeiras partidas do campeonato. Não há scout ou estatística que dure muito neste campeonato, porque os parâmetros inexistem, devido a fatores diversos como a longa inatividade do loucaute, tabela intensa e pouco tempo de preparação. Quem vai estar cansado? Quem está enferrujado?  Quem treinou bem nas férias prolongadas? Quem abusou do cheeseburger?

Durante a transmissão americana, Steve Kerr, cuja pontaria não se questiona, alertou para algo interessante: há equipes cujos ataques dependem muito de um ritmo próprio, de uma química que se desenvolve com repetição, treino, ação, sem investir tanto em jogadas de isolamento ou ensaiadas. Menos jogos, menos treinos? Complica. É o caso do Suns. Também o do Mavs.

Nesta quinta-feira, a equipe de Dallas lembrou, no segundo tempo, aquela inesquecível dos playoffs passados, ao menos no ataque. Dirk Nowitzki descendo com a bola cheio de confiança depois de apanhar um rebote. Jason Kidd orquestrando, rodando a bola de um lado para o outro. Jason Terry dando suas escapolidas pela direita e castigando a redinha. Shawn Marion colhendo rebotes ofensivos e pontos espíritas. Delonte West fazendo as vezes de um JJ Barea nas infiltrações (embora sem a mesma eletricidade, claro). A virada no minuto final carregava resquícios daquela aura de invencibilidade no crunch time que o time adquiriu. Até Vince Carter estava contaminado por esta assertividade, com a cesta da suposta vitória!

Mas aí Durant resolveu fazer das suas. Deu o recado. O Thunder chega com tudo nesta temporada, como o favorito, sim, ao título da conferência.  

O desempenho de Nowitzki & Cia. nesta quinta foi só um espasmo? Agora o time tem 63 partidas para reagir. É como se um quarto de temporada regular já tivesse passado, e eles ainda em busca de ritmo e de um resgate de identidade. Por alguns minutos, aconteceu. 

Antes de entregar a faixa para o espetacular Durant, é preciso derrubá-los primeiro.


Kevin Durant parte por trás do corta-luz, recebe a bola, gira, eleva e mata: os campeões que se cuidem

quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

Ciclo olímpico

Lucas e Fred Varejinho: duas promessas que precisam de desenvolvimento
Parabéns ao Flamengo, campeão da Liga de Desenvolvimento Olímpico, nesta quinta, no Tijuca. Entusiasma ver a torcida rubro-negra abraçar a, digamos, causa do basquete, mesmo em um torneio de base. O time se aproveitou do apoio desses espectadores, de mais energia e de uma marcação por pressão quadra inteira que causou estragos diante de uma organização tática equivocada por parte de Bauru, incapaz de reagir diante desse quadro (algo que, pior, já havia acontecido no segundo quarto), além da deficiência no drible de seus armadores, em especial aquele que saiu do banco, Bruno. 

Agora um breve pitaco sobre alguns dos garotos protagonistas da final. É torcer para que tenham a exigida instrução (trabalho técnico atencioso), dedicação em quadra (muita hora extra) e oportunidade (tempo de quadra no NBB, estaduais, amistosos, treinos, o que for) para se desenvolverem nos próximos anos e, quem sabe, sonhar com uma vaga na Olimpíada do Rio 2016:

- Alexandre Paranhos, ala-pivô do Flamengo, 19 anos: a grande surpresa da partida, em termos de prospecto, já que boa parte dos outros destaques já são conhecidos de NBB e outras temporadas. Afilhado (ou sobrinho?) de Leandrinho, só carrega do padrinho (tio?) o movimento antes da cobrança de lances livres, segurando a bola com a mão direita espalmada sob ela. Um jogador atlético, que sai do chão com facilidade e rapidez, ótima envergadura e um físico magro, mas largo, que lhe permitirá progredir nos próximos anos, podendo ganhar ainda mais explosão. Com um chute razoável de longa distância, força que os defensores se aproximem no perímetro, o que lhe permite a cortada com a bola dominada rumo ao aro, em um tipo de lance que foi muito eficaz nesta decisão. Apesar da observação corriqueira do comentarista, um tanto desavisada ("precisa melhorar na defesa", um mantra), foi bem na marcação em cima da bola, com uma postura adequada e braços longelíneos que impediam o avanço dos adversários. Um talento a ser desenvolvido com atenção. Seria interessante que suas habilidades de perímetro fossem ainda mais trabalhadas, e talvez pudesse já ser trabalhado na próxima temporada com os adultos, já que no atual elenco qualquer tempo de quadra parece praticamente impensável. 

Andrezão, pivô do Bauru, 21 anos: Um ou até dois anos mais velho que seus companheiros, mostrou um jogo maduro ofensivamente, com preciso chute de média distância e uma finta convincente para limparar a quadra. Batalhador nos rebotes, por vezes falhou no bloqueio defensivo, cedendo algumas novas oportunidades de ataque aos flamenguistas. Ainda carece de um trabalho especial para aprimorar o físico, especialmente para jogar alguns quilinhos fora, para ganhar em mobilidade, já que atua praticamente plantado ao chão, com poucas interferências na altura do aro. Por isso, também precisa treinar mais movimentos, evitando ser uma presa para os marcadores que vêm babando do lado contrário para lhe pregar na tabela, como ocorreu na final. Contra uma competição mais alta, forte e atlética, precisa-se de ajustes. 

- Fred "Varejinho" Duarte, ala-pivô do Flamengo, 20 anos: a sensação da equipe durante o hexagonal com números assustadores, mas um jogador que vai precisar evoluir muito para se encaixar entre os mais velhos. Seu jogo ainda é muito restrito aos arredores da cesta. Na final, teve muitas chances de chutar de média distância, mas sempre hesitou, preferindo a finta e a aproximação da tabela – o que não é má ideia, especialmente buscando uma boa angulação, mas não pode ser a única arma. Além da cabeleira, lembra Anderson Varejão por sua raça, combatividade e tino nos rebotes (4,83 ofensivos não é para qualquer um), embora muito mais baixo. Os instintos defensivos do capixaba também são iningualáveis (e isso vinha desde os tempos de base, em que o ala-pivô parecia se multiplicar em quadra).

