segunda-feira, 19 de março de 2012

Quem quer um campeão?

Um jogador de 37 anos está disponível no mercado da NBA. Suas médias são de 5,9 pontos, 3,3 assistências e 2,1 rebotes. Acerta apenas 38,3% de seus arremessos. Ele comete um erro a cada 18% de suas posses de bola. 

Mas, acredite, esse jogador, pode ser a peça decisiva para definir com quem fica o troféu desta temporada. Exagero? Não quando estamos falando do veterano e cascudaço Derek Fisher, pentacampeão pelo Los Angeles Lakers. 

Capitão Fisher está disponível para os candidatos ao título
Fisher talvez seja o grande exemplo da NBA de hoje do jogador que desafia as métricas, avançadas, detalhadas ou não. Ele em geral está abaixo da média de qualquer índice analítico – e, nos que bate, seria avaliado apenas como um jogador medíocre. De modo que os cinco anéis pelo Lakers devam ser realmente um golpe do destino, não?Que fosse completamente inútil como muitos já estavam prontos para julgar? 

Pura balela. Obviamente que Fisher hoje não tem mais a mesma capacidade atlética de dez anos atrás, quando estava conquistando o terceiro título orientado por Phil Jackson. Não dava conta de perseguir e bloquear os armadores mais velozes e explosivos da liga, ainda mais com a mudança das regras que proibiram o contato com as mãos em infiltrações. Mas há ainda qualidades valiosas que ele ainda realmente pode oferecer a qualquer clube que convoque seus serviços: 1) experiência de causa; 2) estabilidade na movimentação de bola, senão brilhante, mas com poucos erros; 3) um matador para a hora h.

O milagroso arremesso de 2002 contra o Spurs, com Horry na direita da foto
Não é lenda, gente. Dias atrás, mesmo, ele fez isso contra o New Orleans Hornets, em um jogo complicado vencido fora de casa na prorrogação. O Lakers passou a partida inteira atrás no placar e deu o bote nos minutos finais, conseguindo levar a partida para o tempo extra. Nela, esse veteraníssimo ganhou bolas perdidas vitais. Seus últimos – por ora? – dois pontos pelo clube, foram para virar o marcador. Dali em diante, Kobe Bryant completou o serviço. 

O problema, no caso do Lakers, era depender demais de Fisher. Quando o clube contratou Ramon Sessions, temia-se que o antigo titular pudesse não lidar muito bem com a diminuição de seu papel. Mas o que motivou a franquia foi, mesmo, a economia, o corte do salário de seu velho capitão na próxima temporada. 

Na hora dos playoffs, porém, essa economia de milhões pode custar bem caro. Nem que fosse por uma só bola em uma só partida, Fisher podia fazer valer a conta. 

E atrás de uma eventual uma só bola em uma só partida que quatro clubes vão – ou deveriam ir – atrás nos próximos dias, no recrutamento do jogador, já dispensado pelo Houston Rockets, que não conseguiu convencê-lo a ficar no Texas:

Kobe vai aprender a viver sem Fisher em Los Angeles
- Chicago Bulls: segundo o ESPN.com, é a prioridade de Fisher. Faz sentido do ponto de vista tático: é uma equipe que joga com pouca transição ofensiva e aposta em sua movimentação meia-quadra e, na defesa, possui atletas aplicados que lhe ajudariam nos momentos de dificuldade. O problema? Ainda que Derrick Rose esteja cambaleando fisicamente, o Bulls já tem mais três armadores em seu elenco, dois deles – CJ Watson e John Lucas III, que vêm dando conta do recado, segurando o rojão e, na cultura estabelecida por Tom Thibodeau, dificilmente seriam "traídos" com a saída do time. 

- Miami Heat: o segundo na lista do supercampeão, o Heat vem apostando nos contra-ataques fulminantes liderados por Wade e LeBron, mas talvez não precise de seus cinco homens em disparada, já que o par aí pode cobrir a quadra toda. Fisher chegaria para ser reserva de Mario Chalmers, que vem em sua melhor temporada, e dançaria o novato Norris Cole, surpresa no primeiro mês da temporada que já não vai tão bem assim. Dois anos atrás, Pat Riley quase roubou Fisher de LA. Será que ele vai tentar de novo? LeBron já avalizou. 

- Oklahoma City Thunder: o novato Reggie Jackson, armador reserva, é uma aposta de Sam Presti, e, por isso, merece toda a confiança de David Stern. Mas o garoto revelado por Boston College não parece pronto para encarar as estrelantes batalhas dos playoffs que seu Thunder terá pela frente. Seu posto era para ser de Eric Manor, que está fora da temporada devido a uma grave lesão no joelho. Fisher entraria nessa, dando um respiro a Russell Westbrook, em dupla com James Harden. O Thunder mescla bem o jogo de contra-ataque com jogadas de isolamento para Westbrook, Harden e o supercestinha Kevin Durant.

San Antonio Spurs: depois de perder o experiente TJ Ford, que se aposentou, o clube texano estava prestes a assinar com o formiguinha atômica australiano Pat Mills. Tendo o Portland Trail Blazers enrolado em liberar o Aussie, o Spurs nunca chegou a formular o contrato. Com a disponibilidade de Fisher, ora, decidiram esperar. Lembram-se de Robert Horry na década passando, saindo do time angelino para jogar com Gregg Popovich? Fisher poderia seguir essa trilha. 

O que o VinteUm gostaria de ver? Fisher ao lado dos garotos do Thunder. Lá, ele seria uma liderança instantânea de um clube que ainda precisa ser mais testado, supriria uma carência na escalação da equipe e, se não bastasse, teria mais chance de bater de frente com Kobe e seus ex-companheiros – supondo que o Lakers termine com a quarta ou quinta posição no Oeste.

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