No País Basco espanhol, para sair de Bilbao rumo a Vitoria, a distância é de apenas 50 km, numa direção sudeste. Antes de se transferir para o Barcelona, Marcelinho Huertas atuou nos dois lugares. Em 2007-2008, no clube que leva o nome da primeira cidade. De 2009 a julho deste ano, pelo Caja Laboral. Mas o jogo do armador da Seleção não poderia estar mais distante nessas duas passagens.
O Bilbao era um time mais modesto. Entre seus companheiros, os nomes a se destacar eram o veterano ala Quincy Lewis, que já dividiu a quadra com John Stockton e Karl Malone em Utah, o pivô croata Marko Banic, o pivô sério Mile Ilic e o grandalhão francês Frederic Weis, aquele do Vince Carter em Sydney-2000, o mesmo que foi selecionado no draft deste ano pelo New York Knicks uma posição antes de Ron Artest, ídolo dos playgrounds locais. Pouco. Pois Huertas precisou jogar como um dínamo nesta temporada e carregou a equipe nas costas até os playoffs da Liga ACB, tendo até mesmo liderado a competição no início da fase regular. Foi o cestinha do time, com14,5 pontos por jogo, o líder em assistências (4,1) e roubos de bola (1,7). Era o protagonista, como nos tempos de Paulistano.
Foi o ano de seu grande salto na carreira, depois de ser ofuscado por Ricky Rubio em Badalona. A partir daí, Huertas chegou ao primeiro escalão europeu. Jogou pelo Climamio Bologna, na última temporada do prestigiado clube italiano, que acabou quebrado financeiramente. Até fechar com o Baskonia.
Em uma campanha rumo ao título nacional de 2010, ele encontrou uma situação distinta em Vitoria, integrando um elenco no qual o campeão olímpico como Walter Herrmann era mero coadjuvante de Tiago Splitter, o MVP do campeonato, Mirza Teletovic, um exímio chutador de três pontos, e Fernando San Emeterio, daqueles que faz um pouco de tudo em quadra. Seu papel, então, era outro, de condutor, com a incumbência de fazer a engrenagem rodar – em vez de ser a engrenagem –, o que se refletiu nos números gerais pela equipe em duas temporadas: 8,9 pontos por jogo e 5,4 assistências.
O sucesso em ambos clubes, com desempenhos completamente diferentes, mostra o quão completo é o basquete de Huertas. Ele pode ser um Pablo Prigioni, ou um Sarunas Jasikevicius, dependendo das necessidades de sua equipe.
Na Seleção, independentemente da presença de Leandrinho e Nenê, seria adorável dizer que se encaixaria perfeitamente como um maestro, sem nem precisar olhar para a cesta. Mas não parece o caso. As atuações contra os Estados Unidos e a Argentina no Mundial do ano passado e o quarto período na vitória contra o Canadá são amostras significativas que o melhor Huertas que pode aparecer, por enquanto, é aquele mais envolvido na definição jogadas, mais agressivo, o de Bilbao.
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