- Gegê, armador do Flamengo (Tijuca no adulto), 20 anos: típico jogador da posição formado pela base brasielira nos últimos anos, com uma volúpia ofensiva muitas vezes incontrolável, queimando sem dó bolas de longa distância, ou mesmo chutes de dois pontos com apenas um pé dentro do perímetro interno – seu aproveitamento dos três pontos no torneio foi de pouco mais de 25%, o que não o impediu de arriscar 6,3 por partida, um exagero. De modo incoerente, possui uma boa visão de jogo, distribuindo assistências naturalmente como se fossem panfletos e o arranque necessário para pressionar a defesa adversária.

- Gui, ala do Bauru, 19 anos: são poucos os jogadores de perímetro brasileiros em atividade, de todas as idades, que dispõem da capacidade atlética como a deste jovem atleta. De impulsão e elasticidade raras, ele pode executar lances de um grau dificílimo sem muito esforço, parecendo fácil. Sua elevação o ajuda a matar arremessos de longe (41,30% de rendimento). Mas isso acaba sendo um problema também, já que Guilherme tende a se contentar sem reticências com esses chutes, sem procurar diversificar seu jogo, que causa muito mais impacto quando mais ativo e próximo da cesta. No primeiro tempo da decisão, quando não se contentou em forçar de fora e bateu para dentro, criou diversas oportunidades de cesta para os companheiros ao se desmarcar e quebrar as defesas. Um fundamento que ele deveria trabalhar, e muito, nos próximos meses é o arremesso de média distância, uma arte solenemente ignorada (mas não por um de seus companheiros – leia abaixo), precedido por um ou dois dribles frontais, aproveitando-se, novamente, de sua ótima condição física. Também precisa se movimentar mais longe da bola, em busca de melhor posicionamento ofensivo. Na defesa, tem a atitude, que é meio caminho andado. Com o tempo, deve ficar menos afoito, esperando a hora certa para o bote. 

- Lucas Avelino, armador do Bauru, 21 anos: mais uma espécie rara fisicamente, com velocidade impressionante com a bola – em algumas ocasiões, lembra o jovem Leandrinho nos tempos do mesmo Bauru quando desce a quadra de ponta a ponta e só para na hora de colocar a bandeja no quadradinhou de sofrer a falta. Tem melhorado sua bola de três pontos, mas é outro cujo repertório ofensivo se reduz ao chute de longe ou a bandeja colada ao áreo, sem o jump-shot de média distância ou o arremesso em flutuação útil para qualquer jogador da posição. Com as jogadas orquestadas de sempre, acaba exercendo a função protocolar de "ar-ma-dor", mas hoje ainda parece muito mais um finalizador disfarçado. Precisa trabalhar bem o drible, especialmente com a mão esquerda e em situações de mudança brusca de direção. 

Um sérvio para o resgate

Sem Al Horford, Franca vai de Vuk Ivanovic 
Você já ouviu isso aqui antes: que não conhecemos o jogador muito bem, blablabla, que fulano tem dois e tanto de altura, defendeu a universidade de Someland nos EUA, não é tão conhecido assim no mercado internacional... Mas que ele chega para resolver os problemas de Franca no NBB 4, disso não há dúvida.

Alguém explica a lógica nessa?

Veja o que Hélio Rubens havia dito sobre a dificuldade em entrosar Kevin Sowell e Eddie Basden ao seu grupo de veteranos: “O jogador estrangeiro não fala a língua do país, não conhece os companheiros, as características de cada um deles, os movimentos do time, tanto ofensivos, como defensivos e isso é uma coisa que leva um tempo para ser aprendido. E mesmo eles não sabendo o sistema de jogo do time, eu preciso colocá-los para jogar".

Hmm... 

Um time que vem penando justamente por seu desconjunto, com dificuldades sérias de integrar dois norte-americanos – o terceiro, Jermaine Johnson, já foi dispensado –, aposta mais fichas justamente em mais um estrangeiro?  Ok, o que perdemos aqui?

Vuk Ivanovic é a nova salvação da lavoura, um pivozão sérvio, mas que também vale como americano, já que se graduou pela BYU, a mesma universidade que já acolheu Baby, Tavernari, Luiz Felipe Lemes, Danny Ainge e o alucinado Jimmer Fredette.

A justificativa é a de sempre: "O mercado brasileiro não possui jogadores disponíveis desta posição". Bem, "sorte" a do Paulistano, que fechou com o paraguaio Guillermo Araujo, hein? O mesmo pivô que  foi observado por Hélio Rubens, ou, melhor, teria sido observado, in loco, durante a Copa América de Mar del Plata, afinal, onde afirmou que o único que o havia agradado era um certo Al Horford.  :)

Bem, agora que essa história de virada do ano melou, mesmo, para o veterano treinador. Enquanto Sowell e Basden ainda estão no meio do livro, Ivanovic ainda nem começou sua lição de casa. Nada como praticar o inglês na prática, não?

terça-feira, 20 de dezembro de 2011

Só se fala de NBA?

Bom, para os corajosos que têm frenquentado o VinteUm nas últimas semanas, deve ter sido notado o grande volume de conteúdo postado sobre a NBA, em detrimento de assuntos patrióticos. Acontece que isso vai rolar meio que de modo involuntário. A intenção não é colocar o NBB, ou a LBF, de escanteio. 

Agora vem a parte da explicação: nem tudo nessa vida é fácil, afinal. Sim, apreciamos muito o que a liga norte-americana pode oferecer. Mas o que desequilibra a balança aqui é um fator chamado HoopsHype. Já falamos dele. Você dá uma espiada nesse site diariamente, uma ou duas vezes ao dia, e pronto: está ciente de tudo o que está rolando no noticiário do basquete norte-americano, coast to coast

HoopsHype, a central de boatarias oficial da NBA, leitura obrigatória
Aqui? Bem, mesmo estando apenas a alguns quilômetros de distância de Paulistano e Pinheiros, as informações minguam, mesmo com os despachos regulares das assessorias de imprensa dos clubes. 

Agora vem a parte que você pergunta: mas para que diabos você jornalista serve?

Está aqui na descrição na coluna da direita: infelizmente não é o VinteUm que coloca o pão, o leite e nem mesmo o Yakult na cozinha. Está mais para hobby do que trabalho. Daí o alerta de que vamos mais dar pitacos atabalhoados, vamos vivendo disso. Furos dificilmente vão pintar. Não dá tempo de fazer cobertura factual de nada. 

E, se você não vai atrás da notícia, complica muito, pois não há fluxo algum de informação sobre o basquete nacional para nos contextualizar. Não se enganem: não há modalidade no país que tenha mais botecos na vizinhança. O Bala na Cesta se fixou como um farol que joga luz a longa distância. O Basketeria surgiu com esse propósito também. O blog oficial do NBB também está acima da média. Mas são veículos especializados – eles têm "cesta" e "basket" em seus títulos. Quando vamos além do nicho, é terra de cegos. 

