segunda-feira, 30 de abril de 2012

O novo logo do Nets

Em New Jersey, o time chegou a ser bi-vice-campeão da NBA, naquela formação de Jason Kidd e Kenyon Martin que foi atropelada por Los Angeles Lakers e San Antonio Spurs em 2002 e 2003. No início dos anos 90, com Drazen Petrovic, Kenny Anderson e o doente do Derrick Coleman, havia uma promessa, mas a morte do croata foi trágica e demoliu o clube. Agora pegando a balsa ou atravessando a balsa, marcando base em Brooklyn, a franquia tenta renascer, com um logo bem bonito (e o Spurs perde o privilégio de ser o único com o preto em seu uniforme):

London, London


Começou bem: reunir Wlamir e Oscar no mesmo palco, raridade de se ver, deu sorte ao Brasil


É Olimpíada, então não dá para esperar moleza. Mas que o sorteio dos grupos do torneio masculino para Londres 2012 ajudou, ô se ajudou. 

Os grupos:

A: Argentina, EUA, França, Tunísia e dois times do Pré-Olímpico Mundial.
B: Austrália, Brasil, China, Espanha, Grã-Bretanha e um time do Pré-Olímpico Mundial.
Com essa configuração, qualquer cenário que deixasse a Seleção fora das quartas de final seria um fiasco pra lá de decepcionante. Claro, se todo mundo se apresentar com força máxima, e ainda há um mês de jogos muito, mas bem tensos mesmo pela frente, tanto para clubes e seleções, e as lesões dos playoffs da NBA, em apenas dois dias, mostram que essa maratona pode realmente afetar o que veremos em Londres em breve.

Considerando que a Espanha é uma barbada, sobram três vagas. Sem Andrew Bogut, a Austrália ainda é um time de respeito (se tiver Pat Mills e David Andersen), mas deveria ser dominada, assim como a China, que tem muitos pivôs e nenhum armador competente. A Grã-Bretanha é uma incógnita: não sabemos se terá apoio forte da torcida, não sabemos se Ben Gordon vai jogar mesmo, e Luol Deng pode chegar ao torneio aos fiapos – ainda mais com a queda de Derrick Rose, que não deve aliviar em nada seu punho esquerdo lesionado. 

Sobraria, então, como ameaça a uma vice-liderança no grupo esse terceiro time do Pré-Olímpico Mundial, que será definido por sorteio e não critério técnico, podendo listar qualquer um entre Grécia, Lituânia, Macedônia, Porto Rico, República Dominicana e Rússia – não dá para descartar nossos velhos rivais caribenhos. 

O obrigatório seria, então, classificar e fugir da quarta posição, para não cruzar com os EUA nas quartas de final e sair da briga por medalhas precocemente, algo que Magnano vai querer evitar a qualquer custo, pragmático que só. Por mais que tenhamos chegado perto de uma zebra no Mundial da Turquia, hoje é impensável pensar que o ouro não fique nas mãos de um time com Kevin Durant, e LeBron James, e Dwyane Wade, e Kobe Bryant, e Chris Paul, e… Coach K coordenando todos eles. Então isso, a escapada o quarto lugar, diz muito mais a respeito deles do que do nosso time. 

Também não ligo a TV pensando em vitória contra a Espanha, devido não só ao elenco fortíssimo dos vice-campeões olímpicos, mas principalmente pelo entrosamento de um time que joga junto há tempos. É menos difícil do que o time norte-americano, mas precisaríamos de um jogo beirando a perfeição. 

De qualquer forma, já sobe a adrenalina, não? Já dá para pensar nas características dos confrontos, pequisar o que o ex-Laker Sun Yue (e bom jogador, acreditem!) e Brad Newley andaram fazendo nas últimas temporadas. 

Segura!

domingo, 29 de abril de 2012

A hora mais errada


Splitter enfrenta a marcação de Derrick Favors. Lesão de última hora para preocupar Ruben Magnano

Seja pelo desgaste acumulado durante a temporada massacrante da NBA ou por lances de pouca sorte, as lesões não param de pipocar na primeira rodada dos playoffs da NBA. E, bem… Ahn… Aiaiai…Tiago Splitter foi a última ocorrência nesse quesito, em acontecimento infortuno. 

Ao tentar se proteger em uma queda brusca em quadra, o pivô brasileiro do San Antonio Spurs torceu seu punho esquerdo, explicando aí seus apenas sete minutos de jogo na vitória sobre o Utah Jazz neste domingo. Ele ainda jogou depois de sua lesão, mas não voltou a ser utilizado depois do intervalo. 

Splitter agora vai passar por uma ressonância magnética nesta segunda, para saber o grau de sua lesão, sendo mais um que corre o risco de ser afastado dos mata-matas. Em seu twitter, o agente do jogador, Marcelo Maffia, afirma: "Vamos torcer para ser só uma entorse", já que o raio-x foi inconclusivo.

Gregg Popovich que nos desculpe, todavia, mas a nossa preocupação é bem outra, claro. Tem algo a ver com a Inglaterra. 

Punho, aliás, um problema do qual Anderson Varejão não se desvencilhou totalmente até o final de temporada.

