segunda-feira, 5 de setembro de 2011

Seven seconds or less

Vai, chatão. Não vai ficar feliz nunca? O Brasil mete 27 pontos de vantagem para cima dos caras, e você vem dizer que não é para abrir aquele sorriso de babão?

É bem por aí mesmo, a não ser que queiramos fazer uma festinha discreta, para os amigos mais próximos  em homenagem ao fato de termos encontrado um adversário que arremessou mais de longa distância do que nós! 

Foram 22 bolas de três para o Uruguai contra 18 do Brasil. Desce mais uma, chefia! 

Marcelo Machado se arriscou apenas uma vez lá de fora,  enquanto Giovannoni tentou cinco de dois pontos e três de três. Alex? Nenhum arremesso de longe. Agora é uma rodada completa, grande! 

Demos 21 assistências e 69% dos nossos arremessos foram no perímetro interno, boa parte deles no garrafão. A saideira, por favor! 

Agora, respiremos fundo.

Deixemos essa embriaguez para trás. 

E voltemos ao triunfo brasileiro, aquele que alivia um pouco, mas  talvez não devesse ser encarado como uma reviravolta no torneio.

Em relação ao que vimos na primeira fase, não houve nenhuma mudança tática ou de rotação na equipe, tirando talvez uma maior incidência de marcação por zona. Magnano manteve as coisas como elas estavam. Isto é, apostando tudo em sua defesa, em uma pressão forte em cima da bola, especialmente nos dez primeiros segundos de bola, procurando desestabilizar a criação de jogadas dos adversários. Com os erros dos oponentes, desarmados ou em chutes desequilibrados de longa distância, as tropas do argentino, então, rasgavam a quadra para concluir no contra-ataque, tentando definir seus ataques o mais rápido possível quando tinha quadra aberta, ouvindo os berros do argentino ao lado da quadra. 

Diante de um oponente sem seu principal organizador, foi um prato cheio. Com Martin Osimani assistindo ao jogo do banco, sem poder lhe dar suporte na armação, o talentoso Gustavo Barrera talvez um dos jogadores mais subestimados no continente, de ótimo controle de bola, um tamanho e envergadura invejáveis pela posição – nada pôde fazer quando tinha de dividir a quadra com um figura chamado Fernando Martínez. Ele é baixinho (1,75 m) e corajoso como um JJ Barea e um arremessador exímio (16,6%) feito Ben Wallace. Em alguns momentos, foi nosso sexto homem em quadra. 

Valentia também é uma das virtudes de Leandro Garcia Morales. Mas o escolta está claramente longe de sua melhor forma, com apenas 8,6 pontos por partida e péssimo aproveitamento de quadra. Ele foi facilmente contido por Alex e Benite.  O ala Mauricio Aguiar, costumeiramente o terceiro certinha do time, também foi um desfalque muito sentido.

Além disso, apesar do tino admirável em seu posicionamento e seu jogo de pés criativo, Esteban Batista ainda é um pivô incapaz de sair do chão para saltar um pé de Fernando Martínez, o que facilita um pouco as coisas para nosso combalido Tiago Splitter. Batista pode fazer um estrago, não nos enganemos, mas, quatro anos depois de seu torneio sensacional em Las Vegas, ele é um jogador ainda mais lento e menos atlético, mais fácil, portanto, de ser controlado no mano-a-mano pelo catarinense, num perfil que diferente totalmente de Al Horford.

Estamos falando, então, de uma seleção uruguaia que já não dispõe de muito talento individual e ainda teve dois sérios desfalques. Com Osimani e Aguiar, o time perdeu para Porto Rico por dez pontos. Sem eles, não houve chance contra o forte ritmo de jogo brasileiro. 

Contra uma equipe mais encorpada como Porto Rico, com armadores muito mais gabaritados – é deles o Barea de verdade – e um pivô como Daniel Santiago para atacar a tábua ofensiva, ou mesmo uma seleção mais atlética como o Panamá – que tem outros dois reboleiros de primeira em Rúben Garces e Jamie Lloreda –, a estratégia de Magnano ainda precisa ser testada e aprovada para valer. 

É uma aposta arriscada do treinador campeão olímpico. Se o Brasil puder correr, as coisas tendem a se ajeitar. Se os brasileiros forem freados para um jogo de meia quadra... Melhor não pensar, que a ressaca pode ser das piores, sem festinha.

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