Tirando Franca, algum time tem cobertura regular dos jornais de suas cidades? As TVs afiliadas dão algum espaço? Há setoristas que acompanhem seus treinos? Em um cenário desses, dependendos quase que exclusivamente do progresso dos sites dos clubes, que, em geral, ainda engatinham.

Franca é uma exceção: lá não dá para evitar falar de basquete,
e que essa fase braba tenha um fim na virada de ano
Nesse caso, também não estamos falando de algo que afete apenas o basquete. O vôlei (aaaaaaah, o glorioso vôlei) também tem de batalhar para conseguir seu espaço. Se forem falar com a turma dos esportes individuais, é melhor levar mais que um lenço no bolso. 

Nos EUA, não. Nos tempos de repórter do UOL, bastava abrir o Denver Post ou o finado Rocky Mountain News, o Arizona Republic, o Cleveland Plain Dealer, que muito provavelmente teríamos um destaque sobre Nenê, Leandrinho ou Anderson Varejão. Na Europa, os sites da Liga ACB e da Euroliga transbordam de conteúdo, era uma baba seguir Tiago Splitter bem de perto, continua assim com Marcelinho Huertas ou mesmo Rafael Hettsheimeir, do modesto Zaragoza. 

Daí o mea culpa. Enquanto tivermos apenas os jogos do SporTV (com uma transmissão pouco, mas muito pouco informativa, burocráticas, nas quais o narrador é ótimo, mas o comentarista tem uma nota só e os repórteres das praças chegam desavisados, sem noção alguma do que se passa na quadra e de quem são os personagens diante deles e têm de se apegar a perguntas de: "Qual sua avaliação desse primeiro tempo", "Que sufoco no final, hein, Murilo?", "Manteiguinha, 24 pontos... Ótima partida, hein?") e parcos VTs no Globo Esporte, em geral dedicados a gracinhas que tentem não expulsar o "grande público" do canal, e só, a NBA aparece como uma válvula de escape confortável (e atraente). 

Só hoje, numa zapeada pela central oficial de fofocas da NBA, havia no mínimo tries matérias instigantes, profundas, inteligentes que valeriam comentários aqui. Duas seguem abaixo, enquanto a terceira foi promovida e vai merecer seu post próprio, mesmo:

- Sobre como Brook Lopez pode ter 2,13 m de altura, fazer 20 pontos por jogo, mas pegar menos rebotes que LeBron James, que fica zanzando pelo perímetro boa parte de seu tempo em quadra: "Era um monte de coisas, mas, primeiro de tudo, eu estava sendo preguiçoso", disse o talentoso pivô do Nets, ao Newark Star-Ledger

Vai pro rebote, Brook! Pivô coletou apenas 6,0 por jogo na temporada passada, contra 7,5 de LeBron
- Sobre o que se passa na cabeça de Mo Williams num momento desses em que o Clippers não só contratou Chris Paul, como trouxe Chauncey Billups para casa também: "Obviamente, cara, seu orgulho fica ferido. Mas uma vez que você supere essa parte do orgulho, se você começa a olhar apenas sob o aspecto do basquete... Todo mundo sabe que eu quero vencer. Todo mundo sabe que foram boas negociacões para a cidade de Los Angeles e para o clube. Então, tirando meu orgulho, era só uma questão de eu superar isso", disse o armador ao Los Angeles Times.

Para opinar, é preciso se informar antes. 

Deu a louca em L.A.

Por alguns instantes, Chris Paul foi de Kobe Bryant (cliquem na
foto para ampliá-la e ver a cara do sujeito). Mas David Stern não quis
Por uma noite... Quem mandou em Los Angeles foi o Clippers. 

Foi só um jogo de pré-temporada. Isso nem sempre conta – no ano passado, o melhor time desta fase foi o Cleveland Cavaliers, e isso parece mais que foi uma maldade dos deuses do basquete aprontaram para cima dos órfãos de LeBron James. 

Mas... Bem... no confronto do Clippers pobre com o todo poderoso Lakers, a vitória do primo pobre foi de 114 a 95. Que paulada!

O climão em Hollywood era todo deles, depois que fecharam a contratação de Chris Paul, justamente o principal alvo de seus vizinhos para a temporada, alguém que estava quase-que-assegurado-até-David-Stern-jogar-a-NBA-na-lama. 

Acabou que Chris Paul fez seu primeiro jogo de camisa vermelha nesta segunda-feira, no Staples Center, e somou 19 pontos, nove assistências, sete rebotes e cinco roubos de bola. Em 24 minutos! Afe. Ao seu lado, o outro estreante de destaque da noite, Chauncey Billups, também foi magnífico, com 23 pontos em 20 minutos, acertando quatro tiros de três pontos. Melhor? Quae imposível. Só faltou o Blake Griffin entrar na festa. Com muitas faltas, o ala-pivô monstruoso somou 12 pontos e sete rebotes.

De uma só tacada, o Clippers ganhou dois líderes em quadra: Mr. Big Shot e CP3
Do lado do Lakers, Kobe (22 pontos e sete erros), Gasol (16 pontos e sete rebotes, o único do time a ter um saldo positivo de cestas na partida com +1) e Bynum (15 pontos e 12 rebotes, mas com rendimento de 5/11 tanto em arremessos de quadra como lances livres) jogaram todos 30 minutos, então não é que o técnico Mike Brown tenha medido esforços. 

Aliás, além do ressentimento de não ter Paul em seu elenco e de, em pânico, ter sacrificado Lamar Odom em nome de não sei o quê, o maior desafio da equipe nesta temporada é a mudança drástica de comando. Brown foi um técnico competente em Cleveland, mas os métodos de trabalho de Phil Jackson, que dirigiu essa base por pelo menos cinco anos, são únicos na liga. Não se resumem apenas ao sistema de triângulos (coisa que a equipe mal usou na temporada passada), abrangendo também os pequenos detalhes do dia-a-dia: um bate-papo de canto com Steve Blake, um time de scouts bem detalhista e experiente, um sopapo em Gasol em praça pública, a confiança plena de Kobe Bryant e por aí vamos. 

De novo: foi só um amistoso. Não quer dizer que o Lakers está eliminado dos playoffs e o Clippers ganhou o título. 