* * * 

E quem havia dançado inicialmente na rotação de Popovich foi DeJuan Blair, demovido do quinteto titular cedendo espaço para Boris Diaw, o gordotinho francês. A habilidade no passe do ala-pivô deve ter realmente encantado o técnico. Só isso para explicar uma mudança tão drástica assim por parte de um profissional geralmente muito conservador. 

sábado, 28 de abril de 2012

A foto histórica de Van Gundy


Ver Jeff Van Gundy comentando, brilhante e sagaz como sempre, um jogo de playoff entre New York Knicks e Miami Heat nos força a publicar esta foto aqui, nos tempos de ódio entre as duas equipes, na segunda metade dos anos 90.



Lembro de ficar chocado com essa imagem na Folha de S.Paulo – não sei se era o Melk já, mas provavelmente. A confusão, iniciada por Larry Johnson e Alonzo Mourning, ex-companheiros de Hornets, aconteceu em 1998, em um confronto pela primeira rodada dos mata-matas da Conferência Leste. Tal como vemos agora. Foi o jogo quarto, no Garden, vencido pelos Knickerbockers por 90 a 85. 

Johnson e Mourning não era os únicos com algum tipo de ligação. O mítico Pat Riley, hoje presidente do clube, era o técnico do Heat na época, depois de ter marcado época como o líder do Knicks, tendo Van Gundy como seu assistente. 

Detalhe é reparar o xerifão Charles Oakley fazendo o papel de apaziguador, ele que foi um dos jogadores mais temidos da história da liga e hoje é um guarda-costas-chapinha de Michael Jordan quando este vai dar umas bandas por Las Vegas. 

Playoffs NBA: Foi um lance normal

Lesão de Derrick Rose engole a primeira vitória do Bulls na abertura dos playoffs

Faltava pouco mais de um minuto, a vantagem era de 12 pontos, nos playoffs da NBA nunca se sabe, mas dificilmente o Philadelphia 76ers poderia tirar essa vantagem para o Chicago Bulls. 

Não conseguiram, como o esperado. Mas a melhor campanha do Leste saiu perdendo, mesmo com o 1 a 0 na série. 

Foi quando, num lance sem nenhum contato físico, sem nenhuma torção aparente,  em que fixou os dois pés no chão para saltar e fazer o passe, Derrick Rose desabou. Quer dizer, primeiro ele pulou desequilibrado, já com dor, para então ir para o chão. 

Veteraníssimo de guerra, campeão em 2004, vice em 2005, nos playoffs durante a década toda, já sem sua máscara, Rip Hamilton olhava para o telão do ginásio tentando entender o que havia acontecido e visivelmente fragilidade. Kyle Korver, mais atrás, era outro que não podia acreditar. 

Depois de tantas, mas tantas lesões mesmo do armador durante toda a temporada, nenhum bom presságio sai de uma situação destas. Horas depois, foi confirmada uma ruptura de ligamento cruzado no joelho esquerdo. Fim de temporada – e até mesmo adeus, Olimpíadas. 

O único flash de alento, durante os minutos em que Rose estava estirado em quadra, foi recordar da campanha de Chicago em 1994, quando, sem o beisebolista MJ, o time foi longe nos playoffs, mas acabou eliminado na final do Leste pelo Knicks. Quem sabe este aguerrido e muito bem treinado grupo possa repetir algo nessa linha? CJ Watson e John Lucas o Terceiro, uma das surpresas da temporada, teriam de se superar.

No Twitter já quem critique Tom Thibodeau por deixar o combalido Rose em quadra com a partida ganha. Antes de a série começar, porém, o que estavam pedindo, esperando? Que o atleta tivesse uma série tranqüila contra o Philadelphia para, justamente, recuperar sua melhor forma. O lance de sua lesão não teve nada de anormal. 

Playoffs NBA: o que esperar dos brasileiros


Splitter deve trombar mais com Jefferson e Favors em vez do jovem Enes Kanter nos playoffs

Do quarteto, estão fora Varejão, que ainda se recupera de uma fratura no pulso em Cleveland, e Nenê, habituado aos mata-matas pelo Denver, mas que agora curte férias prolongadas em Washington, para onde foi despachado. 

Então temos Tiago Splitter pelo Spurs e Leandrinho de volta a esta fase, mas agora pelo Pacers. 

Em princípio, os dois entram em quadra sem muitas obrigações. São peças complementares nos quintetos reservas de seus clubes. Nos mata-matas, porém, em cinco, dez, 20 ou 30 minutos, a obrigação é jogar sempre em alto nível e, antes de tudo, com muita energia. 

Na primeira rodada, Splitter é quem deve ser mais exigido. Desde a adição de Boris Diaw, a rotação de Gregg Popovich ainda não está muito clara – provavelmente Tim Duncan também fique mais tempo em ação. Entre Splitter, DeJuan Blair e Matt Boner, alguém vai perder muitos minutos para o francês jogar, se é que ele vai jogar. Tendo em vista o que ele produziu durante toda a temporada, com o quarto rendimento mais eficiente do time, é muito difícil que o catarinense seja aquele a ser afastado. Ainda mais num embate físico no garrafão que a série contra o Utah Jazz promete. 

