sábado, 12 de maio de 2012

Contra a parede


Coração do Pinheiros, Olivinha ajuda seu time a escapar do paredão

Uma das coisas que chama a atenção quando se entra no ginásio principal do Pinheiros é aquele enorme paredão à nossa frente. De um lado, a arquibancada lotada, com a criançada fazendo uma algazarra daquelas. Do outro, aquela parede morta, amarronzada a nos encarar. 

Passa um pouco a sensação que o time de Claudio Mortari enfrentava uma semana atrás, depois de perder na mesma arena para o Joinville e se ver a uma derrota de uma eliminação chocante e histórica. 

De alguma forma, porém, essa equipe conseguiu sobreviver. Teve muito trabalho para vencer o terceiro confronto, ecapando de uma varrida humilhante com uma virada no quarto período, em que entrou atrás do placar. No quarto jogo, extremamente tenso, desperdiçou uma boa vantagem, permitiu a reação catarinense e precisou de uma prorrogação para matar a partida, com uma noite daquelas inspiradas de Shamell (27 pontos), em que sua produção justifica sua atitude em quadra. 

Mas quem acompanha esse norte-americano há anos sabe como é: nem sempre a dedicação é consistente – para não dizer que suas atuações beiram a displicência (média de três desperdícios por jogo) –, pode haver jogadas em que ele fica com a bola por 20 segundos antes de decidir arremessar ou passar na fogueira para um companheiro, as bolas de três forçadas (na série, ele encaçapou apenas quatro em 20 tentativas), e a gente poderia continuar listando. O que se lamenta mesmo: que o jogador dispõe dos talentos necessários: é veloz e pode ser um bom marcador quando quer, tem habilidade com a bola e no chute. Mas não dá para avalizar o "quando quer", é isso que pega aqui no QG 21.

De qualquer forma, Shamell acabou se destacando num jogo crucial, que, desconfio, deixou os jogadores de Joinville arrasados. Ficaram tão perto de comemorar uma vaga em casa com sua torcida companheira, mas perderam todo o embalo na série e não conseguiram repetir em São Paulo a vibração de suas viagens anteriores, encerrando uma campanha memorável.

Ao investigar os números dos cinco jogos, no entanto, antes de esmiuçar o basquete do gringo, mais interessante foi constatar a coincidência da reação do Pinheiros com a subida de produção de Olivinha, que começou a série atrapalhado por uma contratura muscular na perna. Suas médias nas duas primeiras partidas: 6,0 pontos, 3,0 rebotes em 20 minutos. Nos últimos três confrontos: 13,3 pontos e 8,3 rebotes em 28,6 minutos. Hmmm…

Repetindo: o ala-pivô é o coração do Pinheiros, aquele que dá liga a um time que frequentemente ignora seus grandalhões e depende muito das investidas individuais de Shamell e Marquinhos – um acaba assistindo ao outro a cada ataque, embora duas ressalvas se façam necessárias no caso do brasileiro: ele tem MUITO mais predisposição ao passe e a diferença de estatura e capacidde atlética para a maioria de seus defensores é gritante (ainda mais quando vista ao vivo), fazendo de suas jogadas algo muito mais palatável. 

Marquinhos, em raro momento em que pode parecer mais baixo que Audrei

E funciona assim mesmo o time de Mortari. Pelo menos dois dos três precisam jogar em alto nível em cada uma das partidas que vêm pela frente contra o tinhoso  e tarimbado Brasília. O confronto com o Joinville já foi bastante físico – Kojo Mensah e, principalmente, Shilton não aliviam –, mas agora vêm gigantes como Tischer e Alírio pela frente, além de Alex. 

Nas semifinais, o Pinheiros não vai poder se dar ao luxo de ficar com um 0-2 no placar. Num cenário deles, a casa cairia, com paredão e tudo.

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