Mas, por uma noite, o jogo virou, confirmando previsões alarmistas dos desesperados torcedores da grande potência da NBA e a expectativa de um ano de Cinderela para os Clips. 

O Lakers vai precisar de mais atos heróicos de Kobe para se safar na temporada?
O que eles disseram depois do jogo:

- Chauncey Billups: "O potencial é norme. A chave é chegar a um ponto em que você possa realizar esse potencial e sustentá-lo em algo como 80% do jogo por noite. Mas tivemos nossos momentos lá fora. Você conseguia sentir o potencial. Você viu esta noite".

- Chris Paul: "Eu me senti como um calouro de novo".

- Vinny Del Negro, técnico do Clips: "Seria fácil para nós ficarmos sentados e dizer: 'Ok, vamos construir esse time', mas quando você tem a oportunidade de contratar um cara como Chris ou Chauncey, eu assumo a responsabilidade. Vamos ter problemas algumas vezes, vamos ter alguns tropeços no caminho, mas acho que a vida é muito curta. Vamos ver o que podemos fazer".

- Kobe Bryant: "Estou sempre preocupado indo para uma pré-temporada, ainda mais agora que temos um novo sistema e muitos jogadores novos. Mas nós temos também a vontade de levar isso adiante, e gosto das peças que temos, então há muito espaço para melhorar".

segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

Detlef Schrempf


O alemão se vira como pode contra um Dennis Rodman
Uma das atrações do festival Lollapalooza que vem a São Paulo em 2012 é a Band of Horses, um grupo originado em Seattle, mas cujo som não emprega nenhuma referência do som grunge que fixou a cidade no mapa da indústria musical nos anos 90. 

Um grande companheiro já tinha todos os discos deles antes mesmo de o antenado aqui tomar conta do que se tratava, o que, neste caso, acontece com tanta frequência como um disparo de três pontos de JR Smith. Disse que  são sensacionais, que valia muito conferi-los, e por que não? Toca download para se inteirar. 

De 2007, o segundo álbum dessa banda de cavalos é intitulado "Cease to Begin", que chegou a ocupar o posto de número 35 nas paradas dos Estados Unidos (e 18 na Noruega!). Esse disco originou dois singles: o primeiro foi "Is There a Gost" e o segundo, "No One's Gonna Love You" (o que não é verdade). Mas para o VinteUm o que interessa mesmo é a quarta faixa: "Detlef Schrempf".

Um nome que sempre me impressionou. É raro até mesmo para os germânicos. Imagine, então, naqueles tempos, início da década, quando a NBA começava a se abrir para o resto do mundo e emendávamos as noites de sexta-feira – depois tardes de sábado – com Álvaro José, Sílvia Vinhas, Cléo Brandão (opa!) etc. na, então, TV Bandeirante... Eram poucos estrangeiros inscritos na liga, e Schrempf realmente se tornava algo único. 

Neste grupo de forasteiros reduzido, Schrempf fazia parte de um time ainda mais seleto, o de gringos que realmente faziam a diferença em quadra – infelizmente, não podemos incluir o venezuelano Carl Herrera aqui. Já como titular do Seattle Supersonics, o alemão era candidato ao All-Star Game, depois de ter sido trocado por Dallas Mavericks (Don't mess with Texas, my friends! Lá, antes de Dirk, já houve um alemão gigante e gatilhaço, vejam só) e Indiana Pacers. 

Schrempf e um quase irreconhecível jovem Dirk Nowitzki em 1999. Foto histórica, hein?
Com seu corte de cabelo típico de militares, mas, ao mesmo tempo, com um quê de Billy Idol ou Blade Runner, sabíamos que ele era diferente, mesmo que não fosse lá muito simpático. Seu jogo era pautado por eficiência. De 1988 a 1999, suas médias alternaram entre 14,8 pontos por partida a 19,2, obtidos em 1994-95. Seu aproveitamento na linha de três pontos foi de 38,4% na carreira, o que era uma novidade para a liga, então, já que homens de seu tamanho supostamente não podiam arremessar de longa distância – era algo inconcebível. 

A letra de "Detlef Schrempf" não faz menções diretas ao ala alemão, imagino. Nem mesmo subliminares? A não ser que o primeiro verso tocasse de alguma maneira sobre os dias que antecederam sua negociação para o Portland Jail Blazers, no qual Schrempf se viu cercado por uma porção de maníacos ("E dê uma caminhada curta quando o pior está por vir"). A evocação do alemão deve se tratar apenas de uma homenagem aos bons tempos, ou apenas uma piada interna da banda. Vai saber. 

Em 2010, a "Band of Horses" lançou seu disco com maior sucesso comercial, "Infinite Arms", que chegou ao número sete nas paradas americanas e, pouco surpreendente, fez um estrago nos países nórdicos: foi o vice-líder na Noruega, quarto na Dinamarca e quinto na Suécia. E na Alemanha? Só 88. Faltou uma "Dirk Nowitzki", na certa.  

Seguem a música e, logo abaixo, a letra:


And take a little walk when the worst is to come 
When I saw you looking like I never thought
And say you're at a loss or forgot that words can do more than harm 

The town is gonna talk, but these people do not 
See things through to the very minimal
But what's it gonna cost to be gone?
If we see you like I hoped we never would 

When eyes can't look at you any other way,
Any other way, any other way
When eyes can't look at you any other way,
Any other way, any other way 

So take it as a song or a lesson to learn
And sometime soon be better than you were
If you say you're gonna go, then be careful
And watch how you treat every living soul  

My eyes can't look at you any other way,
Any other way, any other way 
When eyes can't look at you any other way,
Any other way, any other way


Tudo retrô, e o visual de replicante

sábado, 17 de dezembro de 2011

O terror dos grandalhões voltou

Na rodada de abertura da pré-temporada da NBA (louvado seja o nosso senhor!), a melhor notícia foi a boa participação de Anderson Varejão pelo Cleveland Cavaliers em vitória sobre o Detroit Pistons. Deixem que os sofridos fãs dessa franquia celebrem a participação dos novatos Kyrie Irving e Tristan Thompson (que são o futuro do clube, naturalmente). Nós aqui nos trópicos nos aliviamos em ver o capixaba em ação, aparentemente sem sofrer nenhuma sequela da séria lesão e cirurgia no tornozelo direito, algo que seria grave para o seu jogo. 