Se continuar reserva, como o primeiro pivô a sair do banco, Splitter deve se ver diante do jovem e em constante evolução Derrick Favors, um pivô que é seu contraste. Ex-número três do draft, mas muito bem cotado desde o high school, Favors é pura força física e atlética no ataque até o momento, finalizando pico'n rolls com cravadas enfáticas e vivendo de rebarbas debaixo do aro. Na defesa, seu tamanho e impulsão podem intimidar. O brasileiro, por outro lado, tem mais experiência, movimentos e inteligência para se sobressair e lidar com esse desafio. Al Jefferson, porém, seria bem mais complicado.

Já Leandrinho também fica no banco com a missão de não deixar o time cair muito ofensivamente quando os titulares, e Danny Granger em especial, saírem para descansar. Trocar de time no meio da temporada nunca é fácil, ainda mais num calendário maluco desses, em que mal teve tempo para treinar. Desta forma, o ligeirinho acaba apelando muitas vezes para jogadas individuais (muitas vezes agressivas e forçadas demais), o que explica o baixo aproveitamento nos arremessos: apenas 39,9% desde que chegou a Indiana. Chegou a hora agora de, deixar a poeira abaixar um pouco, e procurar ler o jogo com mais paciência antes de dar o bote – e não é isso que a gente espera desde o início de sua carreira? De repente nunca é tarde para aprender (…).

Contra o Magic, em seus 18, 20 minutos por jogo, Barbosa deve duelar com JJ Redick e Jason Richardson, seu companheiro dos tempos de Phoenix Suns. Contra Redick, o importante é ficar grudado e não permitir que ele consiga a separação em suas corridas sem a bola, buscando o corta-luz. Contra Richardson, o mesmo raciocínio vale, mas também é preciso evitar que o veterano se aproxime do garrafão para jogar de costas para a cesta. Nessa situação, maior e mais forte, seria mais difícil contê-lo.  

Playoffs NBA: uma abordagem covarde


Dentre todos os oito confrontos da primeira rodada dos playoffs da NBA|, só consigo apontar três times como favoritos, favoritos-mesmo, já os vendo nas semifinais de conferência: Chicago Bulls e Indiana Pacers, no Leste, e o San Antonio Spurs, no Oeste. Não serão varridas, mas dispõe de pacote técnico-tático superiores para garantir quatro vitórias:


- Bulls-Sixers: dois times que defendem bem, mas, em termos de defesa, não há quem supere a turma do Thibs em Chicago. São obsessivamente disciplinados e preparados, atléticos e fortes demais no garrafão. Prepare-se para contagens baixas em jogos em que a equipe de Philadelphia vai ter muita dificuldade para pontuar, especialmente por lhe faltar o chute de longa distância. Iguodala, Turner, Holiday e Lou Williams vão preciar jogar muita bola para seu clube ter qualquer chance. Não importa aqui a condição física de Derrick Rose. 

- Pacers x Magic: não obstante Dwight Howard, que era mais que meio time, estar fora, seu substituto Glen Davis ainda chega baleado. Mesmo inteirão, o grandão (para os lados) teria dificuldade de parar o gigantão (para cima) Roy Hibbert. Ryan Anderson também vai ter problemas para conter David West, embora essa aqui funcione vice-versa. Mas o ponto é: Indiana chega com uma clara vantagem no garrafão. A única alternativa de vitória para as viúvas de Howard seria um aproveitamento de 40% dos três pontos coletivo, algo muito difícil de se obter, ainda mais tendo a envergadura de Paul George, Danny Granger, Danthay Jones e George Hill. 

- Spurs x Jazz: um revés texano iria requerer um colapso histórico e vexatório, por mais que Baby Al, Millsap e Derrick "Tô Chegando" Favors possam causar estragos. Só não se esqueçam que Tim Duncan está bem descansado para os playoffs, que DeJuan Blair adora o jogo de trombadas e Tiago Splitter… Bem, num blog brasileiro não precisamos nos alongar sobre o rapaz, né? No fim, o volume de jogo do Spurs é muito maior, mais rico, com gente bastante experiente para desequilibrar. 

Os outros cinco?

Falta coragem e disposição para arriscar um palpite. Muito equilibrados. Ao Heat foi endereçada uma enrascada. Jogar no Garden vai ser pauleira. Boston x Atlanta está condicionado ao poder imprevisível de Josh Smith. O Thunder precisa se livrar de alguns fantasmas (velhos e recentes) contra Dirk e os atuais campeões. Para Lakers e Nuggets, a chave é controlar o ritmo do confronto. Clippers x Grizzlies vai ser uma batalha campal, física, e os duelos entre Chris Paul e Tony Allen, esse pitbull ensandecido, e entre Z-Bo e Blake Griffin promete demais. 

Que comece a matança. Nos reservamos ao direito de apenas assistir, admirar e tirar mais lições. 

quinta-feira, 26 de abril de 2012

O melhor jogador, o pior cartola?


Você pode querer jogar como Jordan. Administrar como ele? Talvez não

Aquele jogador considerado o melhor de todos os tempos agora é também dono do clube que teve a pior campanha, em percentual de vitórias, da história da NBA.

