Uma coisa é certa: Nenê está muito mais bem vestido esses dias |
Em Denver, além das lesões e do drama com o câncer, uma história constante que girava em torno de Nenê era sua, digamos, incapacidade de ser egoísta.
George Karl, Chauncey Billups, Carmelo Anthony, Andre Miller, Marcus Camby, colunistas, assistentes técnicos, torcedores, as Montonhas Rochosas inteiras clamando: por favor, Nenê, arremesse uma ou outra bola! Na hora de falar a respeito, o brasileiro não desenvolvia muito a respeito. Não porque não consegue. Quando ele está confortável com o microfone, Maybyner Rodnei Hilário pode causar estragos. O nosso grego que o diga.
Mas não faz parte do perfil do jogador. Ele é do tipo que gosta de dar um passo atrás, se ajustar, deixar o curso seguir. Rodeado de veteranos e com um técnico bastante expansivo, pelos Nuggets ficava fácil, então, se esconder, passar batido pela zona mista e no vestiário. Com a troca para Washington, porém, chegou a hora de Nenê falar e liderar.
Não só porque ele agora é a novidade da franquia, numa grande cidade, e tem um Washington Post batendo à porta. Mas, num Wizards desesperado por qualquer acréscimo de maturidade, qualquer lição de vida, o sãocarlense está meio que obrigado a assumir esse papel.
Pegue o elenco dos vizinhos de Obama. Apenas três atletas são mais velhos que Nenê: Maurice Evans, Roger Mason e Rashard Lewis, três alas com função marginal na quadra a essa altura do campeonato. Para exercer uma influência, fica muito mais fácil se você estiver jogando para valer na quadra (leia-se: fala e faz). E de novo: em sua nova equipe, que tem os uniformes mais legais da liga, não há escapatória para o brasileiro.
O armador John Wall é a grande aposta da franquia. De resto, Jan Vesely ainda precisa ser observado com paciência, assim como Kevin Seraphin, um dínamo que vem florescendo, Trevor Booker, um trator e Jordan Crawford, um tanto maluco e intrigante. Em termos de hierarquia, contudo, Nenê aparece em segundo numa conta razoável.
Por enquanto, batalhando com dores musculares nas costas, o pivô elevou consideravelmente seus números de rebote, subindo de 9,1 para 11,1 em 36 minutos, de Denver para Washington, respectivamente. A pontaria também subiu de 50,9% para 52.7%. O resto é praticamente o mesmo, inclusive em arremessos, que subiram apenas de 12,2 para 12,7 – e precisa ser mais.
Com Nenê em seu elenco, o Washington até agora tem apenas uma vitória em cinco jogos, mas há alguns sinais de progresso: as quatro derrotas somadas dão apenas 11 pontos.
"É um processo longo, é difícil. Vou repetir isso toda vez. Este time é jovem, um monte de jogadores em seu segundo ano ou novatos. Você tem de aprender. Ver o que pode aprender em uma derrota e melhorar. Tudo vai ser uma grande experiência agora. Trabalhamos, passo a passo, e estamos melhorando em muitas áreas", disse Nenê ao W-Post, em uma explanação bem mais longa do que qualquer uma que vimos ao Post de Denver.
"Nós não vamos nos tornar o melhor time amanhã. Mas se continuarmos do jeito que estamos, trabalhando duro, jogando juntos e aprendendo, vamos ser um bom time no futuro."
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