Bom, para os corajosos que têm frenquentado o VinteUm nas últimas semanas, deve ter sido notado o grande volume de conteúdo postado sobre a NBA, em detrimento de assuntos patrióticos. Acontece que isso vai rolar meio que de modo involuntário. A intenção não é colocar o NBB, ou a LBF, de escanteio.
Agora vem a parte da explicação: nem tudo nessa vida é fácil, afinal. Sim, apreciamos muito o que a liga norte-americana pode oferecer. Mas o que desequilibra a balança aqui é um fator chamado HoopsHype. Já falamos dele. Você dá uma espiada nesse site diariamente, uma ou duas vezes ao dia, e pronto: está ciente de tudo o que está rolando no noticiário do basquete norte-americano, coast to coast.
HoopsHype, a central de boatarias oficial da NBA, leitura obrigatória |
Aqui? Bem, mesmo estando apenas a alguns quilômetros de distância de Paulistano e Pinheiros, as informações minguam, mesmo com os despachos regulares das assessorias de imprensa dos clubes.
Agora vem a parte que você pergunta: mas para que diabos você jornalista serve?
Está aqui na descrição na coluna da direita: infelizmente não é o VinteUm que coloca o pão, o leite e nem mesmo o Yakult na cozinha. Está mais para hobby do que trabalho. Daí o alerta de que vamos mais dar pitacos atabalhoados, vamos vivendo disso. Furos dificilmente vão pintar. Não dá tempo de fazer cobertura factual de nada.
E, se você não vai atrás da notícia, complica muito, pois não há fluxo algum de informação sobre o basquete nacional para nos contextualizar. Não se enganem: não há modalidade no país que tenha mais botecos na vizinhança. O Bala na Cesta se fixou como um farol que joga luz a longa distância. O Basketeria surgiu com esse propósito também. O blog oficial do NBB também está acima da média. Mas são veículos especializados – eles têm "cesta" e "basket" em seus títulos. Quando vamos além do nicho, é terra de cegos.
Tirando Franca, algum time tem cobertura regular dos jornais de suas cidades? As TVs afiliadas dão algum espaço? Há setoristas que acompanhem seus treinos? Em um cenário desses, dependendos quase que exclusivamente do progresso dos sites dos clubes, que, em geral, ainda engatinham.
Franca é uma exceção: lá não dá para evitar falar de basquete, e que essa fase braba tenha um fim na virada de ano |
Nesse caso, também não estamos falando de algo que afete apenas o basquete. O vôlei (aaaaaaah, o glorioso vôlei) também tem de batalhar para conseguir seu espaço. Se forem falar com a turma dos esportes individuais, é melhor levar mais que um lenço no bolso.
Nos EUA, não. Nos tempos de repórter do UOL, bastava abrir o Denver Post ou o finado Rocky Mountain News, o Arizona Republic, o Cleveland Plain Dealer, que muito provavelmente teríamos um destaque sobre Nenê, Leandrinho ou Anderson Varejão. Na Europa, os sites da Liga ACB e da Euroliga transbordam de conteúdo, era uma baba seguir Tiago Splitter bem de perto, continua assim com Marcelinho Huertas ou mesmo Rafael Hettsheimeir, do modesto Zaragoza.
Daí o mea culpa. Enquanto tivermos apenas os jogos do SporTV (com uma transmissão pouco, mas muito pouco informativa, burocráticas, nas quais o narrador é ótimo, mas o comentarista tem uma nota só e os repórteres das praças chegam desavisados, sem noção alguma do que se passa na quadra e de quem são os personagens diante deles e têm de se apegar a perguntas de: "Qual sua avaliação desse primeiro tempo", "Que sufoco no final, hein, Murilo?", "Manteiguinha, 24 pontos... Ótima partida, hein?") e parcos VTs no Globo Esporte, em geral dedicados a gracinhas que tentem não expulsar o "grande público" do canal, e só, a NBA aparece como uma válvula de escape confortável (e atraente).
Só hoje, numa zapeada pela central oficial de fofocas da NBA, havia no mínimo tries matérias instigantes, profundas, inteligentes que valeriam comentários aqui. Duas seguem abaixo, enquanto a terceira foi promovida e vai merecer seu post próprio, mesmo:
- Sobre como Brook Lopez pode ter 2,13 m de altura, fazer 20 pontos por jogo, mas pegar menos rebotes que LeBron James, que fica zanzando pelo perímetro boa parte de seu tempo em quadra: "Era um monte de coisas, mas, primeiro de tudo, eu estava sendo preguiçoso", disse o talentoso pivô do Nets, ao Newark Star-Ledger.
Vai pro rebote, Brook! Pivô coletou apenas 6,0 por jogo na temporada passada, contra 7,5 de LeBron |
- Sobre o que se passa na cabeça de Mo Williams num momento desses em que o Clippers não só contratou Chris Paul, como trouxe Chauncey Billups para casa também: "Obviamente, cara, seu orgulho fica ferido. Mas uma vez que você supere essa parte do orgulho, se você começa a olhar apenas sob o aspecto do basquete... Todo mundo sabe que eu quero vencer. Todo mundo sabe que foram boas negociacões para a cidade de Los Angeles e para o clube. Então, tirando meu orgulho, era só uma questão de eu superar isso", disse o armador ao Los Angeles Times.
Para opinar, é preciso se informar antes.
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