No Twitter, Sam Amico, da Sports Illustrated: "Andy (hehehe) Varejão acabou de roubar a bola de um armador e fez a assistência para uma bandeja de Antawn Jamison. Razão número 217 sobre por que o Cavs está empolgado com o retorno do Wild Thing". Jason Lloyd, do Akron Beacon Journal: "O Cavs realmente sentiu a falta de Varejão no ano passado. Vê-lo jogar agora só me lembra o quanto".

Varejão é um terror defensivo, com sua agilidade, instinto, inteligência e garra.

Em algum ponto entre Minas Gerais e Córdoba, Rubén Magnano sorri.

E ele ainda vai fazer seus pontinhos debaixo da tabela

Foi de 3

É chover no molhado, mas parece que chove e não molha. 

Entende?

O Bala na Cesta fala, o Basquete Brasil fala, o Rebote falava, o Wlamir de vez em quando fala, e o VinteUm não vai parar de falar: por que tantas bolas de três pontos, meu-deus-do-céu???

Foi por isso que, quando lançamos o blog, pensamos na tag "foi de 3", que está perdida no amontoado aqui ao lado. Porque é inevitável. 

Na quinta-feira, com o Paulistano tendo uma vantagem de cinco pontos de vantagem sobre o Minas a pouco mais de um minuto para o fim, a jovem equipe anfitriã inexplicavelmente arriscou uma bola de três de frente para a cesta, contestada (não lembro o jogador). O erro abriu perigosamente uma brecha para Minas voltar ao jogo.

Neste sábado, foi a vez de Jefferson William, com o placar sob controle para São José, chutar da zona morta na linha dos três pontos, sem a menor necessidade, fora de casa contra Franca. Pior: com a defesa francana toda esburacada. No geral, os times lançaram 49 bolas de fora, tendo convertido apenas 14 delas (sete para cada lado), na casa pífia de 28 a 29%.

No sábado passado, Fernando Fischer entrou em quadra transtornado com a iminência de converter a bola de número 300 dos três pontos. Uma marca expressiva? Com base em qual referência? De todo modo, esse objetivo foi colocado diante do arremessador, que forçou uma série de chutes de longa distância no primeiro tempo – atrapalhando seu próprio rendimento, já que, à medida que a "bolinha" não caía, perdeu confiança e errou até mesmo chutes de média distância desequilibrados.

O VinteUm não vai questionar a habilidade de atirador de Fischer, de modo algum, embora lamente que o jogador não procure diversificar seu jogo ofensivo. Não há dúvida de que Jefferson é um grande talento, vive uma bela fase, e que, para um atleta da sua altura, esse tipo de lance acrescenta uma dimensão muito rica ao seu jogo – o problema em seu caso e no de Douglas Nunes, outro atleta que segue seu molde, é virar refém quase que exclusivamente do chute de três.

No Brasil, ainda se chuta de três como se não houvesse amanhã. 



The book is NOT on the table

Eddie Baden tenta criar alguma coisa pela equipe de Franca
Feliz Natal? Bom ano novo?

Hmm... Para Franca?

Nem tanto. Tá feia a coisa no Pedrocão.

Neste sábado, as mazelas da equipe de Hélio Rubens foram reveladas em rede nacional, pela TV fechada, que seja. Um time desconjuntado, cheio de panes na defesa, concedendo uma penca de bandejas debaixo do aro. Do outro lado, um ataque igualmente desorientado, dependendo da iniciativa individual de seus jogadores, mas com muita gente batendo cabeça.

Para explicar esse pesadelo por que passam os vice-campeões do NBB, não precisa ir muito além do fiasco que foi a participação do clube no mercado, com contratações atrasadas e equivocadas, especialmente no caso do trio de americanos Kevin Sowell, Eddie Basden e Jermaine Johnson. 

Um aparte: não que eles sejam necessariamente Os Culpados. Afinal, alguém avaliou os DVDs antes de assinar com a turma toda. Alguém também demorou, muito, para definir os reforços e aprontá-los para colocar em quadra. 

Dizer agora que os três não sabem nem metade do livro de jogadas da equipe explica a bagunça que assola o time, mas também sublinha, antes de tudo, uma falha indesculpável no planejamento do grupo. Você não pode esperar que três estrangeiros, sem contato algum com o basquete brasileiro, cheguem de paraquedas em meio ao campeonato e resolvam a parada. 

Pelo que vimos contra o São José, tá muito mais para problema do que solução. As falhas de comunicação entre os veteranos restantes da dissipada espinha francana e os novos jogadores são gritantes. São José abusou de cortes em backdoor. Em um pedido de tempo, Basden teve de tomar a caneta da mão de Rubens para tentar tirar uma dúvida sobre o que ele deveria fazer no caso de uma defesa quebrada: se saía na ajuda, ou se ficava em casa marcando o seu, se... E gasta-se o inglês no banco em um curto pedido de tempo (clique aqui para ler um comentário espirituoso do professor Paulo Murilo a respeito). 

Em termos individuais, há o que se questionar também nessa tropa:

- Kevin Sowell prontamente se colocou entre os cestinhas da liga – neste ponto, seu DVD não mentia... Um jogador explosivo, criativo no drible, com uma capacidade atlética acima da média do que vemos aqui entre os baixinhos. Mas pode ser um pouco selvagem com a bola e algumas de suas investidas estão mais para um peladeiro, e a impressão que fica á de que o que ele produz no ataque acaba sendo devolvido na defesa: ele foi a grande presa dos backdoors sãojoeenses.  

- Eddie Baden tem campanhas em ligas eimportantes em seu currículo e teve seus lampejos neste sábado – 18 pontos, nove rebotes e seis roubos de bola. Por outro lado, não agrada nem um pouco sua postura corporal, caminhando, se arrastando em quadra muitas vezes, reclamando de seus companheiros ("wake up, maaaaan", disse pra Drudi em um pedido de tempo). Tipo: "A minha parte eu fiz, me incluam fora dessa". Parte disso pode se explicar pelo desentrosamento, mas dedicação e aplicação em quandra independem de qualquer contexto.

- Jermaine Johnson: muito pesado e baixo, não vai conseguir encarar um jogador como Murilo de maneira alguma no mano-a-mano, e os problemas de estatura de Franca perduram. Não adianta aqui também lamentar a saída de Baby, por razões óbvias. 

O placar final foi de 87 a 76, embora Franca estivesse a sete pontos, com dois lances livres a seu favor, com um minuto no cronômetro.