Nesta quinta-feira, num encerramento deprimente de temporada, o Charlotte Bobcats foi derrotado pelo New York Knicks, em casa, chegando a 59 derrotas em 66 partidas, bom para um aproveitamento de 10,6%. Tem um asterisco, não dá para negar, afinal eles não tiveram a chance de jogar (e apanhar mais pra quê, né?) um campeonato 82 de jogos, como Philadelphia 76ers de 1972-73, que teve 11% de rendimento. 

O saldo de cestas do time foi de 13,9 pontos negativos. Afe. Seu ataque foi o pior, com 87 pontos por jogo. Argh. A defesa foi um tico melhor (menos pior), como a quarta menos vazada: 100,8. Vopt. 

Melhor (pior?) hora, então, para resgatar uma série de reportagens que produzi para o iG, em março, como "pessoa física". Hehehe. A idéia foi tentar entender como eles chegaram a esse ponto (clique nos títulos se tiver coragem de ler):

- Bobcats flerta com a pior campanha da história da NBA – Sobre como o time de Jordan se tornou o saco de pancadas da temporada, e Doug Collins não concebe como MJ aceita isso.

- Jordan acumula fracassos como caçador de talentos – Apostas do proprietário  Charlotte Bobcats fazem parte do folclore esportivo dos EUA assim como os "infalíveis" palpites de Pelé. Digam oi, Adam Morrison e Kwame.

- Ao lado de apadrinhados, Jordan ainda tenta controlar impulsividade – Povoada por amigos e ex-companheiros de seu proprietário, Bobcats tenta se profissionalizar e crescer em Charlotte. Cory Higgins, filho do vice-presidente do time, foi contratado nesta temporada e ninguém entendeu muito bem. O técnico Paul Silas, apesar de ser reconhecido como um dos bons sujeitos de verdade da NBA, falhou ao dar, descompromissado, o comando do time em várias rodadas ao filho Stephen, seu assistente. Nepotismo é isso aí e não ajuda a domar a fera.

- Jordan ainda é a marca esportiva mais rentável dos EUA – Oito anos depois de fazer sua última cesta e 13 após último título, dono do Charlotte Bobcats ainda fatura US$ 60 milhões por ano. 

Com o revés desta quinta, foram 23 derrotas consecutivas do clube. Não podia ser melhor (pior?): justamente o número que Jordan eternizou nas quadras. 

* * *

O pai Paul, considerado um dos bons sujeitos honestos (mesmo) da NBA, e o filho Stephen
- Basicamente, a estrutura hierárquica da franquia está totalmente comprometida. Dois ex-técnicos do time, Larry Brown e Sam Vincent, questionaram publicamente a autonomia de dirigentes contratados por seu vínculo extremamente pessoal com Jordan. Rick Cho, gerente geral contratado há menos de um ano, é muito respeitado na liga, mas é um só também. 

- Talvez Jordan tenha escolhido a pior hora para implodir seu elenco quando despachou Tyson Chandler, Stephen Jackson e, por fim, Gerald Wallace, despedaçando a equipe mais bem-sucedida do clube caçula da liga. Talvez fosse melhor construir um pouco mais de credibilidade antes de tentar a reconstrução via draft. 

Dureza, dureza, dureza, dureza, dureza, dureza, dureza...
- E, se você vai reformular seu time do zero, poupando dinheiro e apostando em jovens atletas, é melhor você ter certeza de que seus treinadores são capacitados para desenvolver esses talentos. Não foi bem o que aconteceu este ano, com os "lottery picks" Bismack Biyombo e Kemba Walker, dois atletas de futuro se bem aproveitados, apresentando pouco progresso do início para o fim do campeonato. 

- O admirador de "His Airness" vai precisar rezar, muito, para que a escolha número um do draft deste ano fique com Charlotte. Anthony Davis, o ala-pivô deveras promissor de Kentucky, é considerado o único jogador nessa fornada capaz de mudar a sorte de um clube por si só. Se bem que, no caso do Bobcats, talvez só um... Ahnn... Jordan mesmo pudesse revitalizar o time assim bruscamente, de uma hora pra outra. 

Uma espiadinha




Dá para encarar o que vem abaixo como choramingos de um comentarista frustrado? Ô, se dá. 

Ou pode ser lido como o desabafo de um telespectador que se importa com o que se diz do outro lado. No caso, o último embate entre Joinville e Limeira, com a classificação merecida do time catarinense.

Vemos novamente essa figura um tanto indefinida, que transita entre ser comentarista, técnico e torcedor. Não dá. Uma coisa é ser entusiasta do basquete, outra é perder o juízo na hora de se avaliar o que se passa em quadra e nos bastidores da modalidade. 

Gasta-se adjetivos sem o menor apreço pelo bom senso. Tudo é extraordinário, espetacular, sensacional, fenomenal, esplendoroso. E vai evocar também o "Mestre Zagallo" a troco de quê, gente?

"A simpática equipe do Mengão!", exclama alguém que considera que tudo, mas que absolutamente tudo no basquete nacional é ouro. 

Aí vem aquela alternância básica em quadra. O que era para ser uma lavada vira emoção no placar. A diferença despenca, e jamais isso poderia ser explicado pelo fato de um time estar atacando mal ou defendendo bem. 

"Basquete é extraordinário pelas alternâncias", ouvimos, como se não houvesse beleza na consistência. Pois, afinal, está tudo, absolutamente tudo sendo "muito bem jogado". Todos são monstros, extraordinários, fabulosos.

