Magnano anuncia os olímpicos brasileiros |
Diante da
aclamação generalizada sobre a convocação de Ruben Magnano, aqui neste QG 21
esquizofrênico, em que se conversa sozinho, ficamos nos perguntando e papeando:
“Será que não dá pra parar de ser tão pessimista assim?”, “Oras, Nenê,
Leandrinho e a turma toda estão lá, e você só manifesta preocupação?”, “Vápápqprapá!” e “Só lamentos!”.
Nem toda a
paranoia do mundo no jornalismo, galera, é suficiente. Uma das sentenças mais
legais sobre a profissão lembrada nesses dias veio nos obituários de Millor:
“Imprensa é oposição. O resto é armazém de secos e molhados”. Não somos
obrigados a bater em tudo, a criticar todos. Mas o prudente é lembrar sempre
essa frase.
De todo
modo, ficou esse desconforto no QG da Vila Guarani até que abrimos este artigo
de Marcel de Souza em seu Databasket. Depois de lamentar o conteúdo inicial de
seu sempre direto e objetivo texto, nos apegamos ao segundo trecho de modo um
tanto egoísta, quando ele discute possíveis problemas de nosso selecionado
olímpico – para, depois, treinador e estudioso que é, oferecer uma solução.
Marcel
primeiro diz concordar plenamente com a convocação, com a justificativa que de
que “conseguimos nossos dez melhores jogadores e ainda montamos uma base de
futuros talentos que podem crescer muito com o decorrer dos anos”.
Maaaas... E era inevitável que viesse a
contraposição aqui.
Antes de
discutir as soluções propostas pelo ex-ala, que nos atentemos ao que nos
preocupa:
“Antevejo uma luta fratricida por posições e tempo de jogo, que pode levar a nossa seleção a uma forte cisão de potencial com a fragmentação de partes que nunca formarão um todo, o qual represente a verdadeira força dessa equipe.”
Marcel
lembra a cultura desenvolvida em nosso basquete de “‘os melhores jogam’ e os
outros aceitam apenas a participação”, para aí indagar:
“Quem será o quinteto inicial? Quem jogará mais minutos na posição? Quem decidirá o jogo na última bola? Como Magnano decidirá quem joga mais e quem senta? Nos Treinos?”E ele vai embora, passando pelos perigos de uma competitividade excessiva nos treinos:
"Quero lhes dizer que já vivi tudo isso em seleções que participei. Vi grandes jogadores ‘se pegando’ nos treinos até se machucar um deles, como também vi jogadores ‘tirarem o pé’ e evitarem o confronto. O prejuízo foi sempre o mesmo."
Sinceramente,
é exatamente essa linha de questionamento que deixa este bípede um pouco tenso.
Já vimos o filme antes (e aqui peço a licença para falar sobre os cinco anos em que acompanhei a Seleção entre 2004 e 2008, com muitas das figuras de hoje presentes).
Em Las Vegas, antes mesmo de Marquinhos se mandar, já
havia um descontentamento evidente nos rostos de muitos jogadores dessa mesma
base uma vez que Lula Ferreira havia definido sua rotação. Cinco anos passaram,
e são basicamente os mesmos jogadores, trocando Nezinho por Larry e
acrescentando Anderson Varejão. Cinco anos
passaram, então dá para cravar nada: pode ser perfeitamente que tenham amadurecido e que Ruben Magnano possa ajudar muito nisso.
Em Mar del Plata, o time se ajustou ao que o argentino pediu. Agora, para Londres, não custa lembrar que a adição de Leandrinho e Nenê significa diretamente a redução de minutos e, opa!, arremessos para o restante de uma base já firmada. Tenham isso em mente. Caso opte
por uma rotação básica de oito jogadores e uns pingados para o nono, o treinador campeão olímpico vai precisar de muita habilidade e autoridade, num amálgama dos dois que vamos
tratar aqui de “autorobilidade”, para lidar com tantos egos em seu elenco – assim
como Paulo Murilo, Marcel faz referência ao temperamento líderes da Seleção,
qualificados como “cardeais”.
Lembrem-se: mais arremessos e minutos pra Nenê, menos pro resto |
Como
solução, o articulista sugere o estabelecimento de duas rotações distintas, uma
mais atlética e outra mais cerebral. No final do jogo, haveria uma combinação
entre as formações com base no que foi apresentado e no que oferece a partida.
Cada jogador saberia por cima seu tempo de jogo e o que se espera deles na
quadra.
“Sei que isso pediria uma completa ruptura do atual sistema de jogo vigente e que os participantes teriam que abrir mão de sua vaidade nutrida em seus clubes. Essa seria a única solução.”
É isso, gente. Essa é a briga que Magnano comprou na
convocação desta quinta-feira.
Caro Giancarlo,
ResponderExcluirEstamos falando de jogadores bem mais amadurecidos (vide o que aconteceu com o Nenê - na vida pessoal e na profissional - e com o Leandrinho (foi para Toronto - quebrou a cara - e voltou - bem, por sinal - para Indiana). Além do fato de que o Larry Taylor é um pedido do Magnano. Não tiro a razão do Marcel, mas prefiro esperar os amistosos(teremos??) para ver no que vai dar.
Abraços,
Paulo Eduardo
Olá, Paulo, esperamos mesmo testemunhar esse amadurecimento. E isso vale tanto para os dois que chegam como para os que lá estavam. Dava tudo para poder acompanar de perto todos os treinos, mas infelizmente não consigo – e o Magnano nem deixaria também, nesse caso de modo bem prudente.
ResponderExcluirAbraço,
Giancarlo.