segunda-feira, 19 de setembro de 2011

AirCongo

Sem Bo McCalebb, a Macedônia jamais teria chegado a uma semifinal de Eurobasket. Sem Serge Ibaka, a Espanha teria sido campeã neste domingo na Lituânia?

Em primeiro momento, pode parecer um exagero, já que se trata de um time que já era o campeão europeu e conquistou uma prata olímpica e um ouro no Mundial nos últimos cinco anos com uma base muito forte, que passou por uma reformulação suave nas últimas temporadas (mais sobre isso, depois). Mas vamos bater o pé aqui e ousar seguir com essa linha. 

Ibaka passou jogou na Espanha por 3 temporadas
A naturalização do pivô congolês, sem meias palavras, foi uma apelação e uma vergonha, especialmente para um país que tanto se orgulha da produção interna de craques – que é fenomenal, de fato. Por mais que se diga que o jovem Serge tenha passado pelo basquete espanhol e que sua prosperidade no esporte se deva a isso, ele só ingressou no CB L'Hospitalet, das ligas menores, aos 17 anos de idade. 

Isto é, não foi a Espanha quem incutiu o basquete em Ibaka, foi na Espanha que ele aprendeu os primeiros fundamentos do jogo. Seus pais eram jogadores defenderam seleções nacionais. Ao todo, o ala-pivô passou apenas três temporadas em território ibérico. Talvez seja o suficiente para identificação com uma pátria, mas era algo que a FIBA deveria permitir?Por mais que o atleta seja eternamente agradecido ao desenvolvimento que teve por lá, imagino que as regras poderiam ser mais restritas.

No fim, a federação espanhola, esperta de tudo, aproveitou a brecha e incorporou ao seu elenco um jogador que oferece habilidades completamente diferentes do que a já fortíssima seleção teve. Uma impulsão, velocidade, envergadura e maleabilidade absurdas e uma determinação que tornam todos esses atributos ainda mais assustadores. O mais próximo disso que o basquete espanhol tem é o ala-pivô Fran Vasquez, do Barcelona, que é, no entanto, muito mais inconsistente e não chega a ter o nível de capacidade atlética do africano. 

Os efeitos da presença de Ibaka foram evidentes na decisão contra a França, quando ele deu cinco tocos em oito minutos  de ação no segundo quarto. Cinco! Em oito minutos! Sem contar as bandejas forçadas e alteradas pelo temor de suas raquetas. E tudo isso é apenas um luxo na rotação de pivôs da equipe, que, na falta de um, tem dois irmãos Gasol em ótima forma, criando uma muralha em seu garrafão. Essa proteção no aro praticamente anulou a principal virtude dos franceses, que são as infiltrações, justamente o carro-chefe de Tony Parker.

As raquetas de Ibaka vindo do lado contrário forçaram os franceses a buscar o jogo exterior, que é o ponto fraco desse time por anos. Na final, acertaram 40,9% dos chutes de longa distância, mas a Espanha podia conviver com isso muito bem, obrigado, ainda mais contando que Parker converteu duas de cinco e o balofo Boris Diaw duas de duas, um aproveitamento que não condiz com seus históricos. Por outro lado, o melhor arremessador dos Bleus foi vigiados de perto: Nicolas Batum (2/8).

Xeque-mate. 

O curioso é que estamos fazendo essa pirraça toda aqui só pelo Eurobasket. Está claro, contudo, que a adição de Ibaka faz parte de um plano muito mais ambicioso, que é destronar os Estados Unidos em Londres-2012

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