quinta-feira, 31 de maio de 2012

Uma configuração diferente?


Gui (d) passou pelos primeiros cortes. Gegê (c), está fora. Crédito: Gaspar Nóbrega


A primeira etapa da preparação da Seleção Brasileira de Gustavo de Conti está encerrada, e o time parte agora para a Venezuela para enfrentar a seleção local e mais Argentina e México num quadrangular meio bizarro, considerando que nenhuma equipe ainda está completa a essa altura da campeonato, e nem mesmo as equipes B.

No Brasil, por exemplo, ainda não se apresentaram Arthur, Murilo e Nezinho, por razões óbvias, e JP Batista, em ação pelo Le Mans na França. Outra figura importante que não disputa o torneio é o ala-pivô Augusto Lima, que se apresentou mais tarde e ficou em São Paulo para recondicionamento.

Dos que se apresentaram para treino, foram cortados Betinho, Matheus Dalla, Gegê e Jefferson Soccas, por critérios técnicos. Lucas Bebê, com problema físicos, também diz tchau. Esse pessoal fica de sobreaviso, mas, incialmente, os rapazes já estão fora até mesmo do Sul-Americano.

Dos 12 que embarcam para o Norte do continente, temos uma configuração interessante. Pelo perfil dos listados, pode ser que a Seleção caminhe para um jogo de dupla armação por lá.

Pois, se encarados pelo ponto de vista das posições primárias, são poucos os “alas”, e em teoria: Gui, Alex, o outro, e, quiçá, Marcus Vinícius Toledo (não dá pra dizer “Marcus”, nem “Marcus Vinícius”, porque fica exatamente como o Marquinhos, caramba). Reparem na altura da turma.

O resto? Todos armadores e/ou escoltas (Rafael Luz, Benite, Elinho, Luiz Felipe Lemes) e alas-pivôs e pivôs bem leves, sem nenhum poste plantado debaixo do aro (Cristiano, Leo Waszkiewicz, Cipolini, Rafael Mineiro e Lucas Mariano).

O palpite é que Gui ou Alex seriam sobrecarregados defendendo a posição "3" a todo momento – se fora a eles incumbida esta tarefa –, especialmente o garoto. 

Aí tem coisa? Tomara.

Não são necessariamente os melhores de suas posições, mas os novos nomes e a nova composição são para se observar.

São José quer a final

Tumulto na hora de comprar ingresso não pode ser considerado boa notícia. No universo ainda insipiente do basquete brasileiro, porém, abrimos bem os olhos, paramos um pouco para ver se era isso, mesmo. Foi o que o Fúlvio falou agora há pouco no SporTV, dizendo que até polícia precisou ser  convocada para acalmar os ânimos da torcida de São José, que esgotou rapidamente.

Foram 2.500 bilhetes vendidos em cerca de quatro horas, com preços de R$ 30,00 a inteira e R$ 15,00 a meia. Relata o site do jornal O Vale, da qual tiramos a reprodução abaixo: “Por volta do meio-dia, já não havia mais nenhuma entrada. Ainda assim, ainda havia algumas pessoas em frente ao ginásio Lineu de Moura na esperança de comprar. Em Mogi, sede do jogo, foram 700 ingressos à venda e, segundo informações extraoficiais, também já foram esgotados”.

O basquete pegou para valer na cidade? Tá certo que estamos numa final, mas temos aqui um forte indício de que um novo ginásio para o clube são-joseense seria realmente bem-vindo. O Lineu de Moura, no qual o time de Régis Marrelli só perdeu um jogo este ano, tem capacidade para 2.620 pessoas. 


Vai virar pauta, preparem-se

Cuban e Stern não se bicam. Até que encontram uma luta em comum...
Considerando o volume dos seus negócios e a franquia que ele reconstruiu, não é muito esperto questionar as ideias de Mark Cuban, o proprietário do Dallas Mavericks.

Mas nesta quarta-feira o milionário usou seu tino comercial para tocar em alguns assuntos um pouco mais complexos do que a simples necessidade que ele tem de fazer dinheiro e conduzir um bom negócio. “É o maior erro que a NBA comete”, ele costuma falar.

Ao ser informado sobre a cada vez mais forte propensão da NBA a tornar as Olimpíadas uma competição sub-23, tal como faz o futebol, Cuban se entusiasmou e falou um monte ao ESPNDallas.com.

Sua declaração que mais me chama a atenção:

“Ficaria ainda mais empolgado se a NBA começar seu próprio campeonato mundial. Deste modo, as receitas do torneio poderiam ser compartilhadas com nossos jogadores. Quando as receitas vão para a Fiba, eles ganham quase nada. As equipes não ganham nada”.

Difícil saber por onde começar:

1) a NBA organizar seu próprio Mundial, então? Como uma entidade que funcione concorrendo com a federação internacional? E assim a NBA faria mais dinheiro ainda com o basquete internacional, certo?

