sexta-feira, 9 de setembro de 2011

O irmão da Maíra

Antes de qualquer fator emocional, há o plano de jogo. Neste sábado, vamos poder observar dois técnicos consagrados em seus respectivos segmentos jogarem xadrez por 40 minutos, valendo dois eitos que seriam dignos de entrar com destaque em currículos invejáveis. 

Tendo se enfrentado há menos de dez dias, os dois crânios certamente têm os jogos em suas cabeças. Nesta sexta, ainda tiveram um dia para revisá-lo, esquadrinhá-lo e passar as diretrizes para seus atletas. 

Na cabeça do argentino, uma das preocupações centrais deve girar em torno de como lidar na defesa contra o ala-pivô Al Horford, talvez o melhor jogador do Pré-Olímpico e irmão da brasileira Maíra Fernanda, de 16 anos e São José dos Campos – o pai de ambos, Tito Horford, jogou no basquete brasileiro. 

Na primeira fase, o talento do jogador do Atlanta Hawks fez toda a diferença, criando situações difíceis para a defesa brasileira. Causou estragos com arremessos de média distância com os pés plantados (jogada que faz parte de seu repertório natural), infiltrações frontais ou em jogadas no mano-a-mano em que ficava isolado em quadra contra seu defensor e o levava, de costas para a cesta, até as imediações do garrafão, onde criava com tranquilidade. Se já não fosse o suficiente, ainda estamos falando de um jogador com boa visão de quadra e propensão a realizar o passe (acostumado que está a jogar com esfomeados feito Joe Johnson, Jamal Crawford e Josh Smith).

Como lidar com um atleta desses, que mistura força, técnica, capacidade atlética e velocidade? Certamente não será colocando Guilherme Giovannoni, que é menor e mais lento, sozinho em sua cobertura. Foi contra o ala que ele se esbaldou no primeiro confronto. Deslocar Splitter para essa missão é um problema, se o argentino não quiser Rafael Hettsheimer ao seu lado, para segurar o brutamontes Jack Martínez debaixo da tabela. Giovannoni ou Marquinhos, por mais alertas que estejam, não aguentariam o tranco, e se nem mesmo um Splitter seria capaz de segurar os dois, quanto menos um Splitter fora de forma.

A defesa brasileira vai precisar tirar Horford e sua zona de conforto, forçá-lo a receber a bola o mais distante possível do garrafão, se opondo a sua linha de passe. Uma vez que a bola esteja dominada pelo dominicano, a dobra poderia vir de diferentes direções, atacando seu drible. Agora um detalhe: seria recomendável que o jogador responsável pela marcação de Francisco Garcia não fosse o homem da ajuda. O ala do Sacramento Kings bombardeou a defesa brasileira na vitória de sua equipe. O armador Luis Flores também precisa ser pressionado.

Se os dominicanos venceram o Brasil, acabaram apanhando feio de argentinos  e porto-riquenhos. Consultando o resumo estatístico das três partidas, separamos alguns pontos interessantes, listados abaixo com breves comentários:

1) Al Horford
- PUR: 16 pontos, 9 rebotes e 7/16 nos arremessos (quatro lances livres batidos)
- ARG: 16 pontos, 8 rebotes, e 8/13 nos arremessos (nenhum lance livre)
- BRA: 22 pontos, 5 rebotes e 9/21 nos arremessos (quatro lances livres)

Percebemos que argentinos e porto-riquenhos diminuíram o volume de jogo do astro 

2) Francisco Garcia
- PUR: 2 pontos, 1 assistência, 2 erros e 1/10 nos arremessos
- ARG: 12 pontos, 2 assistências, 3 erros e 5/10 nos arremessos
- BRA: 14, 0 assistências, 3 erros e 5/8 nos arremessos (4/5 de três)

O que Porto Rico fez para forçar essa péssima noite de Garcia? O fato é que o ala teve seu melhor jogo contra os brasileiros. Olho nele, Alex.

3) Jack Martínez
- PUR: 12 pontos, 9 rebotes e 4/9 nos arremessos
- ARG: 8 pontos, 11 rebotes e 3/10 nos arremessos
- DOM: 10 pontos, 10 rebotes e 5/11 nos arremessos

Independentemente do adversário, o pivô é um terror nos rebotes. Ele precisa ser bloqueado com afinco, especialmente na tábua ofensiva.

4)  Luis Flores
- PUR: 2 pontos, 4 assistências, 4 erros, 0/5 nos arremessos
- ARG: 4 pontos, 0 assistências, 3 erros e 1/6 nos arremessos
- BRA: 10 pontos, 5 assistências, 0 erros e 4/6 nos arremessos

Luis Flores já foi um grande cestinha nos tempos de universitário nos EUA e não pode ser ignorado, possuindo bom arsenal: chute de longe, em flutuação ou bandejas – só não tem como forte o passe

O que fazer? Marcar Horford com tudo ou tentar tirar seus companheiros de jogo? É um pouco do dilema que vivemos diante de Luis Scola no Mundial do ano passado. Naquela ocasião, sabemos que a missão não deu muito certo. Não só o pivô se esbaldou, como o elenco de apoio (Jasen, Pancho...) foram bem. Por outro lado, a experiência do confronto na primeira fase em Mar del Plata já dá a Magnano uma noção do que precisa ser feito. Ele já sabe o que deu errado. Vamos aguardar o que o nosso técnico argentino tem em mente para esse novo desafio.

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