*Daqui até os Jogos de Londres, vocês que aguentem: toca rock sem parar no QG do VinteUm, e o que não falta, neste caso, são referências britânica. Então é isso aí.
Deng e Gordon se reencontram em seleção britânica intrigante |
Saiu nessa semana a pré-convocação do British Team para as Olimpíadas, e a primeira coisa a se considerar é que esse momento de divulgação de listas – a de Magnano, por exemplo, sai 17 de maio – é o mais divertido de todos, não? Ler os nomes, resgatar o jogo da cambada na memória, procurar saber quem são aqueles que não conhecem, dar uma de técnico e imaginar a rotação do time etc.
Nem que seja com a do Reino Unido!
O Luol Deng a gente conhece de velha data, claro, um ala que é uma ótima peça complementar para qualquer equipe, mas que, pelos britânicos, veste a camisa de estrela da companhia. Um marcador bem determinado, com braços que não têm fim, e inteligente. No ataque, vem desenvolvendo seu jogo exterior num nível bem satisfatório, mas ainda se dá melhor jogando sem a bola e nos chutes de média distância, dois tipos de movimento que vêm sendo extintos do basquete, lamentavelmente.
Se tudo der certo para este congolês naturalizado, ele terá na seleção pela primeira vez a companhia do diminuto, mas bem perigoso Ben Gordon, que vem enrolando há anos para defender o time, embora diga que sempre seria um prazer fazê-lo. Vai dessa vez? Se for, ele tira uma pressão danada dos ombros de seu ex-parceiro de Bulls. Especialmente se suas últimas atuações pelo Detroit Pistons forem verdadeira e realmente apresentem uma retomada de uma carreira lamentavelmente abalada pelo dinheiro – optou pelo contrato mais polpudo na Motown e entrou numa tremenda roubada.
De última hora eles ganharam também o reforço do ala-pivô Byron Mullens, uma das gratas revelações da temporada, ainda que pelo patético Charlotte Bobcats. Afundado no banco do Oklahoma City Thunder por anos, o jogador recebeu tempo de quadra com Paul Silas na Carolina do Norte e se mostrou um atacante muito versátil e de imenso potencial. BJ prefere jogar de frente para a cesta do que de costas, com um arremesso praticamente impossível de se bloquear, dada sua estatura, e tem um tipo de jogo que se adapta perfeitamente ao jogo FIBA (ainda que esse jogo possa sofrer algumas alterações com a abolição do garrafão trapezoidal).
Além dessa trinca, o técnico Chris Finch, de quem se fala muito bem nos EUA depois do ótimo trabalho pelo Rio Grande Valley Vipers (!!!) da D-League, conta com o talento – e, principalmente, força – de um conjunto experiente de pivôs. Três deles estão em ação na Espanha: o jovem Daniel Clark, do Estudiantes, que rouba tempo de quadra de Lucas Bebê, o veteranaço Robert Archibald, parceiro de Hettsheimeir no Zaragoza, e, o melhor deles, Joel Freeland, do Unicaja. Freeland é um problema: muito atlético, forte e técnico. É o sétimo jogador mais eficiente da Liga ACB (seja lá o que isso quer dizer) e esteve no top 10 durante toda a temporada, caindo um pouco de produção nas últimas semanas de uma campanha frustrante do clube.
Além desses três grandalhões, Finch ainda pode escalar Pops Mensah-Bonsu, um dínamo de atleta, que hoje está no Besiktas, mas já rodou a Europa toda e a NBA. Distribui um monte de tabefes na bola, é um pentelho nos rebotes e pode fazer o serviço sujo com os melhores.
Enfim, em termos de garrafão, esse time não pode ser subestimado de modo algum.
O problema, e grave, claro, está na armação da equipe, ocupada ou por jogadores muito crus, como o talentoso Devon van Oostrum, que não é holandês e pertence ao Caja Laboral, e joga emprestado ao Terragona, ou por gente que não tem muito mais o que render, como Nate Reinking, americano que ficou por lá na matriz. São jogadores que podem sucumbir a fortes marcações, e, no fim, a bola fica quase o tempo todo nas mãos de Deng, em busca de organização. Gordon não tem a condução de bola como um ponto positivo em seu jogo, mas pode ajudar (um pouco ou muito?) aqui.
O mais interessante será acompanhar a reação dos londrinos em relação a esse time – inglês gosta de basquete? Entende? Pode empurrar essa seleção para cima? Ou nem dão bola e já acham que são losers antes mesmo de a bola subir? Ou vão ao ginásio apenas para aplaudir e babar pelo Dream Team?
É muito estranho se acostumar com a noção de que existe uma seleção britânica de basquete. Mas, aos poucos, eles conseguiram arranjar um time decente. Malemal, é um conjunto intrigante o que Finch terá em mãos, desde que pelo menos um armador se mostre como uma opção confiável – que pelo menos não cometa muitos erros e tenha um chute regular – para abastecer um quinteto com Gordon, Deng, Mullens e Freeman. Que antedam ao chamado.
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