2) depois da briga de foice que foi o loucaute da NBA neste ano, qualquer argumentação sobre a divisão de lucros e receitas entre atletas e liga se torna bastante suspeita – e um argumento bastante malandro de Cuban nessa altura da vida.

3) qual campeonato conta mais no mundo do basquete ou em cada país: seu Mundial, que agora será chamado de Copa do Mundo, ou os Jogos Olímpicos? Quem é David Stern ou Mark Cuban para julgar o que é mais interessante? Interessante apenas para a NBA, claro. Esporte hoje, então, é puro lucro e só? Não há mais espaço para um Kobe Bryant, quebrado, querer defender os EUA? Ou um Luol Deng que posterga uma cirurgia no pulso porque seu sonho é defender a Grã-Bretanha e ganhar um título pelo Bulls também no mesmo ano?

4) serviu para resgatar o prestígio do país na modalidade, sim, mas a investida do “Dream Team” americano nos Jogos de Barcelona 1992 serviu também para consolidar a NBA como um torneio de chamariz internacional, aproveitando a presença de ícones como Magic, Bird e Jordan. Ali, então, seviu?

5) Cuban contesta também que os jogadores que emendam uma temporada de NBA com as competições pelas Seleções ficam esgotados, mortos, sem condição de jogar 100% por aqueles que pagam seus salários. O que seria injusto. Tem certa razão, mas reduzir a enfadonha e maratonística temporada de 82 partidas da liga norte-americana... Nem pensar?

Esse tipo de discussão ainda vai aumentar no futebol, com a inquietação cada vez mais barulhenta dos grandes clubes em cederem seus atletas para as seleções nacionais. A NBA está ligada, atenta, como sempre.

E pode ter certeza: se a turma de Stern está mencionando isso publicamente por uma segunda vez é porque, grosso modo, eles já tomaram a decisão e, depois de Londres, vão bater na porta da Fiba para tentar aprovar a pauta.

“Vamos dar um passo para trás depois, juntos com a USA Basketball e a Fiba (...), e junto com um comitê de competições dos proprietários (das franquias), temos de avaliar profundamente, numa visão de longo prazo, o que faz sentido para a NBA e para o jogo”, disse Adam Silver, braço direito de Stern e cotado como o próximo comissário da liga.

Será que completaremos o círculo? No Rio 2016, uma Olimpíada sem atletas da NBA? Agora... Por que só sub-23, então? Os EUA que se virem com o que podem oferecer, conforme discutido aqui já.

quarta-feira, 30 de maio de 2012

Draft: Efeito Monocelha


Monty Williams é o técnico mais feliz do mundo nesta quarta-feira

Quando a NBA concordou em controlar as operações de uma de suas franquias, e, pior, por um longo período, deram a deixa para os teóricos da conspiração praticarem sua imaginação embalados.

Então, a gente pode tratar com humor e tal, mas vai sempre ficar essa sensação esquisita quando os draftnicks forem recordar a loteria de 2012 no futuro, na qual o Hornets ganhou o direito de selecionar o Anthony Davis.

Falta um mês para o Draft ser realizado ainda, mas o ala-pivô de Kentucky já sabe, o técnico Monty Williams mal conseguia conter seu sorriso no palco, e é uma  coisa que o gerente geral Dell Demps não conseguiu esconder nas primeiras entrevistas, a despeito da recomendação expressa da direção da liga em fazer mistério.

Para um treinador que valoriza tanto a defesa, num posicionamento correto de seus marcadores, Davis cai com uma luva. Já aprendeu muita coisa com o Calipari, se orgulha de ser um defensor e ainda tem envergadura e elasticidade para dar ajuda e cobrir a quadra toda.


Envergadura absurda do número um do Draft 2012

Se Emeka Okafor estiver inteiro, o Hornets entra com uma dupla de pivôs intimidadora na próxima temporada. Sem contar nosso Gustavo Ayón, que é ótimo marcador seguindo mais a linha de Splitter: joga mais debaixo do aro, com os pés plantados, mas não por lhe faltar impulsão, e, sim, porque investe mais em sólidos fundamentos. Além deles, Jason Smith é um dos queridinhos do Coach Monty, que o considera um dos líderes do grupo. (Nessas, Carl Landry, de repente, se sente impelido a olhar com carinho o mercado de agentes livres.)

Nesta temporada, o Hornets foi o melhor pior time da NBA. Pode ter levado uma sacolada de derrotas, mas deu trabalho para todo mundo, forçou os favoritos jogarem até o fim, no estouro do cronômetro, mesmo sem contar com seu principal jogador, o ala Eric Gordon. Okafor, Landry, Trevor Ariza também foram outros desfalques para Williams, que escalou uma série de D-Leaguers na reta final do campeonato.

Com Davis e mais a décima escolha, que pode valer um armador – para concorrer com Greivis Vasquez e Jarret Jack (dois sólidos jogadores) – ou outro ala – Eric Gordon e Marco Belinelli são agentes livres, o primeiro restrito, o segundo nem sei se vale a pena manter.

