quarta-feira, 30 de novembro de 2011

O mercado de Nenê

Nenê: enigma da vez no mercado da NBA
No ano passado foi aquele frenesi todo com LeBron James, Dwyane Wade, Chris Bosh, Amar'e Stoudemire. Para 2012, a boataria já é forte para cima de Dwight Howard, Chris Paul e Deron Williams. 

Posicionado entre essas tropas de astros está nosso Nenê Hilário, tido como a grande atração do mercao de agentes livres que foi aberto oficialmente nesta quarta-feira, com os times podendo entrar em contato com empresários e atletas.

Quando abriu mão de um contrato garantido de mais de U$ 11 milhões, muitos poderiam considerar que o sãocarlense havia surtado. Mas longe disso. Agenciado por Dan Fegan, das raposas mais felpudas nestes negócios, o brasileiro sabia que o timing não poderia ser melhor para entrar no mercado. A despeito das incertezas proporcionadas pelo lo(u)caute, uma vez que a poeira abaixasse, como abaixou agora, ele seria a bola da vez.

Seus principais concorrentes pelos milhões (e milhões, e milhões, e milhões...) de dólares disponíveis no mercado são o espanhol Marc Gasol, o gigantão Tyson Chandler e o ala-pivô David West. No momento, é Nenê quem desperta maior interesse, com seis times, além do Denver Nuggets, já envolvidos em negociações: os campeões do Dallas Mavericks, Golden State Warriors, Houston Rockets, Indiana Pacers, Miami Heat e New Jersey Nets.

Ao Yahoo.com, em entrevista a Marc J.Spears, repórter que acompanhava o Denver Nuggets como setorista em sua temporada de novato na liga, Nenê afirmou que não é o dinheiro que vai guiar sua decisão e que, se quisesse, já poderia se aposentar com um bom pé de meia feito.

Pode ser meramente uma frase para pressionar o Nuggets a quebrar a banca em sua manutenção ou forçar que Nets e Pacers (os dois times dessa lista que no momento têm espaço em sua folha salarial para fazer um alto investimento) gastem aos tubos por seu serviço. Pode ser também que o jogador esteja sendo sincero, e tal, abrindo chances para que algumas potências flertem com sua contratação.

Nenê também alegou na entrevista que a direção do clube do Colorado – enrolado durante toda a temporada passada pelo dramalhão em torno de Carmelo Anthony – demorou para conversar com seus procuradores em busca de um novo acordo, demonstrando certa chateação por isso, que teria sido um tratamento injusto. O tom, em geral, foi de alguém que está preparado para deixar a cidade (se não for apenas uma tática de negociação, vale ressaltar de novo).

Se for este mesmo o caso, o que cada um desses seis clubes poderia lhe oferecer em termos de oportunidades (esportivas, deixando as financeiras de lado)? Vamos examinar:

DALLAS MAVERICKS
Mark Cuban sempre foi chegado a torrar uns bons trocados em pivôs. DeSagana Diop, Erick Dampier, Evan Eschmeyer (clique aqui, por favor!), o imortal Shawn Bradley, entre tantos outras figuras inesquecíveis. Nenê obviamente é mais produtivo que toda essa cambada. Mas o palpite da casa é que ele seria apenas um plano B no caso de os texanos não chegarem a um acordo para manter Tyson Chandler, o que também parece improvável, já que o espigão foi fundamental na campanha do título.

Shawn Bradley: tamo junto em Dallas!

GOLDEN STATE WARRIORS
Procura-se um pivô desesperadamente. A equipe californiana talvez não tenha um grandalhão decente desde os tempos de Nate Thurmond e seu título nos anos 70, sem brincadeira. Manute Bol, um decadente Rony Seikaly, Adonal Foyle, Todd Fuller, Felton Spencer... A lista é interminável e folclórica. O letão Andris Biedrins parecia a solução, mas entrou numa espiral bizarra nos últimos anos, vendo sua confiança moídíssima. Aqui, um Nenê teria status de Shaquille O'Neal. Mas valeria apenas trocar Denver por Oakland? O Warriors tem um novo grupo de donos que promete investir pesado. Stephen Curry é um armador de muito potencial. Se a intenção do sãocarlense é brigar no topo, porém, aqui seria um regresso.

HOUSTON ROCKETS
É o time dos nerds. Gente formada no MIT na gestão. O clube que lidera a revolução estatística da NBA. Devem amar Nenê, que se dá bem em qualquer índice métrico divulgado nos EUA. Lá, ele poderia fazer parceria com Luis Scola, se não se incomodar em dividir espaço com o carrasco de sua última passagem pela Seleção no Pré-Olímpico de Las Vegas 2007. Chegaria com status de estrela, como referência ofensiva ao lado do ala Kevin Martin. Sua presença poderia ser o fator a empurrar o Rockets de volta aos playoffs no Oeste. Hein, hein?

Houston, we have a solution: Nenê poderia unir forças com algoz Luis Scola 
INDIANA PACERS
Mais um clube que teve uma ótima década de 90 na NBA, passando no momento por um projeto de reformulação. Chegou aos playoffs do ano passado, mas com uma campanha abaixo da média. Tem, de todo modo, uma base promissora. Nenê, aqui, seria deslocado para a posição de ala-pivô, a não ser que se desfizessem da torre chamada Roy Hibbert. No Leste, teria mais chances de convocação para um All-Star Game. E poderia ganhar um bom salário. Que tal?

MIAMI HEAT
Um "Big 3" de conluios não parece o suficiente na Flórida. Os frescos percisam de mais ajuda. Nenê cairia dos céus. Será? Nenê aqui certamente ficaria perto do título, mas... A que preço? Literalmente ou não. Já foi um sacrifício dividir a bola entre James, Wade e Bosh. O brasileiro se contentaria com um papel de Joel Anthony? Que é basicamente o seguinte: apanhe o rebote, dê o toco, tome porrada por nós no corta-luz e se contente com as migalhas de rebote ofensivo. Não sei bem o quão feliz o pivô ficaria ou mesmo o quão capacitado ele é para desempenhar essa função. Bleargh.

"Olha, Joel, vê se faz assim e assado", aponta LeBron. Nenê vai topar?
NEW JERSEY NETS
Recusados por James, Wade, Bosh e, por fim, por Anthony no ano passado, a franquia do russão Prokhorov está desesperada atrás de reforços. Aguardam com ansiedade a entrada de Dwight Howard no mercado. Mas será que eles abortariam seus planos ambiciosos de dominação da América para fechar com Nenê agora? Talvez fosse uma contratação para agradar ao armador Deron Williams, quem sabe. Sob a batuta do trilhardário magnata, esse paulista poderia esperar uma série de mimos e regalias.

Algumas cartas estão na mesa. Agora é só esperar uma ou duas semanas para ver o que o enigmático Nenê tem em mente.

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