Agora, a avaliação aqui no QG do VinteUm é a de que isso diz mais a respeito de São José do que de uma suposta reação francana na competição. A oscilação das equipes nacionais chega a ser algo doentio. Se a equipe do Vale do Paraíba tivesse uma jornada um pouco mais consistente, não precisaria esperar até o finalzinho para definir sua vitória. 

O time só deslanchou de vez no placar no quarto período quando o americano Andre Laws e o espanhol Alvaro Calvo abaixaram a poeira e partiram para a cesta com mais frequência, se aproveitando da anêmica defesa interior de seu oponenter. De dois em dois pontos – ou de um e um ponto, como no caso do espanhol, que, agressivo, bateu 11 lances livres – a galinha encheu o papo. Ou seja: nem sempre os estrangeiros são o problema.

I wish you Merry Xmas

Na quadra. Franca vai ter de trabalhar muito, com humildade, paciência e eficácia se quiser virar o jogo.

Johnson, ainda menor ao lado do veterano gigante Paulão
* * *

Agora outros pontos:

- Em 30 minutos, o pivô Murilo arremessou para apenas 16 pontos na partida, dos quais converteu 15. Isso quer dizer um aproveitamento de 94%. Fantástico, não? Agora... Como explicar que ele tenha chutado apenas cinco arremessos de quadra (dos quais converteu os cinco)? Mesmo atrapalhado pelo acúmulo de faltas, era disparado o jogador mais eficiente na partida. Nenhum time pode viver de uma nota só, óbvio. Mas um atleta desse porte precisa ser municiado muito mais vezes. 

- O que se passa com o armador Fernando Penna? Não é nem sombra daquele armador que controlou temporadas animadoras do Paulistano dois, ou três anos atrás. Ele não vem conseguindo controlar o ritmo de jogo de sua equpe, e Helinho fica sobrecarregado, vendo seu rendimento também abaixar. Sowell não está habilitado a conduzir a bola, o que é um problema grave na composição do time. 

- Agora o mais alarmante: o que acontece com a base de Franca? Qual foi o útimo jogador a subir das divisões menores do clube mais tradicional do país para ser aproveitado para valer no elenco? Tem gente que diz que Hélio Rubens não tem mais paciência para trabalhar com garotos. Que muitos deles acabam subindo para o adulto em outras praças, por isso. Felipe Taddei sofreu uma lesão infortunadamente, mas ele era o único jogador desenvolvido na cidade capaz de jogar pela equipe? 

quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

O outro lado

Todos amavam Eric Gordon em Los Angeles. Todos vão amar Eric Gordon agora em Nova Orleans?
Durante o lo(u)caute – tentamos, tentamos, mas acabamos meio que sempre voltando a mencioná-lo, ainda que morto –, era comum a chiadeira de quem olhava de fora para os jogadores, comprando a briga dos proprietários dos clubes: são uns milionários, que ganham o maior salário do esporte mundial, fazem o que gostam e ainda reclamam???

É um questionamento reacionário, que, todavia, até encontra seu quinhão de razão, especialmente quando consideramos casos de jogadores como o francês Boris Diaw, que, uma vez garantido seu megacontrato milionário que garantiu a vida de gerações de sua família, passou viver com uma dieta especial de Big Macs. 

Por outro lado, nunca se pode perder o aspecto "business" da coisa, especialmente na NBA. 

Peguemos o ala Eric Gordon. Um dos prediletos da torcida do Clippers, dos técnicos e dos jornalistas. Até onde se dá conta, um jogador tímido, até mesmo um pouco retraído, mas simpático, dedicado, profissional, um exemplo que qualquer franquia gostaria de estampar em um cartaz. 

O mesmo Gordon que recebeu a ligação nesta quarta-feira avisando de que era melhor voltar para casa e arrumar as malas, pois seu destino no dia seguinte seria Nova Orleans, a centenas de quilômetros de Hollywood. 

Pior: o ala estava participando de um evento promocional do clube. Havia acabado de deixar um hospital. Durante a viagem de volta  em um micro-ônibus, acompanhado de alguns companheiros de equipe, treinadores e, aiaiai, três ou quatro 'sócio-torcedores', espectadores donos de carnês para acompanhar todas as partidas da temporada. Imagine o carão desses convidados quando a notícia chegou até o veículo? Imagine o carão do jogador?

Gordon saiu do ônibus de cabeça baixa e evitou o contato imediato com os fãs. Conversou com os treinadores e parceiros de canto. E foi para a última atividade de marketing do dia. Deu autógrafos, tirou fotos e se comprtou como se nada tivesse acontecido. 

Agora ele tem a missão de substituir Chris Paul no combalido Hornets. Não interessam seus interesses, seus planos. O quanto se dava bem em sua equipe, o quanto sua carreira parecia acertada.

Vai ter de agir com o mesmo profissionalismo. 

Talento x produção

Daniel Alemão x Morro: dois casos de talentos subvalorizados e subaproveitados
O VinteUm reclama do campeonato até agora. Foi criado, em algum lugar, o discurso de que era um novo campeonato, que o esporte estaria dando a volta por cima, que seria outro mundo se comparado ao que tivemos anos atreas, mas a opinião sincera é de que a revolução não parece tão intensa assim. As coisas mudaram? Claro. Só que não tanto como se propagandeia ou acredita.

E quer saber? Não acho que os jogadores tenham parte nisso. Se tiverem, é uma parcela muito pequena – talvez pudessem estudar por conta própria, passar mais tempo no ginásio arremessando lances livres com os olhos vendados, seja o que for. Mas, não, não acho que estejam tão envolvidos assim na qualidade das peladas, embora isso possa parecer um contra-senso, já que são eles, afinal de contas, os executores. 

Faça o seguinte: pegue um confronto como Minas x Limeira na semana passada, em BH: havia uma quantidade abundante de talento em quadra. Porque, na verdade, há uma quantidade abundante de talento natural em quadra. 

Os mais cínicos, habituados a comparações com Kobe Bryants e Tim Duncans, podem engasgar na hora de falar de atletas nacionais. O problema, porém, é também a subdivisão interna que se faz predominante, separando aqueles considerados 'selecionáveis' (por quem e com qual interesse?) de jogadores menos laureados. Na hora da convocação, muitos páraquedistas tossem quando esses nomes sem o carimbo CBB são apresentados: mão-de-pau!, Magnano pirou!, esse aí não ganha nem o 21 (tcha-ram!) lá no clube do bairro!

