domingo, 4 de dezembro de 2011

O que o Flamengo perde sem Leandrinho

Acelera, Leandrinho: uma faceta diferente no ataque do Fla
Já que no aspecto de marketing e expansão de sua marca no basquete o aproveitamento foi desperdiçado, a gente se limita aqui a refletir sobre o impacto técnico-tático que o Flamengo perde com a partida de Leandrinho rumo ao Canadá.

Antes disso, vamos aos números do jogador, em seis rodadas de NBB4, todos em médias: 19 pontos, 6 assistências, três rebotes, 68,75% nos arremessos de dois pontos e 42% dos três pontos, em aproximadamente 28 minutos.

Se descontarmos, no entanto, a vitória fácil sobre os garotos do Minas, na qual foi poupado por Gonzalo Garcia e esteve em quadra por apenas 15 minutos, os dados são ainda mais expressivos em cinco rodadas: 21,6 pontos, 4,8 assistências e 3,6 rebotes.

(Parêntese: os números foram apurados por este jornalista, o que é sempre uma temeridade em qualquer operação que envolva calculadora. Porque, até onde sei, o site da competição ainda não está disponibilizando as estatísticas dos jogadores. Depois de seis jogos? O que acontece? E, mesmo se estiver disponbilizando, e a anta aqui – com todo respeito ao animal chamado anta – não encontrou, o que já denota ao menos uma falha na hierarquização do portal. Fui procurar na seção de "estatísticas", o que deve estar correto, né? Mas só achei a geral de equipes, ao contrário do que ocorre na página específica da temporada passada).

(Então vamos a um segundo parêntese: será que os clubes fazem o seu próprio scout neste caso, de jogo a jogo, preparando-se para lidar com seu próximo adversário? Há alguém na comissão técnica ou diretoria designado para isso? Importa para o pessoal daqui alguma avaliação estatística antes dos confrontos?)

Ok, dúvidas colocadas, ufa!, e de volta ao propósito do texto...

Que o Flamengo perde um cestinha de mão cheia, toda a torcida rubro-negra já sabia. O que nos resta detectar é o modo como o astro da NBA fez seu estrago, tendo seu aproveitamento altíssimo nas bolas de dois pontos como a dica. Se acertou uma boa quantidade de seus chutes de longa distância, Leandrinho foi muito mais perigoso, quando resolveu bater para dentro e colocar pressão para cima das defesas adversárias. Num elenco que conta com atiradores da precisão de Marcelinho e David Jackson? Um pesadelo para a oposição, que nem intriga podia causar. Confira no vídeo abaixo, com a possibilidade de ficar um pouco tonto:


Se as penetrações do Barbosa abriam a quadra para as bombas desses chutadores, serviam também para derrubar a primeira linha defensiva dos adversários e, desta forma, desestabilzá-los em quadra. Um passe dado para fora (o "kick-out-pass") e uma rotação de bola bem feita, e a chance de encontrar um companheiro livre e mais bem posicionado para o arremesso era muito provável, e mexer a bola no perímetro, com os pés plantados, é algo que ninguém pode questionar entre as habilidades de Machado.

Os rubro-negros agora vão precisar se ajustar. Marcelinho e Jackson criam situações quase sempre voltadas para o perímetro externo, e seria prudente que um deles procurasse diversificar seu jogo, correndo o risco de algum dia desses trombarem e baterem cabeça algum dia desses. É um desafio e tanto para o treinador argentino, que pode ficar reduzido a infiltrações do armador Hélio, e só, em sua dinâmica ofensiva, e com eficiência bem inferior.

Bem, também tem uma coisa: com ou sem Leandrinho, o Flamengo foi longe nas últimas campanhas do NBB de qualquer jeito, liderado pelo volume de jogo de seu camisa 4. Seu talento quase sempre foi o suficiente para colcoar a equipe na final. Agora, com Jackson e o nosso camarada Federico Kammerichs, Caio Torres em ótima forma, não há como duvidar desse favoritismo. Talvez porque o padrão de defesas ao qual estamos acostumados não exija o tipo de preocupação aqui desprendida.

Afinal, não só Leandrinho foi o único reforço do Fla a arrebentar ofensivamente nessas primeiras seis rodadas: o próprio Kammerichs, um jogador que se alimenta de sobras no basquete internacional (tipo um chacal na savana africana), foi transformado numa força dominante de garrafão, o que vale um post futuro, com certeza. Talvez, aí, com as estatísticas já oferecidas de modo mais fácil pelo site oficial.

Leandrinho, já infiltrado na defesa sorocabana em jogo de despedida

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