"Não pode entrar no jogo achando que já ganhou. Esperávamos um jogo fácil."
Foi mais ou menos com essas palavras que Alex, o velho Brabo de sempre, definiu a vitória suada do Brasil contra a Venezuela no Pré-Olímpico de basquete, num momento de sinceridade logo ao sair da quadra.
Estamos de acordo, então. Realmente essa foi a impressão que passou a seleção brasileira em sua estréia, a de um time que foi pego desprevenido, seja no aspecto psicológico ou mesmo no técnico e tático.
Um despreparo que podia ter custado muito caro: numa situação hipotética de revés banhado de vinotinto e de algum revés caribenho – alô, Barea, diga hola, Calipari –, a equipe de Magnano já se veria pressionada para o restante da competição, correndo atrás de resultados positivos contra seus dois principais rivais para tentar fugir de uma semifinal contra a Argentina. Algo, então, que não pode se repetir no torneio. Por sorte, esse cenário agora só existe em no campo do futuro do pretérito. Agora é tratar do que realmente vem pela frente, Canadá e República Dominicana especificamente.
O jogo contra Cuba não pode ser levado como parâmetro para muita coisa, e qualquer situação praticada em quadra dificilmente vai servir para o restante da competição, em especial as táticas de abafa em cima da bola. Diferentes níveis técnicos em quadra. Algo que talvez valha nota seria a marcação em cima de Lisvan Valdez, que mostrou contra os dominicanos um apetite nas bolas de três pontos, um setor em que a defesa brasileira ainda vem pecando em conter. Estão aí na boxe score os 40% permitidos aos venezuelanos para comprovar. É preocupante, por mais que nosso Greivis Vasquez tenha feito algumas bolas miraculosas que deixariam Zach Randolph saltitante – afinal, da mesma forma, a equipe errou alguns arremessos forçados nos segundos finais na tentativa desesperada de se aproximar no placar.
Outro ponto a ser observado, quiçá, sejam os rebotes, já que os cubanos pegaram 13 a menos que os dominicanos na estréia. Se eles, por acaso, conseguirem equilibrar a disputa com o Brasil, é sinal de que estamos com problemas gravíssimos no departamento. Contra a Venezuela, ganhamos por nove, mas desconfio que o número só cresceu na metade final do quarto período. Antes disso, o jovem pivô Greg Echenique estava fazendo estragos na tábua ofensiva com seu corpanzil e ótimo posicionamento (12 pontos, sete rebotes e 50% de quadra), especialmente com Splitter fora de quadra para curar mais alguns edemas. Echenique, aliás, foi uma grata surpresa venezuelana no vinda do basquete universitário dos EUA, onde atua por Creighton, depois de se transferir de Rutgers, onde era encarado como uma peça primordial na divisão Big East.
Para os próximos jogos, em especial os confrontos com canadenses e dominicanos, é imperativo que o Brasil se empenhe mais nos rebotes e, ao mesmo tempo, não deixe de vigiar a linha dos três pontos.
Isso sem falar no mais grave: a consistência defensiva nesta terça-feira. Tão celebrada nos torneios amistosos – e a pergunta que fica é a troco do quê? –, a marcação brasileira foi terrível diante dos venezuelanos, ou ótima sob o ponto de vista dos adversários. Escolha. Vasquez, David Cubillan e José Vargas encontraram facilidade para infiltrar. Isso abriu a quadra para o tiro de três pontos e cestas fáceis dos pivôs venezuelanos. Todos eles abaixo dos 2,10 m de altura, diga-se de passagem. Foi apenas a partir do minuto 35 de jogo que a seleção nacional fez coberturas apropriadas e tiraram os rivais da partida, com os defensores atentos a seus homens, sem se atrapalhar em dobras e contestando os arremessos – que, melhor ainda, saíam forçados.
Outro ponto curioso do confronto foi o desafio que os venezuelanos apresentaram em forma de armadilha: alguns jogadores, Alex em especial, tinham total liberdade para arremessar. Seus defensores estavam claramente instruídos a recuar diante do camisa 10, sugerindo que fizesse o arremesso. Sabemos que esse não é o seu forte, e ele mordeu a isca: arrmessou cinco bolas de três pontos, e não converteu nenhuma. Rafael Luz, por outro lado, matou duas de três tentativas.
Outro ponto curioso do confronto foi o desafio que os venezuelanos apresentaram em forma de armadilha: alguns jogadores, Alex em especial, tinham total liberdade para arremessar. Seus defensores estavam claramente instruídos a recuar diante do camisa 10, sugerindo que fizesse o arremesso. Sabemos que esse não é o seu forte, e ele mordeu a isca: arrmessou cinco bolas de três pontos, e não converteu nenhuma. Rafael Luz, por outro lado, matou duas de três tentativas.
O Brasil precisou de cerca de 34 minutos para se ajustar definitivamente ao plano de jogo de seu oponente. É muito tempo, e alguém falhou aí: ou o campeão olímpico Ruben Magnano, ou os jogadores em acatar qualquer ajuste que tenha vindo do engravatado argentino. De novo: falhas que não podem ser repetidas diante dos rivais caribenhos.
Não é questão de bradar o fim do mundo: no fim, o Brasil venceu e agora tem o direito de seguir sua trilha. Só não dá para dizer que foi uma ótima partida da equipe, como anunciou o comentarista. Esse definitivamente não seria o melhor discurso a ser adotado, e aqui fica registrada uma total perplexidade diante de tal avaliação, como se apenas cinco minutos de 40 contassem e como se Magnano não estivesse muito perto de um colapso na lateral da quadra. Nessa hora, em contraponto ao especialista, a franqueza de Alex veio como um baita alívio.
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