Agora... Quanto tempo levou para um Olivinha ser reconhecido pelo formdiável jogador que é? Certo que ele evoluiu de modo considerável dois ou três anos atrás. Mas os atributos físicos e técnicos e a dedicação sempre estiveram ali, aguardando uma observação mais atenciosa. E quanto tempo levou? Muuuito tempo. 

O pivô Morro, desde os tempos de São Caetano, fez o técnico Bob Donewald (atual comandante da seleção chinesa) salivar quando assumiu sua preparação para o draft da NBA, ao lado de Marquinhos. Enfornado nos ginásios do Pinheiros, ele trabalhou seu corpo e seu jogo (fazia exercícios de dribles, apsse e arremesso sem parar, todo santo dia): ambos cresceram consideravelmente, ampliando suas qualidades básicas: a capacidade de proteger o aro, o chute e algumas jogadas incomuns para alguém de seu tamanho. Precisou de um título de campeão paulista para ser reconhecido?

Voltemos ao Minas x Limeira. 

Você pega um jogador como o pivô Daniel Alemão, aquele que chegou a abandonar o basquete e por algum milagre foi resgatado. Ninguém vai dizer que está diante de um Tiago Splitter ou Nenê. Mas estamos dispostos a parar e gastar alguns minutos para entender o quanto ele pode oferecer para a equipe de Demétrius, ainda mais como um dos poucos pivôs de ofício de sua equipe? O quão atlético é o jogador, com um timing de rebote ótimo e a facilidade que tem para se deslocar no jogo de pick-and-roll cortando para a cesta. E mais: ele ainda tem uma mira confiável no chute de média distância. 

É um jogador perfeito? E quem está pedindo isso?

No mesmo time, outro caso de um atleta pouco mencionado, mas cujos atributos físicos não podem ser ignorados: o armador Neto. Existe algum jogador mais leve ao avançar com a bola 'dominada'? As passadas do cabeludo parecem nem tocar na quadra. Sua estatura também é ótima para a posição. Talvez falte mais confiança em se arriscar com a mão direita. Mas será que não falta um voto de confiança maior, aliás? Como aconteceu com Eric Tatu no penúltimo título paulista? Quando se viu com um papel de protagonista, o Tatuzinho se agigantou e foi talvez o grande diferencial daquela equipe. Antes, como acontece agora, aliás, passava muitos minutos no banco de reservas.

A lista vai longe, e dos meninos do Minas falamos mais tarde. Ainda em Limeira, temos o ala Jhonatan, que, desde que se transferiu do Paulistano para a Espanha e regressou ao país, não é cogitado por uma alma viva como uma opção de defensor atlético para a Seleção e não recebeu uma chance sequer. Calma: nem todos cabem num elenco de Pré-Olímpico, ou de Pan-Americano. No fim, são sempre apenas 12 vagas, e Magnano também não pode pré-convocar 75 atletas. 

Mas o ponto aqui é cobrar um trabalho mais atencioso com uma porção desses jogadores, seja por parte dos homens responsáveis pelas listas finais ou por seus orientadores no dia-a-dia. Não precisa ter um carimbo de CBB para que sejam considerados bons, o basquete brasileiro não pode viver apenas de uma panela, ou de Liga ACB, ou de NBA. Ainda não estão completamente formados também. É importante apenas ajudá-los a melhorar em alguns fundamentos, a minimizar falhas. Mão-de-obra não falta. 

Está faltando, então, o quê?

Atrás do rabo

Isso, Shamell, vamos respirar um pouco. 1, 2, 3: respiiiira...
Hoje o NBB volta a passar na TV, embora a vontade seja mesmo de ir ao ginásio aqui em São Paulo para assistir o grande (esperamos) duelo entre Pinheiros e Brasília, ou mesmo ao duelo entre os jovens promissores de Paulistano e Minas. Ainda bate uma dúvida. Com a chuvarada que caiu na quarta-feira e a promessa de mais temporal para esta quinta, porém, o bom senso pede que não se arrisque. 

Sempre muito melhor ver qualquer esporte ao vivo, especialmente o atletismo, talvez com a exceção da Fórmula 1 pela barulheira e a falta de informação como um todo – no circuito, ficamos cegos, sem saber o que corre lá na outra ponta do circuito. Numa quadra de basquete, porém, a visão periférica dá conta de tudo. Tudo mesmo, o que, neste NBB, nem sempre deva merecer apreciação, dada a quantidade superior de peladas que temos visto. 

A ressalva foi feita na descrição aqui ao lado, na coluna da direita, mas podemos sublinhar: este espaço está limitado a observações e comentários de um atrevido, que não tem curso de técnico, nem nada, mas, ainda assim, não se sente nem um pouco incomodado em dar seus pitacos. 

E o pitaco, desabafo do VinteUm aponta para uma...  Hmmmm... Como colocar?.... Digamos, para uma falta de sensibilidade (orientação) brutal de nossos times, desde os mais bem ranqueados aos da parte inferior da tabela. Perigoso generalizar, pode apertar o calo geral do Brasil, Este começo de campeonato, pelos jogos transmitidos pelo grande parceiro da liga, tem apresentado um basquete muito bagunçado, uma correria abestalhada de quem parece que não quer chegar a lugar algum. 

Os jogos não têm ritmo. Ok, não precisa colocar ninguém pra nanar, mas também não precisa assustar as criancinhas na sala. Há muitos erros bobos, que nem sempre são computados nas estatísticas, muitos arremessos precipitados, muita gente ainda que aposta em demasia nos tiros de três pontos – sem entender que são raros os David Jacksons que converte na casa de 70%. Um rendimento absurdo, parabéns para o norte-americano, que tem um arremesso lindo de fato, mas que escancara a deficiência de nossa marcação, porque é impossível, mas IM-POS-SI-VEL mesmo alguém sustentar um arremesso nesse nível durante a temporada, especialmente alguém que você sabe que vai chutar sem dó de fora.  

(Aliás, sem se dar ao trabalho de pinçarmos os números jogo a jogo, falar das defesas nacionais pode ser uma tortura. Reparem nos percentuais dos times. As bolas de dois pontos sempre superior a 50% de aproveitamento e, em alguns casos, as bolas de fora também! Por favor: Federico Kammerichs – vamos falar dele, promessa é dívida, mais para a frente, dando mais jogos para termos uma base ólida de avaliação – virou um cestinha mortal no Brasil. Defesa acaba sendo outra história.)

É um caso sério. Nem mesmo uma equipe como Limeira, que tem quatro armadores decentes em seu elenco e por vezes usa três deles em quadra para satisfação do professor Paulo Murilo, consegue controlar uma partida. 

