sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

Uma paixão de nome Nemanja Bjelica

Nemaja Bjelica, fora o estilo
Recomenda-se aos jornalistas isenção, imparcialidade, objetividade. Pode parecer algo impossível de se cumprir, mas que está na cartilha, não há dúvida. Mas nesse post aqui, fica o aviso: vamos jogar tudo isso para o alto.

Porque o assunto é Nemanja Bjelica.

Já começa pelo sobrenome. Bjelica. Um ala sérvio, que joga pelo Baskonia, clube espanhol vulgo Caja Laboral, a ex-equipe de Tiago Splitter e Huertas. Em seu país, a pronúnica deve ser algo como Bielitsa. Entre nós, aportuguesado ou balcanizado, fica bom igual, não?

Pois bem: é o ala sérvio de 2,09 m de altura, 23 anos de idade e taurino, como um Giampietro por aí – no que se refere a signos, claro. (Fontes anônimas, mas confiáveis também dão conta de que ele dificilmente reclamaria da estatura e da graça com a qual esse Bielitsa pode jogar basquete).

Dois pontos para Nemanja Bjelica, cheio de graça na quadra
Nesta sexta, reprise que seja, pudemos conferi-lo em ação pela Euroliga depois de um loooongo inverno – a última vez fora no Mundial da Turquia 2010. Um duelo com o Bennet Cantu, da Itália, mas bem que poderia ser da Romênia ou Bennetton, que caminhava para uma lavada para o clube italiano. A vantagem beirou os 20 pontos no início do quarto período, até que os visitantes reagiram nos cinco minutos finais, perdendo por apenas três pontos de diferença (71 a 68).

Foi neste quarto que Bjelica brilhou mais – ênfase aqui no "mais", porque brilhar, afinal, já seria algo corriqueiro. O exigente, ou sadomasoquista, como preferirem, treinador Dusko Ivanovic o colocou em quadra, sacando as maquininhas de falta e rebote Kevin Seraphin e Joey Dorsey,  com a intenção de ter um time mais leve e ofensivo em quadra, numa última cartada para reverter o panorama da partida. Na mosca. Seu substituto causou um alvoroço em quadra.

Na defesa, reforçou a marcação por pressão de sua equipe, dobrando para cima dos armadores com agilidade e braços intermináveis, resultando numa série de desarmes e as famosas cestas fáceis para o Baskonia. Quando o contragolpe não era encaixado, o sérvio ajudou os visitantes no espaçamento de quadra: começou a chover bola de três pontos para cima dos italianos.

Lá vai o Bjelica partindo no ataque feito Toni Kukoc
Pesou a favor do time a versatilidade do italiano, de mobilidade estonteante e também um ótimo passador – no Estrela Vermelha ("Crvena Zvezda" lá), chegou a atuar como um point-forward mesmo passando dos 2,05 m de altura. Pensem numa linhagem de Toni Kukoc, por favor. Dá para imaginar o semblante salivar dos scouts dos grandes clubes mundiais em suas visitas a Belgrado para avaliação do ala, um prospecto raríssimo e encantador. Falem o que for do time de Minnesota, mas foi o Timberwolves que o apanhou no "Draft" da NBA em 2010, aproveitando escolha do Washington Wizards (veja no vídeo abaixo, com a pronúncia impecável de seu sobrenome).

Contra o Cantu, Bjelica desperdiçou um lance livre quando o Baskonia estava atrás no placar por 69 a 67, tendo a chance de empatar o placar. Depois, na última posse de bola de sua equipe, mais uma vez com a chance de igualar o marcador ou mesmo virá-lo, pegou o rebote e puxou o contra-ataque por conta própria, arrancando com a bola cercado pelos baixinhos adversários Andrea Cinciarini e Nicolás Mazzarino (uruguaio velho conhecido nosso) e acabou desarmado pelo italiano. Suas médias no campeonato são de 4,4 pontos, 2,1 rebotes, 1,3 assistência e 1,3 roubo de bola. Nada impressionante, você vai dizer. Mas vão perguntar a Ivanovic, oras, por que ele o usa por apenas 12min47s em média.

Neste VT, porém, nada disso importou. Ele somou 11 pontos, quatro roubadas, três rebotes, uma assistência e um toco, matando quatro de seus oito arremessos de quadra. Por alguns minutos que fossem, ele valeu uma paixão. Em HD, melhor ainda. Urra!

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