Quem segura a bronca? |
Se o trabalho de um técnico, qualquer técnico, fosse pensar apenas no riscado da carga tática e a avaliação de talentos, pode ser que alguns ainda se atrapalhassem, mas que a vida deles ficaria muito mais fácil, não haveria dúvida.
Mas há muito mais que isso, né? Como os grandões Andrew Bynum e Lamar Odom evidenciaram nesses últimos dias.
O pivozão do Lakers, um mamute, não se cansa de desafiar dirigentes e técnicos do clube, arriscando até mesmo chutes inconcebíveis de três pontos, sem se importar com as instruções que recebe. Excluído por faltas técnicas por duas vezes na semana passada, no auge de sua crise com Mike Brown. De personalidade complexa, tem uma relação afável com os companheiros de elenco, mas também consegue tirá-los do sério ouvindo o maior som em seus superfones de ouvido que mais parecem caixas de boombox. Carinhosamente, ou não, passou a ser conhecido como o Club 17, e dá-lhe Jay-Z para o Pau Gasol ouvir.
Gasol, que é torcedor do Barcelona, mesmo clube que Kobe Bryant apóia no futebol, esporte pelo qual Bynum tomou gosto recentemente, mas no qual optou ser torcedor do… Real Madrid. Sacou?
Aí tinha o Lamar Odom, que até o ano passado formava com os dois pivôs acima a trinca de garrafão mais preocupante de toda a liga. Tinha. Primeiro porque ele foi despachado para o Dallas Mavericks logo depois do fracasso (leia-se veto) das negociações do clube por Chris Paul. Segundo porque qualquer ação que se refira a Odom para esta temporada tem de vir no passado mesmo, já que o Mavs veio a público nesta segunda-feira para nos informar que, de sacho cheíssimo, não aturam mais as infantilidades do ala-pivô e não pretendem mais nem ver sua sombra nos arredores do ginásio. Vai ganhar seu salário para passar as últimas duas semanas de temporada o mais distante possível. Se for para tocar seu reality show com a mulher, que se exploda também, é o que deve estar pensando Dirk Nowitzki.
"Odom é um jogador muito sensível", é a primeira frase aparentemente obrigatória para qualquer perfil que se escreva sobre esse versátil jogador, que conduz a bola com mais habilidade do que qualquer armador que o Lakers teve nos últimos dez anos e pode rebotear com os melhores da NBA – desde que esteja animado para tanto. Vamos lá: desde que esteja a n i m a d o, animadinho da silva, feliz e saltitante.
Ao ser descartado por Jim Buss, não foi bem o caso. Rick Carlisle tentou de tudo: elogiar, criticar, mimar, esculachar, dar mais minutos, menos minutos, mudar sua função, e nada. Nowitzki tentou integrar o reforço da mesma forma. Jason Kidd, Shawn Marion, Jason Terry, Brendan Haywood, Vince Carter… Um time experiente, preparado para absorver as dores-de-cabeça do ala e aproveitá-lo no que tem de melhor. Mark Cuban, o proprietário, já hospedou um dia Dennis Rodman em sua mansão. O Rodman, caceta! E não adiantou. A apatia de Odom passou de distração a fardo e, num último esforço para tentar arrumar a casa e sonhar com a defesa de seu título – algo que está beeeeeem complicado a essa altura –, o clube resolveu mandar o jogador para a casa do chapéu.
Agora pensa no Phil Jackson, aquele que alguns ainda têm a coragem de dizer que "só ganhou 11 anéis porque tinha os melhores, xuim-xuim, bua-buá".
Com Bynum ainda mais jovem, com todos os melindres de Odom, com um Kobe batendo bola feito um maníaco no ginásio, um espanhol barbudo de modos bem peculiares no meio, com um sujeito que hoje se chama Metta World Peace, nosso lunático herói, ele conseguiu levar o Lakers a três finais consecutivas e dois títulos.
Vá dizer ao Phil que a vida dele era muito fácil: "Só desenhar uma jogadinha pro Shaq aí..." |
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