Vem cá: o problema não são os elogios, o problema é banalizá-los. Se todos são fabulosos, quem se destaca?

E fala-se da pluralidade do esporte, que não há predomínio paulista. Gente, há quanto tempo é assim? Qual foi o último campeão paulista do NBB? Nem teve.  Por que inventar uma realidade para enaltecer algo que já é senso comum?

Seguimos assim, furta-cores, otimistas, para descolamos nosso próximo emprego. Afinal, desagradar a quem e por que motivo? Tanto ao empregador de hoje, parceiro comercial da liga, como a futuros empregadores? 

Sai dessa, cara. 

Duas listas, algumas dúvidas

Por enquanto fica a dúvida: de que vale tanto esforço de Olivinha?

O Bala certamente vai abordar isso de modo mais apropriado, assim como o professor Paulo Murilo pode fazer, com muito mais autoridade, nesta sexta-feira, então não vale nos precipitar tanto. Sobre os desarranjos de gestão de nossa CBB. Nem em dia de convocação de Sul-Americano o processo fica muito claro. 

Com a pré-lista de Magnano a ser divulgada em 17 de maio, custava ter antecipado essa chamada alguns dias e tocado as duas de uma vez? Para sabermos quem exatamente está nos planos das nossas Seleções para as próximas semanas de competição?

Passada a pilha com a análise meio que em tempo real, ficam algumas ponderações, que só vão ser resolvidas nas próximas entrevistas ou até Magnano entrar em ação.

Na relação divulgada por Gustavo de Conti para o Sul-Americano, entre 18 nomes, alguns destaques do NBB ficaram fora. Especialmente o ala-pivô Olivinha, cujo reserva foi convocado, e o armador Fúlvio, sem contar o Helinho de sempre – que mal tem em ter ao seu lado alguém que chute 50% dos três pontos, marque bem, tenha espírito de liderança e tarimba*  – e Douglas Nunes – que, vá lá, nem sei bem se merecia, entrando ele também nas trincheiras dos projetos-que-precisam-mostrar-mais-e-não-são-tão-novatos-assim-mais, mas que certamente fez mais do Rafael Mineiro na temporada e oferece qualidades semelhantes. 

Estariam eles nos planos de Ruben Magnano? Tem quem duvide. Afinal, 11 nomes de eventuais 15 ou 17 candidatos aos Jogos de Londres 2012 estariam definidos: Huertas, Larry, Leandrinho, Machado, Alex, Marquinhos, Giovannoni, Varejão, Splitter, Nenê e Hettsheimeir. Sobrariam de quatro a seis vagas para o restante da nação. Como nesses dias está difícil até de resvalar na tabela, me ponho foro dessa. 

Então teríamos um cenário de pouquíssimas vagas para serem disputadas pela trepe sul-americana, Raulzinho – porque, se Rafael Luz e Jefferson Soccas aparecem numa lista, e o filho do Raul, não, aí tem coisa –  e talvez mais alguma adição direta, sem escalas aos planos de Magnano. 

Estariam alguns veteranos do NBB nesse bote? Se Murilo, que já foi mais que testado, tem de passar pelo torneio regional, começo a duvidar. E aí, comparando com alguns nomes veteranos escolhidos para o Sul-Americanos, estes, sim, os mesmos de sempre, que parecem ter direito adquirido, aí novamente estaríamos vendo uma tremenda injustiça. 

Como se só servissem para a Seleção os jogadores com passado (não importando aqui se foram convocações por mérito, ou não) ou aqueles de futuro. Como se o presente (o NBB 4, leia-se) não importasse para nada.

*Quem achar que a suposição é surreal talvez não lembre dos Goodwill Games na Austrália em 2001, competição que revelou Nenê para o mundo da NBA, na qual ele deu três (acho que foi isso) tocos em Jermaine O'Neal, mas que, no confronto direto entre Brasil e EUA, creiam, foi a dupla Demétrius e Helinho que arrebentou com a defesa deles num dos "quases" mais históricos e obscuros da história do basquete brasileiro.

Paulo Sergio Prestesas


Paulão, clicado lá nos confins da Lituânia. Internet taí pra isso mesmo

Hehehe. Erra-se muito digitação por aqui, mas agora não foi o caso. É assim que consta o nome do nosso Paulão Prestes, 24 anos, na lista de atletas do Žaidėjas, ou Pieno žvaigždės, que joga a liga lituana. 

Aqui no VinteUm vamos admitir a completa ignorância sobre a mudança do pivô da Espanha para o país báltico, recebendo a notícia via convocação para o Sul-Americano (ponto para Gustavo, bem mais antenado). Não é o campeonato mais forte do mundo, mas mais vale jogar do que ficar parado em casa ou afundado no banco de reservas. Que o diga o Bebê. 

Paulão passou por maus bocados na Espanha. Uma situação que nos deixou um tanto aflitos em relação ao seu progresso, especialmente por questões físicas – acúmulo de lesões e, por conseqüência, dificuldade para ficar em forma. 

Na Lituânia, disputou 14 partidas no campeonato nacional, com desempenho, numericamente, razoável: 7,9 pontos e 5,6 rebotes em 16 minutos por jogo e 60% no aproveitamento de arremessos na temporada regular. Ele sempre foi um reboleiro de mão cheia e um terror debaixo da tabela. 

