sábado, 7 de janeiro de 2012

Não foi dia para Marcelinho

Direto ao ponto?  Robert Day destroçou Marcelinho Machado no ginásio do Tijuca
O NBB terminou sua rodada de quinta-feira com Larry Taylor nas manchetes e retomou sua jornada neste sábado com mais um norte-americano em destaque: o ala Robert Day, de Uberlândia. 

Depois de anotar 50 pontos no Jogo das Estrelas do ano passado, esse jogador de um gatilho certeiro ganhou certo status cult. Foi uma atuação impressionante, mesmo, mas em partida que não valia nada, claro. Uma festa que dá visibilidade ao esporte, mas pouco acrescenta ao que importa na modalidade no país de verdade: a evolução em quadra. 

Neste sábado, porém, a coisa era bem séria, e Day mandou em quadra. E sabe do que mais? Não dá para esconder que o grinto simplesmente destroçou Marcelinho Machado. 

Não é muito legal – ou certo – falar em duelos individuais, há muita coisa acontecendo em quadra para se destacar um só aspecto do jogo, ou muita coisa acontecendo que pode influenciar esse determinado aspecto. Mas neste caso, dado o personagem rubro-negro envolvido, é muito tentador e não dá pra escapar.

Nos textos internacionais, a combinação "work hard" é religiosamente empregada, a ponto de virar um clichê ou de ser empregada até mesmo como chacota – célebres eram as entrevistas do aposentado Rasheed Wallace, mal-humorado que só e avesso a jornalistas, dizendo simplesmente que "both teams played very hard" e só. 

Tudo isso para colocarmos que, sim, Day deu muito mais duro em quadra e foi premiado com a vitória. O norte-americano correu atrás de Machado por cada corta-luz e esteve sempre pronto para contestar os arremessos do veterano flamenguista, pulando de modo disciplinado, com a mão espalmada à frente da face do brasileiro, sem cometer faltas. Com suas habilidades individuais reduzidas, sem poder mais jogar no um contra um, o ala carioca depende cada vez mais desse tipo de lance para pontuar. 

Enfrentando um defensor que provavelmente estudou bem o seu jogo – ou foi muito bem instruído por seu treinador –, acabou limitado a horrendos 4/16 de quadra (com apenas três bolas convertidas em 11 tentativas da linha de três pontos. Tem mais: terceiro melhor assistente do campeonato, com 5,88 em média, Marcelinho só deu um passe que resultou em cesta em 34 minutos de ação. E, acredite, piora: com o jogo pau-a-pau nos últimos minutos do quarto final, muito pressionado no ataque, o ala errou dois passes em tentativas (desequilibradas e como úuuuultimo recurso) de criar para os outros, em falhas que permitiram dois contragolpes e quatro pontos mortais aos mineiros, definindo o confronto. 

(Acha que terminou por aqui? Pffff.... No ataque rubro-negro seguinte a esses dois erros, o argentino Gonzalo Garcia ainda me monta uma jogada para quem? Marcelo, claro, e foi aquela mesma de sempre, dos tempos de Lula Ferreira na Seleção: ele vem da linha de fundo, com um corta-luz a seu favor na cabeça do garrafão, recebe a bola na linha de três, gira e tenta um chute forçado frontal ao aro. Saiu torto. Armar para David Jackson, que havia carregado o time no terceiro período e terminou com 15 pontos e 54% de aproveitamento, nem pensar, né?)

No ataque, Day terminou com caladinhos 29 pontos. Expliquemos os caladinhos: ao contrário do que aconteceu com Larry na partida contra o Paulistano, em que ele explodiu no quarto final numa atuação arrebatadora, o ala foi pontuando, pontuando, sem muito barulho, de modo consistente durante toda a partida, até você se dar conta e se deparar com uma linha estatística bastante estufada. Ele matou oito de seus 14 arremessos e ainda fez sete de seus sete lances livres. Apanhou também seis rebotes em 32 minutos. 

Com o constante influxo de jogadores estrangeiros nos elencos do NBB, alguns clubes acabam pagando micos. No caso do Uberlândia, tendo ainda o versátil Robby Collum no perímetro, eles estão muito bem servidos.

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