terça-feira, 3 de janeiro de 2012

Vencer sem cesta

O nome do esporte em espanhol diz que vence aquele time que tiver mais pontos no placar que vai ganhar o jogo, certo? Não dá para negar esse princípio. 

Mas, de um modo meio simplista, vamos provar que nem tudo é cesta nesta vida, pinçando o feito de dois jogadores na rodada de segunda-feira da NBA que ajudaram suas equipes a saírem de quadra vitoriosas combinando entre eles um total de... Total, que nada: juntos, eles não marcaram NENHUM ponto, em 54 minutos somados. 

Para isso, nada melhor que um tico de experiência. Estamos falando de Jason Kidd, 38, e Ben Wallace, 37, dois dos cinco atletas mais velhos em atividade norte-americana (o pivô Kurt Thomas, reserva do Portland Trail Blazers, é o vovô da turma, com 39, ainda firme e forte).

Kidd olha a quadra toda, menos a cesta, observado para Carlisle
No triunfo do Mavs sobre o jovial Oklahoma City Thunder, Kidd arriscou um arremesso de dois pontos, sem sucesso, e fois ó. Mas ficou 34 minutos em quadra. No tresloucado basquete brasileiro, sinceramente, quanto tempo de quadra você acha que ele teria nessas condições? Não custa lembrar o comentarista (o mesmo que enxerga em Kidd um excelente cestinha, tirando essa opinião Deus sabe de onde) que defende incessantemente que seus armadores atuem babando pelo aro, pontuador, e, dependendo do sistema empregado, isso realmente pode ser necessário. No caso desse veterano, para o técnico Rick Carlisle é muito mais valiosa a sua capacidade de leitura de jogo, sua cadência, lhe valendo nove das 21 assistências de sua equipe na partida (42,8%).

Já Wallace jogou por 20 minutos contra o time que o lançou para valer no radar da NBA, o Orlando Magic – e este é um bom momento para lembrarmos a troca entre Detroit e Orlando, em que Grant Hill foi para a Flórida para formar uma dupla estelar com Tracy McGrady, dupla que nunca se concretizou devido ao inferno astral e médico que assolou o ala e, em contrapartida, rendeu à Motown um dos melhores defensores no garrafão da década passada e a âncora do time campeão em 2004. Que coisa. Bom, mas retomando: Big Ben jogou por 20 minutos, tendo um pequenino Dwight Howard pela frente, e não tentou nenhum arremesso. Ele nunca foi um pontuador nato, embora tenha reclamado aos montes com Larry Brown, Carlisle, Flip Saunders e qualquer um que o tenha treinado de que era subutilizado ofensivamente – o que era balela: sem habilidade alguma com a bola, tinha de viver de rebotes no ataque e de sobras mesmo. Agora muito menos atlético, ganha seu pão com consciência defensiva. Nesta segunda, ele contribuiu com cinco roubos de bola, cinco rebotes e um toco, sendo o primeiro jogador desde 1973 (quando essa estatística passou a ser  computada) a ter um mínimo de cinco roubadas em um certame no qual não buscou a cesta. 

Baloncesto? Não obrigatoriamente.

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