sábado, 17 de dezembro de 2011

The book is NOT on the table

Eddie Baden tenta criar alguma coisa pela equipe de Franca
Feliz Natal? Bom ano novo?

Hmm... Para Franca?

Nem tanto. Tá feia a coisa no Pedrocão.

Neste sábado, as mazelas da equipe de Hélio Rubens foram reveladas em rede nacional, pela TV fechada, que seja. Um time desconjuntado, cheio de panes na defesa, concedendo uma penca de bandejas debaixo do aro. Do outro lado, um ataque igualmente desorientado, dependendo da iniciativa individual de seus jogadores, mas com muita gente batendo cabeça.

Para explicar esse pesadelo por que passam os vice-campeões do NBB, não precisa ir muito além do fiasco que foi a participação do clube no mercado, com contratações atrasadas e equivocadas, especialmente no caso do trio de americanos Kevin Sowell, Eddie Basden e Jermaine Johnson. 

Um aparte: não que eles sejam necessariamente Os Culpados. Afinal, alguém avaliou os DVDs antes de assinar com a turma toda. Alguém também demorou, muito, para definir os reforços e aprontá-los para colocar em quadra. 

Dizer agora que os três não sabem nem metade do livro de jogadas da equipe explica a bagunça que assola o time, mas também sublinha, antes de tudo, uma falha indesculpável no planejamento do grupo. Você não pode esperar que três estrangeiros, sem contato algum com o basquete brasileiro, cheguem de paraquedas em meio ao campeonato e resolvam a parada. 

Pelo que vimos contra o São José, tá muito mais para problema do que solução. As falhas de comunicação entre os veteranos restantes da dissipada espinha francana e os novos jogadores são gritantes. São José abusou de cortes em backdoor. Em um pedido de tempo, Basden teve de tomar a caneta da mão de Rubens para tentar tirar uma dúvida sobre o que ele deveria fazer no caso de uma defesa quebrada: se saía na ajuda, ou se ficava em casa marcando o seu, se... E gasta-se o inglês no banco em um curto pedido de tempo (clique aqui para ler um comentário espirituoso do professor Paulo Murilo a respeito). 

Em termos individuais, há o que se questionar também nessa tropa:

- Kevin Sowell prontamente se colocou entre os cestinhas da liga – neste ponto, seu DVD não mentia... Um jogador explosivo, criativo no drible, com uma capacidade atlética acima da média do que vemos aqui entre os baixinhos. Mas pode ser um pouco selvagem com a bola e algumas de suas investidas estão mais para um peladeiro, e a impressão que fica á de que o que ele produz no ataque acaba sendo devolvido na defesa: ele foi a grande presa dos backdoors sãojoeenses.  

- Eddie Baden tem campanhas em ligas eimportantes em seu currículo e teve seus lampejos neste sábado – 18 pontos, nove rebotes e seis roubos de bola. Por outro lado, não agrada nem um pouco sua postura corporal, caminhando, se arrastando em quadra muitas vezes, reclamando de seus companheiros ("wake up, maaaaan", disse pra Drudi em um pedido de tempo). Tipo: "A minha parte eu fiz, me incluam fora dessa". Parte disso pode se explicar pelo desentrosamento, mas dedicação e aplicação em quandra independem de qualquer contexto.

- Jermaine Johnson: muito pesado e baixo, não vai conseguir encarar um jogador como Murilo de maneira alguma no mano-a-mano, e os problemas de estatura de Franca perduram. Não adianta aqui também lamentar a saída de Baby, por razões óbvias. 

O placar final foi de 87 a 76, embora Franca estivesse a sete pontos, com dois lances livres a seu favor, com um minuto no cronômetro.

Agora, a avaliação aqui no QG do VinteUm é a de que isso diz mais a respeito de São José do que de uma suposta reação francana na competição. A oscilação das equipes nacionais chega a ser algo doentio. Se a equipe do Vale do Paraíba tivesse uma jornada um pouco mais consistente, não precisaria esperar até o finalzinho para definir sua vitória. 

O time só deslanchou de vez no placar no quarto período quando o americano Andre Laws e o espanhol Alvaro Calvo abaixaram a poeira e partiram para a cesta com mais frequência, se aproveitando da anêmica defesa interior de seu oponenter. De dois em dois pontos – ou de um e um ponto, como no caso do espanhol, que, agressivo, bateu 11 lances livres – a galinha encheu o papo. Ou seja: nem sempre os estrangeiros são o problema.

I wish you Merry Xmas

Na quadra. Franca vai ter de trabalhar muito, com humildade, paciência e eficácia se quiser virar o jogo.

Johnson, ainda menor ao lado do veterano gigante Paulão
* * *

Agora outros pontos:

- Em 30 minutos, o pivô Murilo arremessou para apenas 16 pontos na partida, dos quais converteu 15. Isso quer dizer um aproveitamento de 94%. Fantástico, não? Agora... Como explicar que ele tenha chutado apenas cinco arremessos de quadra (dos quais converteu os cinco)? Mesmo atrapalhado pelo acúmulo de faltas, era disparado o jogador mais eficiente na partida. Nenhum time pode viver de uma nota só, óbvio. Mas um atleta desse porte precisa ser municiado muito mais vezes. 

- O que se passa com o armador Fernando Penna? Não é nem sombra daquele armador que controlou temporadas animadoras do Paulistano dois, ou três anos atrás. Ele não vem conseguindo controlar o ritmo de jogo de sua equpe, e Helinho fica sobrecarregado, vendo seu rendimento também abaixar. Sowell não está habilitado a conduzir a bola, o que é um problema grave na composição do time. 

- Agora o mais alarmante: o que acontece com a base de Franca? Qual foi o útimo jogador a subir das divisões menores do clube mais tradicional do país para ser aproveitado para valer no elenco? Tem gente que diz que Hélio Rubens não tem mais paciência para trabalhar com garotos. Que muitos deles acabam subindo para o adulto em outras praças, por isso. Felipe Taddei sofreu uma lesão infortunadamente, mas ele era o único jogador desenvolvido na cidade capaz de jogar pela equipe? 

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