domingo, 20 de maio de 2012

A verdadeira geração perdida


A Argentina sub-15, que permitiu apenas 30 pontos aos garotos brasileiros

A história realmente passou batida até este fim de semana, já que tudo o que se relacionava ao basquete brasileiro nos últimos dias parecia se referir ou aos homens convocados por Ruben Magnano, aos playoffs do NBB ou ao orçamento bizarro da confederação.

Enquanto isso, em Maldonado, no Uruguai, um apanhado de garotos do país penava duramente no Sul-Americano sub-15. Agora sabemos que eles terminaram com o quarto lugar no torneio. Isso porque perderam do Chile por 64 a 61 neste sábado, depois de terem levado surras impactantes contra Uruguai (67 a 46) e Argentina (73 a 30!!!!!!!!).

Os placares realmente assustam. Bate a tentação de afirmar que temos aqui uma geração perdida. Ainda mais considerando que, desta forma, eles estão fora da Copa América e do Mundial de sua categoria.

Mas aí você tem de respirar um pouco e tentar enxergar as coisas de outro ponto. Estamos falando de rapazes sub-15. Um dos atletas convocados, vindo de Franca, tem 13 anos. Quem está perdido aqui? Se a CBB e clubes se esforçarem, ninguém.

Realmente fica bem complicado de fazer qualquer julgamento sobre jogadores desta idade. Na verdade, aqui no QG 21 isso está proibido. Nem sabemos quantos desse grupo querem realmente seguir no esporte e o quão longe podem ir. Um resultado catastrófico desses pode marcar suas precoces carreiras de forma irrecuperável – mas isso só se o basquete nacional assim permitir, oras.

Por isso, não só ao nosso diretor de seleções, Vanderlei Mazzuchini, o administrador Otávio Troyano e os técnicos envolvidos na preparação específica destes rapazes pra o Sul-Americano, mas como a todos envolvidos na educação (importante, não?) e desenvolvimento de qualquer grupo de garotos esportistas brasileiros, cabe neste momento uma pausa para reflexão. O caminho que estamos seguindo é o correto e o único que podem seguir? Que alternativas podem buscar? O quanto destas alternativas depende de vocês?

Para Vanderlei e a CBB, vale a seguinte ponderação: mais vale cuidar da naturalização de contingente para Magnano trabalhar, ou cuidar de uma geração que está começando agora sua carreira internacional?

Quando falamos de CBB, por favor: tanto faz o representante aqui, incompetentes que são/foram. Incompetentes, não há o que dizer, diante dos seguidos fracassos continentais. Seja o atual mandatário, que, pelo visto, não consegue elaborar uma só declaração sensata, ou um grego que nos foi entregue como um presente intragável no passado e que, pelos ventos que sentimos soprando cada vez mais fortes nas últimas semanas, sonha em voltar. Tenha dó. 

E tenham dó desta molecada, cujo único laço com as mazelas do basquete nacional é a condição de vítima. De geração perdida, só apenas a nossa cartolagem. 

5 comentários:

  1. Caro Giancarlo
    As vezes na vida precisamos de um tropeço para que possamos nos dar conta do que realmente esta acontecendo.. Essa passagem da Sub 15 foi realmente desastrosa... Nos amantes do basquete , merecemos explicações... Ja começaram as justificativas. levamos jogadores aquem da idade... Mas ... mesmo assim... perder do CHILE.....!!!! A CBB devera se pronunciar urgentemente... Sugiro a realização de um encontro, seminario, simposio, sei la ,,para discutirmos esse problema do esporte base.... Na verdade isso nao pode continuar..do jeito que está.... e não é so no masculino nao;.... Fica ai a minha sugestão, Abrs Prof. Jose Medalha

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    1. Olá, Medalha, um prazer e uma surpresa tê-lo por aqui. E, por enquanto, nada de pronunciamento da confederação, né? Apenas releases econômicos nos fatos. No feminino, com menos mão de obra, também corremos sérios riscos, mesmo, com a diferença de que o nível no continente talvez seja até pior.

