Esse post vem com mais de uma semana de atraso. Mas, pensando bem: o que importa? Enquanto Novak Djokovic seguir empilhando troféus na garagem e Kevin Love não para de somar double-doubles, o gancho sobrevive.
Mesmo que o ala-pivô do Minnesota Timberwolves tenha pisado na cabeça de nosso velho conhecido Luis Scola em um jogo no sábado e corra sério risco de receber uma suspensão. Como? Isso: pisou na cabeça de Scola. O argentino estava estirado no garrafão ofensivo e acabou atropelado pelo geralmente amoroso jogador.
Um atropelo em Minneapolis |
Love é uma das fontes mais procuradas pelos jornalistas que cobrem a NBA de perto, por sua articulação acima da média, inteligência, bom-humor. Não tem histórico de violência na liga, mesmo que um de seus ex-treinadores tenha sido Bill Laimbeer, o grande vilão dos anos 80 e 90, inspirando até mesmo um jogo de videogame sangrinolento ("Bill Laimbeer's Combat Basketball"). Alegou, no sábado, que não havia como evitar o sapateado em cima de Scola, que não tinha para onde ir com seu pezão. No fim, era a avaliação de David Stern que contava (Em tempo: ele pegou dois jogos de gancho).
Mas estávamos falando de Djokovic e, não, de Anderson Silva.
E aqui cabe uma nova interpelação: que tem a ver o basquete com esse herói sérvio?
Bem, na final do Aberto da Austrália, o ex-pivô Vlad Divac estava na arquibancada ao lado do estafe e familiares do tenista. Mas vamos além, chegando ao elo com Love.
Os dois acabam ligados pelo salto de produção que tiveram nas últimas duas temporadas. Um ponto de convergência nessa escalada: ambos elevaram sua produção quando subiram na balança e decidiram reinventar seu corpo.
Djokovic já havia ganhado um torneio Grand Slam, era o número três do mundo e, em premiação, havia garantido o futuro até de seus bisnetos. Love foi a quinta escolha de seu Draft, tinha média de 14 pontos e 11 rebotes em segundo ano como profissional, sendo a referência do Minnesota Timberwolves, e foi campeão mundial em 2010.
O sucesso, para eles, veio cedo. Aí o esportista pode se contentar com o que já conquistou, ou pode brigar para evoluir. No caso dos dois, eles atacaram o estômago e fecharam a boca.
O esfomeado e fominha Novak Djokovic, campeão em Melbourne há pouco |
Djoko cansou de fazer piada ano passado sobre o sacrifício de esquecer suas adoradas pizzas, adotando uma dieta sem glúten. Perdeu um pouco de peso (o que parecia um exagero), ganhou (ainda mais) velocidade e (muita) resistência, livrando-se também de problemas respiratórios que em diversas ocasiões lhe forçaram a largar o osso.
Kevin Love antes... |
Kevin Love depois |
Love perdeu mais de 10 kg durante o locaute da NBA, enquanto boa parte de seus concorrentes ganhou peso com a inatividade. Começou a encomendar sua comida, com controle de calorias – só dá verde em sua geladeira, o que foi um espanto para o autor deste VinteUm –, virou aluno de ioga e fez exercícios físicos específicos para se fortalecer sem "bombar" – não precisa ser brutamontes para trombar, apanhar rebotes e pontuar.
O sucesso nas quadras vem exclusivamente por isso? Claro que não. Mas foi o primeiro passo. Muitas vezes pode se atacar a confederação, o clube, o técnico, o calendário pelo desenvolvimento de um elenco. Por outro lado, em circunstâncias diferentes, a revolução e a evolução pode vir do próprio jogador, quando ele decidir valorizar a profissão de atleta.
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