Um Marquinhos mais confiante após a conquista da vaga olímpica? |
Mas parabéns ao clube paulistano, que enfim viu sua estrutura premiada. A equipe vinha subindo degraus até bater na trave no ano passado. As frustrações recentes nos mata-matas, no entanto, não abalaram o investimento na modalidade.
Algumas trocas de jogadores foram efetuadas, o elenco, reforçado e mesmo a comissão técnica ganhou mais corpo com a descida de Claudio Mortari do escirtório para a quadra, mantendo João Marcelo Leite como seu assistente. Não necessariamente pela maior competência (ou não) de um em relação ao outro, mas pelo simples fato de se compor um grupo técnico maior, capaz de desprender mais atenção ao time, algo louvável diante de uma realidade que usualmente se impõe pelo corte de gastos.
Agora, alguns breves comentários (positivos) sobre os campeões:
- O aguerrido Olivinha deve ser o sonho de cada treinador. Contribui para a equipe sem precisar da bola, faz o serviço sujo, não dá trabalho e consegue muito com pouco – não é o jogador mais atlético em quadra, ou o mais veloz, mas ele encontra os mais diversos meios para estufar a planilha de estatísticas. Sozinho, apanhou mais rebotes que Morro e Marquinhos juntos no campeonato todo (170 a 147 até a última partida). Um jogador único, de estilo pouco ortodoxo. Liderou o time em percentual de três pontos (44,3%).
- As limitaçõe ofensivas, em termos de pontuador, do argentino Juan Figueroa são evidentes, mas estamos falando de um atleta fundamental que age como a figura estabilizadora em um ataque que conta com o fominha Shamell (fominha mesmo: é frequentador assíduo da lanchonete Hamburguinho, que fica literalmente do outro lado da rua). O americano muitas vezes não permite o ritmo ofensivo necessário ao time. Vejamos: o armador somou 77 assistências e 114 arremessos no total, enquanto Shamell acumulou 79 e 285, respectivamente. Duas assistências a mais apenas e 2,5 arremessos a mais.
- Marquinhos foi poupado por Mortari, com média abaixo de 25 minutos por partida no campeonato, numa atitude muito serena e corajosa. O jogador encurtou suas férias para jogar o Pré-Olímpico, retornou ao clube já com a competição em andamento, e a temporada ainda mal começou. Há a Liga Sul-Americana pela frente, o NBB, nas quais o título é mais que possível, então não era o caso de queimar seu melhor jogador de cara. Mesmo com menos tempo de quadra, deu para notar o nosso Marcus Vinícius Vieira de Souza mais confiante, seguro e maduro, ciente de que seu talento muitas vezes não encontra rivais à altura. Mais agressivo, soube explorar os mismatches em quadra: atacando os jogadores mais altos pelo drible e os mais baixos de costas para a cesta no perímetro interno, terminando com eficiência de 54% nos arremessos de quadra.
- O pivô Morro está longe de ser daqueles tradicionais, muitas vezes falha na proteção de rebote (média de apenas 4,1 por jogo), mas é um dos poucos atletas nacionais que realmente jogam acima do aro, tendo influência na cobertura da defesa com seus tocos, mostrando que o jogo também pode ser vencido com impacto defensivo. Além de impulsão, o jogador tem agilidade rara para alguém de seu tamanho, e o palpite aqui é de que ele seria um alvo imediato num time hipotético do professor Paulo Murilo, pensando em sua combinação idealizada de dois armadores e três alas-pivôs móveis.
- O ala Renato se tornou campeão estadual pelo quarto ano clube diferente, marca que tem de ser respeitada. (Fica uma sensação, no entanto, de que ele nunca foi o jogador que poderia ter sido, não? Teve um dia o pacote completo: tamanho, visão de jogo, arremesso, habilidade, mas, por alguma razão, talvez o apego aos familiares, não cruzou as fronteiras de São Paulo. Nos tempos de Ribeirão Preto, falva-se dele e Alex de igual para igual).
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