A bola vai ter de subir para mais um jogo, após uma partida histórica. Foto: Brito Júnior/LNB |
Diante da forte carga emocional a que os
basqueteiros foram submetidos, fica difícil de organizar as idéias. Então vamos
apelar, comentando em tópicos a histórica vitória do Pinheiros sobre o
Brasília, por 109 a 105, em dupla prorrogação, fora de casa, para se manter
vivo nas semifinais:
- O comentário corrido a alguns minutos do
início do jogo, abordando o desfalque de Shamell, tinha dois pontos: que o
Pinheiros poderia sofrer um pouco defensivamente, mas que ganharia no ataque.
Alex e Arthur, jogadores que seriam fiscalizados por um jogador mais alto e
atlético, terminaram a partida com 46 pontos somados e 13 lances livres batidos
e 50% na linha de três pontos. Por outro lado, vimos o Pinheiros com uma
ofensiva muito mais solidária e organizada, funcionando excepcionalmente bem
com a dupla armação de Figueroa e Paulinho, numa das melhores partidas de sua
carreira. Ele marcou 18 pontos e cincos assistências: mas o mais importante foi
o modo como esses números foram produzidos. Com consciência e agressividade ao
mesmo tempo. Já foi muito criticado aqui no QG 21, mas fez um jogaço nesta
sexta. Ao todo, o clube paulista
somou 20 assistências e apenas oito 13 erros (corrigidos na box score oficial depois, sendo que os números aqui apresentados se baseavam na do tempo real) em 50 minutos.
- As prorrogações vão ficar na história, mas o primeiro quarto executado pelo Pinheiros foi primoroso, com essa dupla armação funcionando em harmonia e o pivô Bruno Fiorotto sendo alimentado com uma frequência incomum e comovente até – ele terminou com 13 pontos, estabelecendo uma presença interior que ajudou a abrir o jogo para os companheiros. A parcial terminou em 22 a 11 para os paulistas e o ataque organizado ajudou seu desempenho defensivo nestes dez primeiros minutos, limitando os contra-ataques dos candangos.
- Os únicos quesitos em que Brasília foi
superior estatisticamente: lances livres (70% a 82%) e tocos (2 a 6). Diante de
muitas adversidades, seu time não foi heróico só, como teve um triunfo bem
fundamentado. Ponto para o Mortari nessa.
- Outros destaques individuais pelos visitantes: Olivinha, com 21
pontos e 20 rebotes, o que já descartaria qualquer comentário adicional. Mas
vamos lá: a) ele não está convocado no grupo dos 35 melhores atletas do país;
b) mal sai do chão e apanhou 20 dos 39 brotes do time, sete ofensivos de dez;
c) havia sido dominado por Giovannoni no Jogo 3; d) logo, deu uma senhora
resposta em quadra, com muita garra. Marquinhos se arriscou demais na linha
de três pontos (11 chutes!) – mas os dois que converteu foram cruciais. Quando
foi para dentro, teve mais sucesso, descolando 20 lances livres (embora tenha
batido apenas 13) e distribuindo sete assistências, jogando muito pressionado. Quem vai faltar que falta fibra? Marquinhos descansou por apenas 1min57s. Olivinha jogou 46min29s. Alex, pelo Brasília, foi o leão
de sempre, com 27 pontos em 48mins58. Nezinho, com cinco erros e 1/6 nos três pontos, teve uma daquelas
noites. Daquelas, sabe?
- O Olivinha jogou demais, mesmo: 21 pontos e 20 rebotes. Haja coração.
- Nem tudo são flores, no entanto: ao todo, foram 60 faltas apitadas
em 50 minutos de jogo, 1,2 a cada 60 segundos, então algo como uma falta a cada três posses de bola. É muita coisa, galera: 32 para o Brasília, 28 para o Pinheiros.
Nos 15 minutos finais do jogo (5 + 5 + 5), as defesas esbaforidas foram muito
indisciplinadas – com destaque para a de Rafael Mineiro a dois segundos do fim
do primeiro tempo extra, no campo de ataque, em cima de um Alex desequilibrado.
Falta não é sinônimo de boa defesa. Lances livres são pontos de graça para o
adversário, com o relógio parado. No fim, na segunda prorrogação, fizeram
diferença as três posses de bola (roubo de Mineiro duas vezes e a bandeja
errada de Alex no ataque final) em que o time de Mortari parou o adversário sem
alguma infração. Foram cerca de 35 minutos bem jogados e 15 de alucinação.
- No fim, com Figueroa, Paulinho e Morro excluídos, o Pinheiros
terminou a partida com Bruno Mortari (ixe), Renato, Marquinhos, Olivinha e
Mineiro no sacrifício. De alguma forma, com um quinteto que não deve treinar
nunca junto, o time conseguiu manter a compostura, afastar a decepção pelo
empate de Nezinho com o cronômetro zerado para empatar a série em 2 a 2.
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