      Um abraço,
      Giancarlo.

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  2. Como vê prezado Giancarlo, já começam a pipocar pela midia alternativa sugestões, e não só criticas, de quem realmente conhece o grande jogo em profundidade em nosso país. O Medalha é um deles, assim como o Heleno, o Sergio Macarrão, e muitos outros que foram e continuam sendo de grande importância para a modalidade. Reuní-los junto a outros muito mais, seria imperativo, caso a CBB realmente se interessasse em corrigir anos e anos da mais pura incompetência de que fomos testemunhas. O farão? Tenho minhas dúvidas. Então, o que fazer para não perdermos outras gerações?
    Um abraço, Paulo Murilo

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    1. Olá, professor, não poderia ter dois comentários seguidos mais qualificados. Seria um cenário perfeito esse mesmo, o de reunir gente tão experiente e qualificada, como nunca deveria ter deixado de acontecer. Fico me perguntando... Em que momento houve essa ruptura? Em que momento as pessoas qualificadas deixaram de ser interessantes para o "projeto"? Torço para que, diante do fracasso recente, não tornem esse cenário apenas uma utopia.

      Um abraço,
      Giancarlo.

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  3. Dois foram os momentos Giancarlo, e ambos nas dissoluções da ANATEBA (Associação Nacional de Técnicos de Basquetebol)em 1973 (tinha sido fundada em 71 por minha sugestão durante o Campeonato Mundial Feminino em São Paulo), e da BRASTEBA (Associação Brasileira de Técnicos de Basquetebol)em, se não me falha a memoria, 1988 (foi fundada em 1976, também por minha sugestão num dos encontros de basquetebol organizado pelo Prof.José Medalha,com mais de 120 técnicos paulistas e de outros estados presentes, quando ambos, eu e ele, cursavamos o primeiro mestrado de Educação Física realizado no Brasil pela USP, sendo ele o titular da disciplina na EEF/USP). Na ANATEBA fui eleito como Secretário, na BRASTEBA como Vice-Presidente. A ANATEBA foi levada ao fechamento pela retirada do apoio da CBB quando reinvidicou para si a tutela do Mini-Basket que a associação havia lançado com enorme sucesso no país. A BRASTEBA declinou com a morte de seu eterno Presidente, Prof.Moacyr Daiuto, e a não continuidade dada pelo seu sucessor Prof.Guilerme Kroll, também pelo claro desinteresse da CBB no prosseguimento do projeto.
    Foram as duas únicas manifestações de carater nacional a tentar a unificação dos técnicos numa associação de classe, que por isso até hoje se mantêm fora das grandes resoluções e projetos voltados ao grande jogo no país, na contra mão das grandes potências da modalidade, onde suas associações de técnicos criam e gerem os grandes projetos técnicos, principalmente na formação de base e nas escolas para técnicos. Cinco anos atrás houve uma tentativa em São Paulo para uma associação de técnicos, quando fui o único não paulista presente à fundação da entidade presidida pelo Prof, Tácito, técnico do Palmeiras na ocasião, mas que não prosperou em caráter nacional, por motivos que desconheço em sua extensão.
    Enfim Giancarlo, sempre acreditei, e mais do que nunca, agora tenho a mais absoluta certeza, de que a inexistência de uma associação nacional, e mesmo regionais, de técnicos de basquete seja um dos, senão o maior motivo, de nossa desagregação técnico tática e descompasso educacional e competitivo, frente às demais nações que as possuem, vide a Argentina bem ao nosso lado. Falar em ética sem o associativismo necessário à existência e exequibilização da mesma torna-se impossivel, basicamente ao expor a fragmentação educativa, desportiva e cultural que se tem manifestada desde sempre no âmago da modalidade, para a infelicidade e frustração de todos aqueles direta ou indiretamente envolvidos no soerguimento do grande jogo no país.
    Um abraço, Paulo.

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