terça-feira, 30 de agosto de 2011

Quero ser Tiago Splitter

Você pode abrir as estatísticas de Brasil 92 x 83 Venezuela, e ir direto à linha de Tiago Splitter para se entusiasmar: 17 pontos, 11 rebotes, seis assistências e dois tocos em 31 minutos. Em uma interjeição? Uau.  

Você vai imaginar que o catarinense acabou com o jogo, não? Sim, você provavelmente vai. Mas, não, ele não acabou com o jogo.  E que fique claro de cara: não por culpa dele.   

Os números do catarinense não são fictícios, inflados, fraudulentos, nada disso. Cada vez que ele pegou na bola, alguma coisa boa aconteceu em quadra para o Brasil – bem, deixemos de lado por enquanto seus lances livres, que são de doer. Com a bola quicando, o jogador do Spurs tem demonstrado anualmente, a cada julho, agosto, que é uma via confiável, a mais confiável da seleção. Ainda mais quando enfrenta uma equipe sem nenhum jogador que lhe possa fazer sombra debaixo do aro, como a Venezuela. Todos tampinhas perto dele, embora atléticos e fortes, mas que não podiam bloquear seus ganchos ou mesmo sua sempre inteligente movimentação no lado contrário. 

Então alguém poderia me explicar por que diabos o pivô apareceu em quarto no ranking de chutadores do Brasil nesta estréia na Copa América? Isso mesmo: quarto. Alex  chutou 14 vezes (em 27 minutos), apanhado pela armadilha venezuelana (mais, abaixo), Machado e Giovannoni, 11 vezes cada (em 23 e 28 minutos, respectivamente) e Splitter, oito ao lado de Huertas (em 31 e 33 minutos, respectivamente).

Aliás, aqui o disparate só aumenta, não só pela desproporção entre arremessos por minuto: com um aproveitamento de sete acertos em oito arremessos, incluindo 100% nos três pontos, se era para alguém 'roubar' bola de Splitter, que esse fosse Huertas. Fica muito claro que a dupla está um degrau acima, e não há mal nenhum em reconhecer isso, há?

Eu fico imaginando o que passaria na cabeça de Splitter se ele não fosse um cara tão pacato, feliz de tirar férias de seus clubes com os companheiros brasileiros, talvez para compensar tanto tempo vivido fora de seu país, já que se mudou para a Espanha, sozinho, aos 15 anos. 

Esses amigos podiam prestar um pouco mais de solidariedade em quadra. Como provam as seis assistências desta terça-feira, se pingarem a bola em Splitter, não estamos falando de um buraco negro. 

A bola pode voltar para os tiros de fora, fiquem tranquilos. 

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