sábado, 31 de dezembro de 2011

Arquivo X

Os matemáticos jogaram a calculadora fora e aderem à lousa mágica, os filósofos perdem a cabeça e só querem saber de jogar PS3, os cientistas não encontram explicação alguma e migram para o Partido Republicano, os torcedores não sabem quem vaiar ou aplaudir e, na dúvida, matam o milk shake de chocolate e baunilha, a bolsa anão vai mudar em nada por isso especificamente, mas você que se prepare: coisas bizarras vão acontecer na temporada 2011-2012 da NBA. 

Não perca a linha, Mr. Stern: já bizarrices o suficiente na NBA este ano sem a sua intervenção
David Stern pode até nem vetar a próxima negociação do Lakers, mas viveremos um campeonato obscuro. Em apenas uma semana de liga, já pudemos detectar um número generoso de anomalias que podem ter relação, ou não, com o Sobrenatural de Almeida. Os teóricos da conspiração estão em alerta. A verdade nem lá fora está:

- A magia de Steve Nash vai chegando ao fim? O canadense vem com aproveitamento de apenas 31% nos arremessos e 33,3% nos três pontos. Com, respectivamente, 48,9%  e 42,9%na carreira, talvez ele seja o gatilho mais preciso que a liga já teve (pense assim: Steve Kerr matava suas bolinhas livre e sossegado depois das dobras feitas em Jordan, Duncan, Pippen ou David Robinson.

E aí, no que dá vai dar isso? Será o efeito da idade? Ou Nash, por precisar de muito ritmo de jogo, vai retomar suas médias aos poucos? Ou quem sabe os adversários não tenham o menor respeito por Grant Hill, Jared Dudley, Channing Frye e Shannon Brown, e venham usando uma defesa em colapso em torno do Capitão Canadá? Aguardemos.

- Você pode dizer que cabe um Kemba Walker e dois DJ Augustins dentro deste monstro, mas não pode deixar de se admirar com o fato de Boris Diaw ter pegado 27 rebotes em seus primeiros dois jogos. O mesmo francês que apanhou em média 4,9 na carreira.
E aí no que vai dar isso? Mais de dez rebotes por jogo? Pode esquecer. Por outro lado… Bem, demorou uns bons seis anos, mas esse talentosíssimo, preguiçoso e gordote ala-pivô retomou o ritmo de triplo-duplo-humano de sua temporada de estréia pelo Phoenix Suns, quando teve 13,3 pontos, 6,9 rebotes e 6,2 assistências por jogo, jogando como um "falso pivô", se é que isso faz sentido, nos gloriosos tempos de Seven Seconds or Less. Quem sabe a temporada puxada não o faça perder os quilinhos de "Royale with cheese" que acumulou em casa durante o locaste? Aí os jogadores de de Fantasy vão se lamentar de ter deixado Diaw-Riffiod cair para a décima rodada (uma confissão disfarçada, ok?).

Uma bola, mas poderia ser Le BigMac: lá vai o Diaw mergulhando
- Dwight Howard vem com uma seqüência de dois jogos com 24 rebotes em cada um dele, contra o New Jersey Nets e o Charlotte Bobcats, elevando sua média em quatro jogos para 17 por partida, o que pod... Mas pera lá: talvez fosse o que esperássemos do homem de físico mais imponente, ou assustador de todo o basquete, não?
E aí, no que vai dar isso? Parece, aqui de longe, que os constantes rumores em torno de seu nome, que o questionamento sobre sua lealdade a Orlando, as dificuldades nas negociações impostas pelo Orlando Magic, tudo isso junto e mais um pouco tenham levado Howard, enfim, a um nível de parede humana na defesa. De repente ele não liga para mais nada e ligou o modo kamikaze. Se isso a) só vai deixar o time da Flórida mais reticente em envolvê-lo em uma troca, b) vai forçar o Lakers a dar Kobe, Gasol e Bynum, c) vai mostrar que ele pode ter até um time decente em Orlando, aí é questão de esperar calado e protegido por uma armadura. 

- O elenco do New Jersey Nets é uma draga e ainda conseguiu piorar com a lesão de Brook Lopez, o time está no limbo, envolvido por dezenas de rumores e perto de se cruzar o rio, o Mark Cuban Russo Mutante tem mais o que fazer da sua vida agora ao bater de frente com Vladmir Putin, mas quem poderia imaginar esse fiasco que envolve Deron Williams neste início de campanha? Justamente o astro que supostamente havia se mantido em forma durante as férias prolongadas ao jogar na Turquia, tendo feito inclusive 50 pontos numa partida europeia? Pff…. O ex-Jazz vem com 34,9% nos arremessos, apenas 5,8 assistências e 4,5 erros, bem piores que os 46,2%, 9,2 e 3,1 de carreira.
E aí, no que vai dar isso? Olha, essa talvez seja a mais fácil: se Howard não desembarcar cedo em Nova Jersey ou no Brooklyn, que seja, talvez o brilhante Billy King, aquele que acabou com o time de Allen Iverson em Filadélfia, se arrependa de ter aberto mão de tantas escolhas de draft e do promissor, muuuuuito promissor Derrick Favors no ano passado.

E quem pode com o novo,  e barbudo, Spencer Hawes no garrafão dos Sixers?
- Spencer Hawes vem com média de 12,7 rebotes por jogo, uma reviravolta daquelas na vida de um dos maiores molengas da NBA (para comparar, sua média é de 5,7 na carreira e o máximo que teve foi 7,1 em seu segundo ano, em 2008-09). Na estréia, ele ficou a uma assistência de completar talvez aquele que seria o triple-double mais bizarro da liga. 
E aí, no que vai dar isso? Quando entrou na liga, Hawes já era conhecido por todos os gerentes gerais e scouts em atividade, observado desde os tempos de colegial, como um pivô técnico, grande, que se encaixaria com facilidade. Acontece que eles não imaginavam que sua pouca dedicação ao serviço e o medo de contato fossem tão gritantes. Neste ano, o pirado treinador Doug Collins não se cansa de elogiar a forma física com a qual o pivô se apresentou aos Sixers, e os resultados foram imediatos. Para completar, ele veio barbudo e com cara de mau. O time carece de uma presença no garrafão, e este pode ser o ano da vida do atleta.

- LeBron James arremessou apenas UMA bola de três pontos em quatro jogos, para um total de 148 minutos em quadra. 
E aí,  no que vai dar nisso? O astro do Miami Heat vem barbarizando, com o melhor rendimento de sua carreira – absurdos 33 pontos, 7,5 rebotes e 7,0 assistências, com 59.8% de aproveitamento de quadra. Agora… Já não ouvimos isso antes? Que ele está cansado das críticas e "entrou em uma missão"? Bem, a correção dos maus hábitos (massagear a bola no perímetro e arriscar arremessos desequilibrados aparentemente impossíveis) parece para valer agora, mas uma coisa não muda: na hora do vamos ver, foi Dwyane Wade aquele que fez as cestas das apertadas vitórias contra uma concorrência duvidosa: o Charlotte Bobcats e o Minnesota Timberwolves.  

Pode sorrir, LeBron: Dwyane Wade está aqui para cuidar de sua retaguarda

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