Em termos de produção de talentos para o basquete, considerando sua população total, não há país mais formidável que a Lituânia. Então fica complicado de dizer que não havia "ninguém de destaque" no elenco de seu time. Dá para falar só que não havia nenhum dos jogadores que freqüentam a seleção do país ex-soviético. Porém, chama a atenção o fato de o brasileiro ter ficado em quadra por apenas 15 minutos por rodada, média muito baixa para alguém que fez apenas 2,3 faltas e sinal de que o condicionamento não era dos melhores.   

Nos últimos tres jogos da temporada, somou 33 pontos e 17 rebotes, dando indícios de que chegaria com tudo nos mata-matas. Não foi o que aconteceu. Nos playoffs,  teve apenas 12min38s de média e terminou com 4,3 pontos e 5,3 rebotes em três partidas, na qual seu time foi eliminado, nas quartas de final contra o Rudupis, depois de terminar a fase de classificação em quinto (entre 12 concorrentes), com 13 vitórias e nove derrotas. 

Para efeito de comparação, em um time muito maior, o Lietuvos Rytas, o garoto Jonas Valanciunas, grande aposta lituana e do Toronto Raptors para o futuro, tem médias de 14,8 pontos e 7,7 rebotes em 23 minutos por jogo, aos 19 anos. 

A convocação do Sul-Americano

(Atualizado: 20h30)

Brasil defende o título sul-americano. JP, Arthur e Mineiro se repetem na lista

O técnico Gustavo de Conti começa bem sua preparação para o Sul-Americano ao elaborar uma lista com um pouco mais de coragem e criatividade comparado ao que nos habituamos na Seleção Brasileira. 

Mesclou nomes experientes com novatos em uma pré-lista com 18 jogadores, que já deve ser reduzida a 16 logo de cara – dificilmente os universitários Scott Machado e Fabrício Melo vão se apresentar, pois o período de treinamento em maio e os torneios em junho acontecem simultaneamente ao processo de preparação da dupla para o draft da NBA. 

Outros dois também correm sério risco de corte: Augusto e Rafael Luz, dependendo do posicionamento – e boa vontade – do clubes da Liga ACB. Hoje, o Alicante de Rafael está ente os oito primeiros. Se conseguir se segurar nessa posição, sua participação no campeonato se estenderia até, no mínimo, os dias 19 ou 20 de maio. Ficaria bem em cima sua apresentação no dia 20. 

Se tudo der certo, e os dois jogadores de cidadania espanhola forem liberados, restariam quatro cortes a serem realizados nesta turma abaixo. Você sente falta de alguns nomes, critica alguns, aplaude outros, é normal. Confira os jogadores e alguns comentários (para ver altura e idade listados, claque aqui):

Entre armadores e escoltas:

Elinho
Jogador de Gustavo no Paulistano, ainda um tanto irregular para a posição, alternando lances de muita categoria com panes inexplicáveis. Acredito que haveria nomes melhores para competir por uma vaga e que ele precisava de ao menos mais uma temporada para ser alçado a este posto.

Rafael Luz
É ótimo ver Rafael em ação em um torneio de menor pressão, para observarmos melhor como ele sai com a camisa da Seleção. Em Mar del Plata, a despeito de sua capacidade defensiva, que lhe rendeu a vaga, foi congelado por Magnano durante o torneio, sentindo a pressão e apresentando dificuldades para organizar o jogo. Mas teve mais uma temporada na Espanha para evoluir nesse sentido.

Rafael Luz, Rafa Freire na Espanha, tem uma boa chance

A convocação de Rafael acompanhada pela ausência de Raulzinho nos leva a uma situação bastante curiosa e, especulo, sintomática. Será que o filho do Raul já vai entrar direto no grupo de Magnano? É o que parece, ainda mais com a convocação de...

Nezinho
Leia mais aqui. Só pedimos que os períodos de treinamento e torneio amistosos sejam respeitados realmente para uma avaliação de cada atleta dia após dia, e que deixemos as cartas marcadas se provarem. Outro nome aspirante ao grupo olímpico colocado em período de teste. 

Jefferson Soccas
Soccas é um nome enigmático, que deixou o Joinville cedo e descolou seu espaço nas concorridas divisões de base do Real. Foi elogiado por Ettore Messina, mas atua, no fim, por um campeonato muito fraco, a quarta divisão espanhola. Geralmente, com sua idade, o normal seria disputar uma LEB Oro ou Prata.

Atualização: havíamos postado uma foto aqui que não identificava o jogador corretamente, como um leitor anônimo alertou. Fica a lição: 1) google nem sempre é o pai que um jornalista deve seguir; 2) mais atenção na hora de olhar para a foto: o sujeito tinha cara de espanhol; 3) só não curtimos anonimidade. Este é um blog de um bisbilhoteiro, mas sempre assinado.

Luiz Felipe Lemes
Outro que trabalhou com Gustavo no Paulistano, um jogador regular, que pode ser uma presença saudável em um grupo muito jovem. Por que ele seria um escolta e o Nezinho, não? Agora... o Fúlvio ficou para a outra lista ou está preterido de uma lista de mais de 30 nomes por qual motivo?

