segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

De Popovich não duvidarás

Só dá para jurar uma coisa: a pauta já havia sido pensada antes de o TrueHoop publicar esse texto aqui

Enquanto monitorava o comportamento de um visitante canino temporário no bunker do VinteUm, localizado na Vila Guarani paulistana, dava para espiar de canto, discretamente, para não atrair a fúria de dentinhos-serrilha, o que se passava no duelo texano entre San Antonio Spurs e Dallas Mavericks. Ainda bem, pois o que se viu em quadra foi algo lindo. 

Ninguém chegou a dar uma enterrada absurda como essa de LeBron James, que passou por cima (literalmente) de Josh Lucas (paciência, que o vídeo carrega): 


Não houve um lance intuitivo como esse de Rudy Fernández, pelo Denver Nuggets, contra o Los Angeles Clippers:



Mas teve uma aula tática, estratégica por parte de Gregg Popovich, o laureado treinador do San Antonio Spurs e alvo de infinitas reclamações e cornetadas da turma do amendoim brasileira na temporada passada devido a sua censura a Tiago Splitter.

Bem, depois do que vimos ontem a lição que fica é velha: procure evitar duvidar de Popovich. 

Com sua equipe 18 pontos atrás do marcador, ele usou um movimento recorrente da sua parte, especialmente numa temporada massacrante como a atual: sacou todo o seu quinteto titular de quadra e viu no que dava. Seu quinteto ficou com Splitter acompanhado de Matt Bonner (O Foguete Vermelho), Danny Green (ala que era destaque em North Carolina, amado pelos estatísticos, mas desprezado pelos scouts até assegurar seu espaço), Gary Neal (barganha importada da Europa após ser completamente ignorado pela liga quando deixou a universidade) e James Anderson (certinha que jogou ainda menos que o brasileiro em 2010-2011 devido a uma grave lesão).

Esse quinteto não só devolveu o time ao jogo, como chegou a colocar nove (!!!) pontos de vantagem nos atuais campeões no quarto final, até que Jason Terry apareceu para o resgate. Foi uma pintura, ou algo assim. Sem nenhum armador nato, Green, Neal e Anderson compensaram, cada um levando a bola ao seu modo, como se tivessem se transformado, no fim, em três armadores de verdade, sem se importar com a pressão de uma vespinha como Roddy Buckets. 

Era de deixar o ultrapreparado Rick Carlisle ainda mais careca: seu time simplesmente não encontrava resposta para essa formação bizarra, mas que se mostrou completamente sólida, com cinco jogadores realmente compondo uma unidade. Apanhando rebotes, negando Dirk Nowitzki (ótima defesa de Splitter, por sinal, evitando cair nas fintas mortais do alemão). 

Eles jogaram todo o quarto final e a prorrogação inteira – Bonner chegou a ser substituído brevemente por Kawhi Leonard durante lances livres no finzinho do tempo extra. Eufórico, de pé, Tim Duncan torcia no banco de reservas como se fosse a mascote do clube ou um calouro. E, lance após lance, esses renegados se mantinham no páreo. 

Por um lance livre errado de Splitter, que procurou atacar um vulnerável Nowitzki sempre que pôde, o time não garante a vitória no quarto período. Por 0s1 a menos, o time não garante a vitória em um arremesso (quase-)milagroso de Green, recebendo a bola com 0s5 no cronômetro, girando na zona morta a média distância. Por um lance livre errado de Gary Neal, o time não força ao menos uma segunda prorrogação.  

Popovich pode ter perdido uma luta. Mas, no plano maior, ele teve uma grande vitória. Ganhou a confiança de cinco jogadores em uma ocasião mais que especial. Ainda poupou seus veteranos Duncan e Tony Parker de um estresse daqueles, enquanto o combalido Mavs se desgastava em 53 minutos.

"Achei que tinha valido o arremesso", disse Green. "mas imagino que seria bom demais para ser verdade."

Aqui, a jogada fantástica não aconteceu:


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