sexta-feira, 16 de março de 2012

Os mistérios de março

Os pirulões de Georgetown tentam fechar o garrafão
Se você zapeia pelo confronto entre as universidades de Georgetown e Belmont e chega a essa partida em seus últimos jogos e vê um placar apertado, que pode ser virado em três posses de bola, fica difícil de entender. 

Já é alarmante a discrepância em histórico. De um lado temos Hoyas de Georgetown estão acostumados a jogar pelo título nacional, têm jogadores como Patrick Ewing, Dikembe Mutombo, Alonzo Mourning, Roy Hibbert, (e Othella Harrington!!!) entre seus, digamos, produtos. Do outro, os Bruins de Belmont nunca tiveram um jogador sequer a fazer emplacar uma carreira na NBA e só jogam para valer na conferência Atlantic Sun – para eles, qualquer participação nos mata-matas da NCAA é lucro. 

Não obstante, aqueles rapazes de cinza dos Hoyas são imensos. Não necessariamente brutamontes, mas longelíneos, um mais comprido que o outro, tapando o garrafão quando resolvem fazer uma marcação por zona. Seus armadores e alas também são muito desenvoltos fisicamente, com sprints de atletas em quadra. Por outro lado, pelos Bruins estão uma série de branquelos magrelos, mais baixos, que dão a impressão de que nem alcançar o aro vão alcançar. 

E é isso aí: faltam menos de cinco minutos, e a partida está equilibrada, com aquele clima de suspende gostoso do torneio – gostoso se você não é um dos formandos doentes pelos times envolvidos, claro. Você não sabe quem vai ganhar e não entende por quê. Como uma discrepância física e de moral daquelas não se traduz no placar. 

Para ser sincero, como o jogo chegou ao VinteUm só nos momentos derradeiros, não dá para inventarmos aqui as razões desse mistério. Nas poucas posses de bola que vimos, deu para notar que Belmont consegue espaçar bem a quadra, seus jogadores estão em constante movimento pelo perímetro interno e externo e não fugiram do pau.  Com cerca de três minutos para o fim, porém,  o pivô Henry Sims fez algumas boas jogadas com falta e cesta no garrafão, outro pirulão de Georgetown resolveu distribuir tocos sem fim e, de repente, os Hoyas dispararam no placar. Um placar, logo, que se tornou mentiroso no fim: 74 a 59. 

São fatores como esses que tornam o torneio nacional da NCAA um evento imperdível para quem gosta de basquete e de esporte. A diversidade de estilos técnico-táticos compõe um tabuleiro de xadrez envolvente. Como lutar contra os gigantes? Como lidar com o time mais musculoso? E com aquele time que tem quatro jogadores em quadra com aproveitamento superior a 40% dos três? Vemos os clubes que decidem correr o tempo inteiro e outros em que sair para o contra-ataque parece algo proibido. Times que vivem e morrem pelos três pontos. Times com pivôs talentosos, mas armadores vulneráveis. Ou o contrário, claro. E esses estilos vão se confrontando, rodada após rodada. Há muitos fatores-surpresa, zebras, cinderelas e drama envolvendo adolescentes que podem ser badalados – ou não – desde os primeiros anos de High School, mas ainda são adolescentes.  



Na hora dos mata-matas, qualquer esquerdista de prontidão deve descontar a parte política  e sujeirada institucional, algo que poderia despertar uma aversão suprema devido ao constante e detestável tráfico de influência, corrupção, opressão e, em muitos casos, exploração e injustiça com muitos garotos (sempre o elo mais fraco, claro). Em março, realmente devemos deixar isso de lado por um pouco que seja e apreciar a diversidade e pureza do torneio, do jogo jogado em quadra

Uma pena que Fabrício Melo e Scott Machado não possam participar dessa experiência enriquecedora. Para acompanhar tudo, a ESPN HD vem oferecendo uma cobertura razoável. Mas o recomendado talvez seja pagar quatro dólares mesmo e ter a chance de ver TODAS  as partidas das loucuras de março no site oficial do evento. 

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