Vemos uma gangorra no placar de quarto para quarto. Vantagens de dígito duplo abertas – e desperdiçadas – com muita facilidade. Celebra-se o equilíbrio da competição, com jogos sempre decididos no estouro do cronômetro, e isso até que faz bem para a transmissão de uma partida, para o torcedor que está se esgoelando no ginásio, "para o espetáculo". Mas não deve se sobrepor ao jogo inconsequente muitas vezes praticado. 

quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

Agora o próximo passo é...

Vai uma ponte aérea de Chris Paul para Blake Griffin, aí, Kobe?


Bem, agora que David Stern conseguiu a troca que queria, chegou a hora de repassar o Hornets ao próximo bilionário que se apresentar nos escritórios da avenida Madison. Ficou bem evidente que uma liga não pode controlar um clube, é algo eticamente inaceitável. 

Em termos de basquete, o comissário conseguiu um bom pacote para a reconstrução do elenco, é preciso admitir: os alas Eric Gordon e Al-Farouq Aminu, o pivô Chris Kaman e uma escolha de draft do Minnesota Timberwolves. São três peças ótimas para o futuro e o grandalhão amigo de Nowitzki que pode ou ajudar agora, ou ser transformado em mais uma peça de reformulação. 

Para o técnico Monty Williams, talvez não seja muito animador. A primeira proposta vetada por Stern, que lhe daria Goran Dragic, Kevin Martin, Lamar Odom e Luis Scola, lhe renderia um time pronto, formado, nos cascos para brigar pelos playoffs. Agora a figura muda. Gordon é um cestinha muito promissor, Kaman ainda pode cumprir um papel decente no garrafão... Mas é pouco. Parecem destinados a concorrer na loteria de 2012.

E o que mais? Fica difícil dizer o quanto a tática linha-dura de Stern foi eficiente, sem sabermos exatametne qual era a oferta inicial do Clippers (os relatos foram bem conflitantes a respeito). Também daria para especular que o chefão da liga teria autorizado o negócio dessa vez só para se livrar de mais um escândalo em sua gestão.

Fazer qualquer exercício em cima dos atuais elencos de Clippers e Hornets para avaliar o impacto dessa megatroca seria algo precoce demais. É muito provável que suas diretorias (Stern ou Dell Demps por Nova Orleans?  e agora?) se envolvam em mais negociações para equilibrarem as equipes. 

O (ex-?)primo pobre de LA tem agora Chris Paul, Chauncey Billups, Eric Bledsoe e Maurice Williams encavalados, sem falar em Randy Foye, de quem ainda o VinteUm não desistiu. :)

Uma duplina aos moldes de Barea-Kidd pode ser muito bem composta por CP3 e Billups. Bledsoe também entraria nessa dança. Então o palpite aqui é que... Bem, espero que Mo tenha aproveitado seu tempo no Blake Show. Ele seria a moeda de troca mais óbvia para o GM Neal Oshley (e quem tem saudade de Mike Dunleavy Sr.???) tentar descolar algum reserva para Griffin e DeAndre Jordan. 

A ironia: um pouco mais cedo, o Lakers anunciou a contratação do ala-pivô Josh McRoberts para a vaga de Lamar Odom. Nas capas de amanhã, não vai virar nem anedota. Imagina o Kobe Bryant numa hora dessas... 

Ainda há muitas cartas para caírem na mesa, e faltam apenas 11 dias para a abertura da temporada da NBA. Vai ser um deus-nos-acuda até lá, e a gente gosta. 

O fantástico mundo de Ron Artest - Dente de leite

Antes da criação do VinteUm, um projeto mais modesto, mas seguramente mais divertido era criar um blog todo voltado ao ala Ron Artest, do Los Angeles Lakers. 

Como já mencionado neste espaço, a leitura do site HoopsHype é obrigatória para qualquer fã de basquete, devido ao acúmulo absurdo de informação oferecido diariamente, com tweets e declarações dos jogadores, jornalistas, dirigentes e trechos de reportagem do mundo todo. As novelas das negociações de LeBron James e Carmelo Anthony foram certamente as líderes em manchetes nos últimos anos desse site agregador de conteúdo. Afinal, é o tipo de assunto que rende boato, respostas a boato e os boatos que, então, brotam desse processo. 
Mas há também um personagem que dia sim, dia não vai estar presente por lá, geralmente no pé dos boletins de rumores, puxando a fila dos faits divers. Ron Artest, senhoras e senhores. 
Sucessor natural de Dennis Rodman na prática do lunatismo – embora com personalidades e natureza completamente diferentes, num mano-a-mano que deve ser explorado em uma ocasião futura  –, Ron-Ron vai ganhar o seu próprio quadro aqui. Nos tempos em que a ordem é racionar na vida em sustentabilidade, o jogador não nos priva de sua condição de fonte de humor inesgotável.

Agora chega de introdução:

Ron Artest estreia como Metta World Peace pelo Lakers
Foi assim: uma repórter do LA Times perguntou, depois de um treino nesta terça-feira, para o Ron Artest se os novatos do Lakes o estavam chamando de "Metta" e se os veteranos do clube, de "Ron". No que ele respondeu: "Bem, apenas fico feliz que Jesus Cristo... Hm.... Não permitiu que eu perdesse meus dentes aos 20 anos de idade. Porque eu estava pensando, tipo, e se você mantivesse seus dentes de leite até os 18, 20 e então os perdesse? Ia ficar muito feio. Então, apenas acho que ele é brilhante ao fazer com quem você perca seus dentes quando é uma criança em vez de perdê-los quando você tem, tipo, 30, 20. Isso não tem nada a ver com sua pergunta, mas isso estava na minha cabeça definitivamente".

Continuando:  "Eu estava... Hm... apenas pensando nisso. E eu tava, tipo: 'Uau, e se eu perdesse meus dentes, tipo, hoje? E tenho 32 anos'. Saca? E então meus dentes iriam crescer de novo. Saca? Estava meio que pensando nisso e isso é meio que brilhante. Ele (Jesus, pra quem se perdeu até aqui) de fato pensou na imagem das pessoas e, tá ligado, na aparência, coisas do tipo. Porque você ficaria bem feio sem dentes numa idade de 20, 18, saca? Então, não só ele criou o mundo em sete dias, sete noites, como ele também disse: ' Tá, deixem eles perderem os dentes cedo, em vez de tarde'".

E ponto!