O campeão Tyson Chandler chega com tudo ao Knicks |
Diante de um grupo cada vez mais fraco, ou menos instigante, de universitários disponíveis – a loteria em 2000 havia sido particularmente sofrível, e Stromile Swift e Marcus Fizer estão aí para dar um alô –, os cartolas imergiram no basquete colegial, foram direto para a fonte.
Era como uma busca pelo Eldorado. Uma exploração ambiciosa por novos Kobes, KGs e T-Macs. Observaram religiosamente jogadores de 17 anos, fizeram projeções, construíram sonhos, brincaram com o mercado futuro.
Dos 11 primeiros selecionados em 2001, cinco saíram direto do High School. Três deles entre os cinco primeiros: Kwame liderando a lista, pelo Washington Wizards, Chandler em segundo, pelo Los Angeles Clippers e repassado ao Chicago Bulls, o mesmo time que selecionou Eddy Curry em quarto. (Os outros dois: DeSagana Diop, pelo Clevaland Cavaliers, em oitavo, e o ala Kendrick Brown, pelo Boston Celtics, em 11º).
Como protótipos de jogadores? todos muito interessantes.
Capacitados e educados a lidar com a enorme pressão de contratos milionários e a alta expectativa de jornalistas e torcedores? Nem tanto.
Foi um desastre.
Kwame foi massacrado piscologicamente pelo jogador-cartola-proprietário Michael Jordan e pelo obsessivo treinador Chris Collins, que, em vez de protegerem seu diamante bruto, assumiram como esporte favorito a arte de humilhá-lo em público.
Em Chicago, o projeto de criação de uma segunda versão de Torres Gêmeas com o espigão Chandler e o gordote Curry foi conduzido com um pouco mais de paciência – o clube sonhava em construir um time de gigantes, no qual o mais baixo seria Jamal Crawford, então travestido de armador, com quase 2,00 m de altura. Com uma formação nem tão monstruosa assim, cinco anos depois, a equipe voltou aos playoffs, embora os dois pivôs fossem coadjuvantes nessa campanha. No fim, em 2005, Curry, com uma condição cardíaca que lhe colocava em risco em quadra, foi negociado com o Knicks. Em 2006, Chandler foi praticamente entregue ao New Orleans Hornets.
Michael Jordan brinca de acabar com a confiança de Kwame Brown |
A partir do momento que cortaram o cordão umbilical com suas primeiras franquias, cada um teve um destino bem diferente. Embora tenha se desenvolvido em um jogador elogiado por suas habilidades e inteligência como defensor, o ex-número um do draft virou referência em piadas sobre trocas descabidas, já que foi envolvido como peça central em negociações por Shaquille O'Neal e Pau Gasol. Sempre lutando contra a balança, envolvido em casos cabulosos fora de quadra, Curry virou um carma em Nova York, onde jogou jogou apenas dez partidas de 2008 a 2011, descartado com certa ojeriza pelo técnico Mike D'Antoni. Chandler alternou bons e maus momentos em Nova Orleans, mas encontrou sua redenção na temporada passada ao capitanear uma surpreendentemente sólida defesa do Dallas Mavericks que ajudou Dirk Nowitzki a celebrar seu primeiro título.
De um jeito ou do outro, contudo, eles deram um jeito de sobreviver na liga. Não sei bem se irônico é o termo a ser empregado aqui. Talvez valha mais um "quem diria?": em alta, Chandler assinou por algo em torno de US$ 60 milhões e quatro anos com o mesmo Knicks que não podia ver Curry pintado de ouro (ou coberto de chocolate); Curry recebe a (última?) chance como uma aposta de baixo risco do Miami Heat para seu garrafão; Kwame, veja só, assinou por US$ 7 milhões com o Golden State Warriors para patrulhar seu garrafão no próximo campeonato.
Desde 2001, o processo de recrutamento de novatos da NBA passou por diversas modinhas e mudanças. Vieram a onda dos adolescentes estrangeiros, os novos Dirks e Gasols (ou Gasóis?), logo seguida pela bateria antigringos e mais e mais colegiais com graus bem diferentes de sucesso: LeBron James, Dwight Howard... Monta Ellis, Andrew Bynum e Josh Smith... Lou Williams e Dorrell Wright... JR Smith e Andray Blatche.
A busca não cessaria, aliás, até que fosse instaurada a regra de limite de idade que bloqueia a entrada dos caçulinhas sem passagem pela universidade. Durante o lo(u)caute da liga, porém, com qualquer regra congelada, os olheiros, antes banidos deste ambiente, trataram de invadir os ginásios para observar a garotada novamente de perto, enquanto ainda fosse tempo. Vai sempre existir um Eldorado para nos cativar e, quem sabe, salvar.
O ala Shabazz Muhammad é o próximo fenônmeno do High-School dos EUA já na mira dos olheiros da NBA |
Nenhum comentário:
Postar um comentário