Vitor Benite
A má temporada por Limeira o rebaixa de time. Vitor vai ter de remar de novo para ingressar no grupo de Magnano. Está justamente enquadrado nesse grupo e precisa conquistar seu espaço. 

Entre os alas:

Betinho
Não creio que ele possa ser qualificado como um segundo armador ou escolta, sinceramente. Não estou certo também de que ele tenha feito seu melhor campeonato, de acordo com suas capacidades. Vale lembrar que já havia sido avalizado por Magnano ao ser convocado para o Pan do ano passado.

Gui Deodato
A  convocação agrada, pelo potencial enorme do jogador, embora tenhamos jogadores com melhor rendimento em sua posição que não devam ter ficado tão maravilhados com a inclusão. Neste caso, porém, ao contrário de Elinho, não creio que tenha tanta concorrência assim para se evitar a aposta. Também está longe de ser um escolta – o drible, aliás, é uma deficiência que precisa ser urgentemente trabalhada.

Alex
O do Paulistano. Um dos nossos preferidos – leia aqui

Arthur
Serve como uma figura estabilizadora. Uma ressalva, no entanto, válida: "Só pedimos que os períodos de treinamento e torneio amistosos sejam respeitados realmente para uma avaliação de cada atleta dia após dia, e que deixemos as cartas marcadas se provarem". 
Marcus Vinícius Toledo
É um jogador que andava sumido, mas é sempre um prazer ver em ação, pela dedicação, empenho em quadra. Não tem bola perdida, gosta de causar um rebuliço. Se for utilizado num esquema tradicional, com 1, 2, 3, 4 e 5, complica um pouco enquadrá-lo, já que, pela última vez que o vimos, ainda vivia seu dilema entre ser um 3 ou 4. Aquele de ter agilidade, capacidade atlética, coração, mas ser baixo para jogar fixo no garrafão e lhe faltar um refinamento para habitar no perímetro. No conceito de dupla armação e três alas-pivôs móveis proposto pelo professor Paulo Murilo, se encaixaria perfeitamente. Em tempo: por onde anda o Douglas, irmão dele e extremamente talentoso, ex-COC?

Marcus Vinícius, que não é o Marquinhos, está de volta

Entre os pivôs:

Gruber
Foi relacionado como ala, que foi realmente sua posição durante toda a carreira e seleções de base, mas hoje parece improvável que possa jogar 'exclusivamente' no perímetro. Como ala-pivô em Uberlândia, causa mais estragos, pois ganha em mobilidade e velocidade e seu chute de média e longa distância vira um problema para se marcar. 

Augusto
Não há o que questionar aqui. Ainda não está 100% fisicamente depois de uma cirurgia nas costas, e resta saber se o Unicaja, que sempre encrespou com a CBB, e tendo essa hérnia em seus registros, vai cedê-lo para uma competição menor. 

Cristiano Felício
Dá um pouco de receio de falar, mas que se dane: em termos de potencial, para mim é nosso pivô mais promissor desde Nenê (considerando que, mesmo mais novo, Splitter já fazia parte da mesma fornada, explicando). Forte, atlético (veloz e de ótima impulsão), mas ainda muito cru e tímido em quadra. Começou a jogar tarde e tem de ser desenvolvido pacientemente. Um  NBB nas costas ajuda, mas todos esperamos muito mais no futuro deste rapaz. 

Murilo
Também dispensa comentários, completamente dominante em quadras brasileiras, só vai ao Sul-Americano, imagino, para garantir a vaga na Copa América – assim como fez em 2010.

Murilo, nem tem o que falar. Concorre a Londres. Certo?

Rafael Mineiro
O ala-pivô do Pinheiros é outro jogador cheio de potencial, mas não parece m nome justo na lista. Por que Mineiro e, não, Olivinha, de quem, oras, é reserva em seu clube? A não ser que o titular esteja endereçado ao grupo principal – não pode ser uma preocupação com as finais do NBB, pois o São José de Murilo também está no páreo, sem contar a dupla de brasília.

JP Batista
Outro que andava desaparecido. Um jogador muito inteligente, de bom arremesso e passes fáceis, boa praça, que faz bem a qualquer grupo e está jogando na Europa há muitos anos já. Não faço idéia, porém, de como esteja sua luta contra a balança. 

Lucas Bebê 
Reclamou de não jogar na Espanha, onde tem esquentado o banco com frequência na ACB. Tem uma chance agora para lembrar os olheiros de por que salivavam por seu basquete.

Paulão
Que está escondido na Lituânia e talvez nem saiba disso. Hehe. Claro que sabe. Fomos pesquisar e jajá publicamos algo a respeito.

quarta-feira, 25 de abril de 2012

Contagem de feridos


Cirurgia feita, progresso, mas nada de avião para Dwight Howard

Plantão médico no HoopsHype desta quarta-feira:

- Dwight Howard se recupera bem de uma cirurgia nas costas, por conta de uma hérnia de disco, mas seu médico recomenda que ele evite viajar neste mês. O ideal é ficar três semanas em Los Angeles, longe de casa, para conduzir o início de sua reabilitação de modo tranqüilo.

