segunda-feira, 18 de junho de 2012

Nem tão barbada - II

Arthur: 4 pontos em 26 minutos num jogo apagado
Como são raras as ocasiões em que o sujeito aqui pode acertar alguma coisa, recomendo essa viagem no tempo aqui. Ajuda a entender o sufoco que o Brasil tomou na estréia (e decisão) contra o Paraguai nesta segunda-feira em Resistencia. 

Em primeiro momento, o que se vai ouvir e ler por aí é o seguinte: que só tem baba no Sul-Americano, que é obrigação, que não sei o quê. Em geral e, no mundo ideal, deveria ser esse o tratamento, mesmo. Mas, quando o Brasil leva algo longe de sua equipe principal, chegou a hora de sabermos que vamos nos expor um pouco. Não tem jeito. 

Tal como naquele torneio em que suamos contra Chile e Colômbia, agora foi a vez de colocar o Paraguai na lista. Em termos de quartos jogados, eles venceram dois e empataram um. Ainda bem que resta outro, no caso o terceiro, o qual os brasileiros venceram por 23 a 18, para fechar a conta de 67 a 63 no final. 

Como se chega a um sofrimento desses? Não exatamente por culpa dos jogadores, embora sejam eles a executar dentro de quadra. 

Foram menos assistências do que desperdícios de posse de bola (9 para 11). Além disso, o Brasil converteu míseros 39,3% no total dos arremessos de quadra. Basta olhar um pouco mais ao lado na box score para entender a razão desse disparate: foram apenas 4 chutes certos em 19 tentativas dos três pontos (21,1%). 

Haja. Saco. 

Principalmente, quando se nota que foi justamente a aproximação à cesta que fez a diferença nos números totais. A Seleção bateu (e converteu) mais lances livres que os adversários:  foram oito pontos a mais nesse quesito. Em bolas de dois pontos, também foram oito pontos extra. 

Para que fugir disso, então? 

Peguemos o caso de Nezinho (4/5 de dois pontos, 1/6 dos três) e Benite (5/10 de dois pontos, 2/6 nos três pontos e 5/5 nos lances livres). O que funcionou mais?

Naturalmente, o jogo envolve diversas facetas, é preciso ter um tiro de três pontos respeitável para abrir a quadra. Esse tipo de bola faz, sim, parte do plano de jogo. 

Mas, na pinça, temos esse outro número aqui que reforça nossa tendência ao desequilíbrio: cinco pivôs nossos foram para quadra na estreia e, juntos, eles somaram apenas 19 arremessos. Não dá nem cinco por grandalhão. Se considerarmos que 9 deles foram de Augusto, sobram dez para os outros quatro que jogaram (cinco para Rafael Mineiro, três para Marcus, dois para Felício e nenhum para Leo Waszkiewicz). Pobreza a dos garotos, não?

Ignorados e mal-abastecidos. Todos os cinco pivôs aqui citados rendem muito melhor em jogadas de pick-and-roll do que em investidas individuais de frente – Mineiro é o único que tem um chute confiável de média distância – ou de costas para a cesta. Foram pouco acionados assim. 

Mas, ok, ufa, respiremos fundo, pois o time ganhou. Agora, só um desastre tira a Seleção da Copa América: uma combinação entre derrota para o Uruguai, vitória do Paraguai sobre a Celeste, e a queda para o terceiro lugar em cesta average.

Se valerem só os resultados, fica bom, satisfatório assim. Se quisermos mais? Falta bastante. 

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