domingo, 11 de setembro de 2011

Quando menos é mais

Ufa! Habemus vaga. 

Ruben Magnano mais do que justificou o investimento em seus serviços, ao conseguir algo que seus antecessores falharam miseravelmente em fazer: enquadrar os egos de uma turma da pesada da seleção brasileira, exigir dedicação máxima desses mesmos jogadores na defesa, como condição sine qua non (duas situações em latim logo de cara, reparem) para se ter tempo de quadra. 

Além disso, sua liderança passou ao instável elenco uma consistência jamais vista na última década, sabendo eles reagir mesmo nos momentos mais difíceis, como o susto na estréia contra a Venezuela, que poderia ter colocado tudo abaixo, e na reação do time na segunda semana de torneio, depois de revés para os dominicanos e um péssimo jogo contra Cuba. 


O Brasil, pela primeira vez em muito tempo, soube vencer partidas parelhas, como a semifinal-valendo-vaga comprovou seriamente. Em nenhum momento, eles se desesperaram, mesmo quando uma vantagem confortável no placar rapidamente se esvaía com a forte pressão que os caribenhos colocaram no jogo de garrafão.

Talvez nesse ponto a recusa de dois jogadores e a lesão de outro que certamente estavam em seus planos para compor a base da equipe até seja o caso do mal que veio para o bem, pois restou menos trabalho no sentido de personalidades a se controlar e ajustar.

Desta forma, sobraram também mais arremessos para serem divididos por jogadores que só estão acostumados a atuar em seus clubes de uma só maneira, comandando uma artilharia muitas vezes desenfreada – Alex, no Brasil, é rei, enquanto, no Maccabi, era apenas um súdito em quadra, e dos bons, diga-se de passagem. 

No Pré-Olímpico, eles se prestaram a passar mais a bola, gerando 17,7 assistências por jogo (sete a menos no total do que a Argentina). A movimentação de bola gerou bons arremessos, valendo uma média de 40,3% no quesito, atrás de argentinos (43,2%) e venezuelanos (40,3%).

Aqui, porém, é preciso insistir naquele que ainda considero um equívoco no plano de jogo brasileiro: a dependência em excesso dos arremessos de três pontos. Contra a República Dominicana, a média de acerto foi de 40%, mas em muitas situações a vantagem brasileira no marcador subia para cair logo em seqüência em um ritmo maluco, de acordo com o aproveitamento do chutador da vez. Se descontarmos o rendimento de Marcelinho Machado na partida, o resto do time converteu apenas 5 de 18 tentativas (27,7%), e isso é péssimo, sem dúvida.

O Brasil arremessou 201 vezes de três pontos no torneio, que são 16 a mais do que a Argentina. 

Mas esse talvez possa ser muito bem o próximo item na lista de reparos do projeto de Magnano. Em 2012, no terceiro ano no cargo trabalhando basicamente com os mesmos jogadores, espera-se que a cultura de defesa já esteja devidamente assimilada – que uma temporada de maus vícios nos clubes não seja o suficiente para lhes acometer a amnésia –, para que o argentino possa dedicar mais tempo de treino ao ataque. 

Diante do que apresentou até aqui, o voto de confiança no técnico argentino é irrevogável. 

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