Cada Copa América, valendo vaga olímpica ou não, é um prato cheio para os repórteres. A distância entre os que são NBA e os que não são, e os desfalques de sempre. Salários atrasados. Péssimas condições de treinamento. Culturas diferentes em choque. Se você fizer a pergunta certa – ou, em alguns casos, se apenas tiver a sorte de estar com o gravador ligado na hora certa, vai pegar aquela história para salvar o dia.
Nestes tempos de locaute, o HoopsHype agradece.
Leitura obrigatória de cada santa manhã, o site, um agregador de conteúdo com todos os furos, fofocas e intrigas do mundo da NBA, vem se aproveitando dos torneios pré-olímpicos pelo mundo para se abastecer, enquanto patrões e jogadores não se resolvem sobre quem vai ganhar milhões de dólares a menos.
Nesta sexta-feira seguem duas histórias das Américas: a turbulência panamenha e a frustração do (agora ex-)técnico canadense.
Com a palavra, o ala Gary Forbes, companheiro de Nenê em Denver e conhecido nos corredores da liga norte-americana como um bom soldado e sujeito: "Para ser honesto, a seleção do Panamá está com problemas na quadra devido questões por trás da cena. Nossa equipe é a única que não conta com apoio de nosso governo e talvez a única no torneio que não tem um patrocínio. Nosso presidente, que não vou dar o nome, colocou nosso time em uma situação de perder ou perder. Nossas quadras de treino estão abaixo do aceitável. Treinamos em aros de nove pés de altura, quando o oficial tem dez. O Panamá tem um ginásio, o Roberto Duran Colliseum, que não podemos usar porque é propriedade do governo. Há duas federações de basquete no país, e basicamente somos como um clube, particular. Maluco, não?", colocou o jogador em entrevista ao site da revista SLAM.
Atire a primeira pedra aquele que nunca ouviu a história antes. Tem mais: "Nosso presidente marcou nossas viagens de volta para o dia 4 de setembro porque não acreditava que irisamos nos classificar para a segunda fase. Além disso, temos apenas um técnico, mas não uma comissão técnica, preparadores físicos, e nenhum suporto de nosso país. A FIBA nos reconhece, mas o governo, não. Não tinha nenhuma ideia a respeito disso quando vim representar meu país".
E tem mais, muito mais sobre como os jogadores precisam enfaixar os próprios pés, tudo neste revelador diário.
Mais ao Norte, no Canadá, certamente estrutura é o que não falta, ainda mais sob a gestão de Maurizio Gherardini. Mas, depois seguidas campanhas de eliminação, o técnico Leo Rautins, sempre muito bem educado e de cabeça aberta para discutir o jogo com repórteres das Ilhas Virgens ou Brasil, pediu o chapéu.
Ele fala sobre a frustração de não poder nunca contar com o melhor elenco possível anualmente: "Jogamos contra os melhores do mundo, mas competimos com o que temos. Precisamos, no nosso país, encarar o fato de jogar pela seleção nacional como uma honra, como algo que seja muito especial. Adoraria chegar ao ponto em que todos os nosso caras estivessem disponíveis para jogar. Acho que isso seria especial para eles e para o país".
Steve Nash chegou a afirmar nesta semana que, se soubesse que o locaute na NBA se estenderia tanto, que consideraria defender a equipe em Mar del Plata. Ah, tá. Ninguém mais desconfiava de que as negociações estavam complicadas, mesmo. Que pena.
Outra baixa foi o ala-pivô Tristan Thompson, que fez seu nome pelas seleções de base do país, jogou na Universidade do Texas, foi selecionado pelo Cleveland de Varejão em quarto lugar no Draft deste ano e virou as costas para a equipe principal, claro, enquanto o armador Cory Joseph, que passou pelo mesmo processo, mas foi escolhido em 30º pelo Spurs, se aprsentou. Além de três calouros inscritos no basquete universitário para a próxima temporada que são considerados apostas certas, entre eles o armador Myck Kabongo, um terrorzinho. Nenhum deles pôde se apresentar por restrições de seus programas novos. Samuel Dalembert (que aprontou em sua passagem no Pré-Olímpico Mundial de 2008 e foi excluído da equipe durante o torneio), o veterano Jamaal Magloire (sem interesse) e o ala-pivô Matt Bonner (que não conseguiu sua naturalização pelo segundo ano seguido) completam a lista.
Há um potencial enorme a ser explorado pelo basquete canadense, mas falta juntar as peças.
Hmmm… Alguém já ouviu isso antes?
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