sexta-feira, 13 de janeiro de 2012

Ao ataque, Splitter

Tiago Splitter tenta se virar como dá com a camisa do San Antonio Spurs
Na mesma entrevista ao jornalista Michael Wilbon destacada no post abaixo, Magic Johnson oferece uma perspectiva bem mais subjetiva para entender o sucesso repentino de Ricky Rubio na NBA, sem avaliar números ou fundamentos técnicos. 

"O que me atrai sobre Rubio é que os jogadores internacionais geralmente dão um passo para trás quando o nível de competição é maior, mas Rubio, não. O que o preparou para isso é que ele foi esperto o bastante para, aos 17 anos, esperar e continuar jogando na Europa. Ele ficou maior, mais forte. Ele já tinha um belo jogo de pés, a movimentação. Gasol tem isso. Ginóbili tem isso. Eles são o que gosto de chamar de atacantes. Quando desafiados, eles vão para a frente e, não, para trás."

É uma declaração que me fez pensar um pouco na situação de Tiago Splitter no San Antonio Spurs. Assim como Rubio, o catarinense não fez a transição imediata para a NBA quando foi draftado (embora fosse três anos mais velho que o espanhol). Ao contrário de Rubio, foi dominante na Liga ACB em suas últimas temporadas por lá, sendo eleito MVP da temporada regular e das finais no campeonato de saideira, e esse sucesso ainda está longe de ser traduzido para a nova empreitada. 

Por qualquer motivo entre: a) lesões inconvenientes (todos estão sujeitos a elas, infelizmente); b) a resistência de Gregg Popovich em jogar com novatos (padrão que, vejam só, vem sendo quebrado este ano pelo ala Kawhi Leonard); c) no fim, talvez mais importante, uma equação que não dá muito certo em quadra (seu jogo bate cabeça com o de DeJuan Blair e só vai casar com Duncan se o ex-nadador das Ilhas Virgens estiver matando seus chutes de média para longa distância).

Não quer dizer também que possamos julgar como um fiasco a estadia de Splitter no Texas. Se a temporada de estréia foi completamente sabotada,  a segunda tem apenas 11 partidas disputadas, o que equivalente a 1/6. 

De todo modo, a tão aguardada evolução do brasileiro por enquanto ainda não ocorreu. Em termos de minutos, ele vem sendo mais utilizado por Popovich, elevando seu tempo de quadra de 12,3 minutos para 21,1 por jogo (de 48 possíveis), sendo o oitavo que mais atua no elenco.

Uma rara oportunidade de post up para Tiago Splitter de costas para a cesta


A subida nos minutos melhora suas médias brutas, mas, na verdade, o que aconteceu até aqui é que Tiago perdeu um pouco de rendimento. Sua média de pontos por 40 minutos de jogo caiu de 15,1 para 12,8 e a de rebotes, de 10,9 para 9,1, quando o contrário era o esperado. Além disso, ele vem cometendo quase o dobro de erros nas posses de bola que tem. Mas a pior notícia mesmo é que esse número de posse de bolas destinado a Splitter está ainda menor que o da temporada passada. 

Por que isso tudo, será? Muito tem a ver com os recursos ofensivos de que dispõe o brasileiro. Na Espanha ou pela Seleção, Tiago foi produtivo em dois tipos de situação: em pick'n rolls ou em jogadas de um contra um, de costas para a tabela, bem próximo ao garrafão, em que vai preparar seu gancho peculiar ou usar o jogo de pés para fintar e buscar a cesta do outro lado ou receber falta. Dependendo do oponente, ele pode se virar para o aro e tentar batê-lo na velocidade. 

Em uma equipe que conta com Duncan e Blair operando praticamente da mesma maneira, sendo que o envelhecido superpivô ainda tem o chute de média distância como bola de segurança, sobra ao catarinense apenas algumas migalhas, dedicando-se mais a corta-luzes e movimentação de bola rápida. 

Agora falta mais entrosamento com Duncan em quadra


Não vamos também contrariar o que foi pregado em posts passados: esse não é o fim do mundo, nem todo mundo precisa viver de cesta e ataque. O tempo de quadra de Splitter, então, vai depender basicamente do quão bem ele executar sua missão na defessa e no rebote aos olhos exigentes de Popovich. 

Na partida de abertura do Spurs neste campeonato, uma vitória contra o Memphis Grizzlies, o pivô ficou em quadra por 31 minutos, seu máximo até aqui. Ele somou cinco pontos, oito rebotes, dois tocos e dois roubos de bola, sendo elogiado pelo comandante. "Ele foi bem sólido. Manteve um bom posicionamento, bloqueou arremessos e pegou rebotes. Ele foi especial nesta noite", foi o que disse Popovich. 

O quanto isso é prazeroso para Splitter – daqueles soldados que dificilmente reclamam de algo em público e só manifestam alguma contrariarão bem nas entrelinhas ao final de uma campanha – a gente não sabe. Mas será que talvez não seja o momento de ele, em vez de recuar, dar o passo à frente?

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