Havia algo errado.
Daquele time que havia levado o Flamengo de Leandrinho a um sufoco danado até o fim na estréia, que havia derrotado o Minas em casa semanas depois, o que jogou nesta quinta-feira contra o Pinheiros em nada lembrava.
Para um grupo inexperiente, de pouca tarimba, espera-se oscilações, algo natural. O armador Elinho, por exemplo, sem confiança alguma, não foi nem sombra do jogador frio que matou diversas bolas em transição contra os rubro-negros. O ala Pedro, que costuma sair do banco para encher a paciência de quem o marca, correndo muito sem a bola, buscando o jogo de modo agressivo, não acertava nada. Betinho demorou a se encontrar.
Elinho jogou sem confiança contra o Pinheiros |
Mas havia algo mais ali. Faltava ao time de Gustavo de Conti uma maior fluência no ataque, com pouca agilidade e movimentação de bola (nove assistências, 15 erros…), justamente as marcas positivas nos dois jogos a que havíamos assistido. De diferente, só o grandalhão paraguaio Araujo com mais tempo de quadra. E talvez sua presença – ainda mais sem ter participado da pré-temporada com a equipe – limite aquilo que o time tem de mais interessante, que o VinteUm julga ser a potencial imprevisbilidade de seu ataque.
Embora Betinho assuma o perfil para tanto e seja realmente muitas vezes usado de fato como a referência ofensiva do Paulistano, uma válvula de escape, o que chamou a atenção no confronto o Flamengo era aquele mistério de onde será que viria o próximo golpe. Podiam ser em investidas individuais de Felipe e Renato com seus truques no drible (o segundo, diga-se, limitado por faltas contra o Pinheiros, mas que é um atacante de mão cheia quando consegue induzir seu defensor a cair na finta frontal, girando em seu caminho até a cesta), ou jogadas de pick'n roll com os armadores, os tiros da zona morta/quina de Eddy (parece que ele não erra nunca dali), ou com Betinho e Pedro protegidos por corta-luzes no lado contrário.
Nesta quinta, pouco disso aconteceu, e um fato é que Araujo ocupa um espaço precioso dentro do garrafão, congestionando o setor, além de não ser exatamente um bom passador ou de não possuir tanta agilidade. Não é um mau jogador, de forma alguma, mas talvez não tenha o encaixe certo com este grupo, ou só lhe falte, mesmo, o devido entrosamento. Quando jogam com Felipe e Renato como seus "homens grandes", seu ataque rende com mais facilidade.
Sem essas variações, o time caiu num duelo de um-contra-um, e aí não havia como se equiparar ao que o Pinheiros oferece, ainda mais com um Marquinhos em grande fase. O ala da Seleção fez o que bem quis em quadra, quebrando defensores mais pesados no drible a partir do perímetro, carregando de faltas os adversários, servindo aos companheiros sem nenhum egoísmo e matando também a suas. Caminha, a meu ver, como o melhor jogador do campeonato.
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Abaixo do Paulistano na tabela do NBB vem o Limeira, um time que ainda não conseguiu replicar nesta temporada a química que obteve nos playoffs do Campeonato Paulista de 2010, numa campanha que culminou no título. Aquele grupo também era exemplo de um ataque muito bem distribuído. Eric, Ronald Ramon, Diego, Jhonatan, Daniel Alemão, André Bambu, Durelle Brown, Biro (mais alguém?) … Eles dividiam a responsabilidade no ataque e derrubaram o estrelado Pinheiros da mesma trinca Marquinhos-Olivinha-Shamell. Hoje a hierarquia do time parece diferente, com ônus para a coesão e energia defensiva, com conseqüências bem graves.
Os campeões paulistas de 2010 pelo Limeiras. Quem é quem? |
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O raciocínio em cima de um Paulistano com Renato e Felipe de pivôs vale da mesma forma para o vice-líder. Devido ao afastamento de Estevam por lesão, os versáteis Luis Felipe Gruber e Lucas Cipolini passaram a compor a dupla titular, e o basquete da equipe cresceu consideravelmente, num resultado direto de sua maior elasticidade em quadra. Algo que o professor Paulo Murilo pode avaliar com muito mais propriedade, já que se trata de uma mexida – involuntária, ou não – por parte do sereno uruguaio Miguel Volcan que apontou numa direção que ele defende há tempos.
De novo: nada contra o gigante Estevam, um dos nossos melhores pivôs da última década, de certa forma um cara subestimado e subaproveitado quando estava no auge. Sua capacidade atlética era absurda para ser usada por alguém cujo papel era limitado a mero lenhador, carregador de faltas.