- O ala-pivô David Lee, do Golden State Warriors, vai avaliar com mais cuidado um estiramento que sofreu na virilha e uma reação de estresse. Um pouco mais grave do que se imaginava. 

- O ala Corey Maggette já afirmou que, assim que a jornada sofrível do Charlotte Bobcats terminar, ele vai operar o joelho. "Imediatamente", garante. 

- O ala e principe camaronês Luc Richard Mbah a Moute, do Bucks, "jogou a temporada toda virtualmente com uma perna só, com o joelho direito estourado", reporta um diário local. 

- O armador Earl Watson está com menisco médico rompido. Passou por uma astroscopia na última terça-feira e está fora dos playoffs. 

Essa é apenas uma zapeada numa manhã de quarta. À medida que os times se despedem da temporada massacrante da NBA nesta semana, mais baixas e lesões serão reveladas. Como se diz por aí, "parabéns aos envolvidos" por  esse calendário absurdo.

terça-feira, 24 de abril de 2012

Meu pé de laranja lima




Que time de Limeira é esse que vimos no NBB 2011-12? Certamente não lembra em nada aquele campeão paulista em 2010. 

A despeito de uma escalação com três armadores (ou supostos armadores) ao mesmo tempo em quadra – Tatu, Benite e Ramon –, nesta terça o que se pôde constatar foi um time excessivamente individualista, com muitas posses de bola gastadas em arremessos forçados e descabidos. Tipo: jogada individual iniciada no drible um-contra-um que terminam com um arremesso em giro para trás a um passo da linha de três pontos. 

Dois anos atrás, o que vimos foi um time unido disposto a sacrificar números em prol de um objetivo comum, e não era apenas mera falácia. Víamos um Tatu endiabrado se atirando por bolas perdidas no chão, um Diego lutando por rebotes com jogadores muito mais altos, como exemplos de uma equipe toda preocupada em parar os adversários e se afirmar em quadra, ainda que nem sempre consistentemente. Obviamente não era uma superpotência dominante, não é isso que vamos recuperar. Mas era um time, ainda assim. 

Hoje Limeira se exibe muito mais como um apanhado de bons jogadores que não tiveram soma ou liga alguma. Algo estarrecedor ainda mais quando se leva em conta que há uma base fixada por lá há um tempo. Neste último jogo de playoff contra Joinville, porém, só vimos regressão, como a condição de c o m p l e  t a m e n t e alienados dos alas Diego e Jhonatan, cada um talentoso do seu modo – um tem a manha, o outro a capacidade atlética. 

Ainda assim, claro, como não poderia deixar de ser no NBB espetacular, faltando dois minutos, Limeira ainda teve chances de vencer a série. É tudo muito espetacular, mesmo. 

Só vale o convite, depois do confete, para pensar o seguinte: dois anos atrás quem estava sendo endeusado como um sopro de sabe-se lá o quê? Quem foi promovido a assistente da Seleção principal porque se mostrava como o futuro da classe? E o que está acontecendo – ou acabou de acontecer, saca? – agora, em 2012, com outro personagem?

Todo mundo está sujeito a altos e baixos. Só é preciso calma antes de entregar o certificado de gênio.

Pela culatra


Não deu tão certo o plano de armador-armador em Limeira, deu?

Era para ser o ano da conquista, da tomada. Vindo da Seleção com a benção de Ruben Magnano, Vitor Benite saiu de uma zona de conforto, em Franca, onde era amparado por Helinho e Fernando Penna, dois armadores calejados, independentemente dos anos que os separam, que o deixavam livres para criar o que ele sabe melhor. Em Limeira, havia a chance de ser o cara, o maestro, de carimbar seu passaporte para Londres antecipadamente.

Antente ao tempo verbal. Havia.

No presente, é hora de encarar os fatos: Benite hoje é muito mais um finalizador do que um armador, como sempre se mostrou, aliás, desde sua estabilização em Rio Claro. O que não quer dizer de modo algum uma missiva destrutiva. Um dos candidatos ao título da NBA, o Chicago Bulls, tem seu ataque basicamente escorado nos talentos de um armador essencialmente cestinha, um dínamo na produção de pontos, Derrick Rose. Se você pode se engasgar com esse pensamento, mudemos o foco para Nezinho, então. Mais fácil de engolir?

Benite está no rol dos selecionáveis, então essa observação se faz necessária, tem de entrar na pauta. Para compreendermos sobre quem estamos falando.  

Na hora que Magnano anunciar sua pré-lista e, principalmente, na hora em que os 12 forem definidos, e dividirmos os nomes por agrupamentos de jogadores, todos precisam ficar atentos a uma eventual chamada para o rapaz agora nem mais tão barbudo. Vai como ala ou armador? Pois é assim que eles são definidos, não?

A questão é avaliar o jogador pelo que ele representa hoje, não em termos de projeção. Como foi seu desempenho no NBB? Como foi comparado com outros jogadores com grife menos expressiva, com lobby quase inexistente?

De todo modo, a intenção não é apontar um vilão pela eliminação de Limeira: mais aqui. Pessoalmente, são óbvias as qualidades para se enxergar no jogo de Benite que podem e – tomara – devem ser exploradas e desenvolvidas no futuro próximo. Futuro ele tem. Ainda não é "teria".