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Aqui, de modo improvável, costuramos algumas pílulas de NBB com a história da conturbada transferência de Carmelo Anthony, e suas consequências para o New York Knicks e Denver Nuggets.
Em Nova York, a chegada do Astro causou uma estagnação ofensiva, da qual o ala Landry Fields foi uma das vítimas. Um CDF de Stanford, Fields surpreendeu muita gente, incluindo Mike D'Antoni, em seu ano de novato. Em um time que jogava em velocidade, abusando do contra-ataque, procurava os movimentos gerados pela confusão nas defesas para conseguir cestas fáceis ou arremessos, no mínimo, decentes, equilibrados, razoáveis. Sua produção rolou morro abaixo na atual configuração e sua fama outrora de intocável hoje é risível.
Landry Fields não é mais o mesmo com Carmelo |
Não dá para falar explicitamente que Melo seja um perdedor, ou um câncer, a razão de tudo isso. Vê-lo em ação, no entanto, só não passa nem um pouco de segurança de que ele seja o tipo de jogador pelo qual você desmantela uma equipe para se reconstruir ao seu redor. E, se o caminho escolhido pelo bilionário e desmiolado James Dolan era esse, ainda faltam muitas (muuuuuuitas) transações para o plano dar certo.
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Um mito constantemente disseminado na cobertura de NBA é o de que um time só pode ser campeão quando tiver um superastro, um "franchise player". Um Jordan, Magic, Bird, Olajuwon, Duncan, Shaq, Kobe, em torno dos quais você contrataria os jogadores corretos, os Steve Kerrs da vez e mandaria fazer as faixas. Essa seria a regra. Todos tratam o Detroit Pistons de 2004 como a exceção. Mas… Se houve uma exceção, não é sinal de que seja possível, ué?
E outra: superastros, sim, mas super-heróis? Só de vez em quando. Para serem campeões, eles contaram com uma ajuda danada: Kevin McHale, Bill Walton, Robert Parish, Kareem Abdul-Jabar (!!!), James Worthy, Scottie Pippen, David Robinson, Dennis Rodman, Kobe (por Shaq), Shaq (por Kobe), Pau Gasol, Clyde Drexler. Todos talentos raríssimos. Esses, sim, as exceções. Se você não tem o luxo de contar alguém dessa estirpe, o que fazer?
Pergunte ao George Karl, que nunca foi fotografado tão sorridente na beira da quadra. Seis de seus jogadores têm média superior a 10 pontos por jogo (Nenê, mesmo estrupicado, entre eles, com 13,5). Rudy Fernandez e Corey Brewer, recém-chegados, somam, respectivamente, 8,5 e 8,4 pontos por partida em 23,8 e 14,8 minutos de média. Não só o Nuggets ganhou em qualidade, como também adquiriu talento em quantidade na troca com o Knicks, ainda que possa ter perdido alguns carnes de ingressos nessa transação.
Danilo Gallinari é uma das armas do renovado Denver Nuggets |
Até agora, o único sinal de desconforto tornado público em meio a esse grupo de protagonismo dissipado veio do veterano armador Andre Miller, que afirmou não ter a intenção de seguir no clube ao final da temporada. Mas nem isso trouxe algum mal-estar, já que Miller é um dos jogadores mais dedicados e da liga, embora sua expressão sonolenta não o revele. Daqueles veteranos que chega quieto ao ginásio, faz um aquecimento breve e esmerilha na quadra, liderando por exemplo. No dia seguinte a suas declarações, vejam, ele arrebentou sua ex-equipe, o emergente Sixers, em Filadélfia.
O Denver tem, de qualquer maneira, uma dura batalha pela frente, lutando não só contra grandes rivais, mas contra toda uma percepção. Mas assim pode ser mais divertido, pelo menos para quem estiver assistindo.
o denver ainda precisa de mais um bom sf, só o Affalo, ou jogar com 3 armadores nem sempre vai dar certo. Se Wilson chandler voltar pode ser q dê, e ainda o time tem excelentes pg! mas sg sei ñ?
ResponderExcluirOlá, Kassius, o Chandler realmente cairia muito bem nesse time, aumentando o poder de fogo do time consideravelmente. Dependendo da pedida do ala, o Denver é o favorito para contar com seus serviços. O George Karl vem elogiando muito o Corey Brewer, que fez boas partidas quando o Fernández se lesionou, mas ainda é muito limitado ofensivamente (seu drible é muito vulnerável). Vamos ver, com o decorrer da temporada e o desgaste acumulado, o time tende a se sair melhor, por possuir um elenco mais volumoso se comparado com a concorrência. Abraço, Giancarlo.
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