Aqui de longe, a briga pelos playoffs no Oeste ganha mais um concorrente.


Efeito Monocelha

Playoffs NBA: Hack-a-Splitter

Nick Collison não quer saber de ganchinho de Splitter: falta nele

Gregg Popovich não faz questão de ser simpático diante de jornalistas. Diante de torcedores. De adversários, quanto menos.

De formação militar, um excelente tático-estrategista, que vai pensar em todas as estratégias possíveis, mesmo aquelas que não pareçam muito legítimas, para derrotar seu oponente.

Daí vêm as faltas intencionais, mesmo sem bola, do Hack-a-Shaq nos embates históricos contra o Lakers no início dos anos 2000 para mandar o gigante para a linha de lances livres, onde ele pagava todos seus pecados.

Pop, na verdade, só seguiu os passos de um de seus primeiros “chefes” no basquete profissional, o doidão, cabeça aberta e ególatra Don Nelson, que gostava de revezar até quatro pivôs do Mavs para descer o porrete e irritar (e torturar) O’Neal.

Mesmo quando seu time é evidentemente superior, como no duelo com o Clippers na segunda rodada dos playoffs do Oeste, o técnico do Spurs não hesitou em fazer o mesmo com Blake Griffin ou DeAndre Jordan.

Agora, ele tem de aplaudir Scott Brooks, treinador do Oklahoma City Thunder. O pior: testemunhamos pela primeira vez um Hack-a-Splitter.

No terceiro período, para tentar conter aquilo que se tornava um espancamento em quadra, Brooks ordenou que seus jogadores fizessem faltas no pivô brasileiro, notoriamente irregular nos lances livres. Eles obedeceram: foram cinco posses de bola seguida do Spurs que terminaram com o loiro chutando na cabeça do garrafão.
Popovich elogiou: "Foi uma boa ideia". Pudera. Depois, completou sarcasticamente: "Nunca fiz isso antes. Foi uma coisa nojenta de se fazer. Faltou espírito esportivo".

Com sua mecânica remodelada, Splitter vinha em sua melhor temporada na linha em muito tempo, com 69,1% na temporda regular, bem acima dos 54,3% de seu primeiro ano no Texas. Nos playoffs, porém, o catarinense despencou. Mesmo: 32%. Algo temeroso. Ontem, pelo menos, ele acertou seis em 12.

No Jogo 1 das finais do Oeste, o pivô cometeu um airball feio daqueles. A partir dali, cada lance livre seu foi comemorado pela torcida do Spurs como se fosse gol, na tentativa de animá-lo – ao mesmo tempo, o gesto não deixa de ser bem-humorado também.

O catarinense vem jogando muito bem na defesa, disciplinado e contestando as poucas investidas dos pivôs do Thunder. No ataque, seu aproveitamento é de 62,8% nos chutes de quadra, se deslocando com inteligência e liberdade em pick-and-rolls, sua especialidade. O básico, para ele. Mas os lances livres são o grande ponto fraco no seu jogo no momento e, na verdade, em sua carreira.

Se der tempo, é provável que Chip Engelland volte a trabalhar com Splitter nos próximos dias, para devolver a confiança ao brasileiro. Vamos ver realmente se ele é um mago do arremesso.

Gustavo Ayon, orgulho de Zapotán

No geral, jornalista é tudo competitivo. Na Internet, então? Você quer dar primeiro. Mas tem horas que precisa reconhecer a derrota. Ser grande e enaltecer o próximo.

Não, não foi mais uma bomba do Bala na Cesta dessa vez. :)

Foi o HoopsHype em seu Twitter.

E vai querer competir com O Site Que Lê Tudo E Sobre Todos? Claro que não. A gente fica mais é agradecido, mesmo.

Nesta quarta de manhã, todos acordamos alimentados por isso aqui:




Bonito, não?

Segundo quem postou, parece apenas uma versão preliminar do que se esboça ser o maior hino da história do basquete mexicano, para não dizer latino. Só não dizemos que é o maior hino da história do basquete latino porque há de haver alguma música para Andrés Nocioni na Argentina de que ainda não nos demos conta.

Ayón é mexicano do povoado de Zapotán, de pouco mais de 1.000 pessoas, que fica no município de Compostela, numa serra famosa no estado de Nayarit. Seus conterrâneos são tão orgulhosos, que os canais noticiosos locais se dividem entre: Zapotán, Política, Economia, Esportes e Gustavo Ayón.

O ala-pivô do New Orleans Hornets agora tem sua justa homenagem por “La Enamorda Banda ZN”. Para retribuir, assegurou que vai defender a seleção mexicana este ano. Eduardo Nájera está feliz agora.



terça-feira, 29 de maio de 2012

São 14 pelo monocelha


Davis, Davis, Davis, Davis, Davis, Monocelha, Davis, Davis... Vale a mandinga


Não é sacanagem, ele mesmo acha graça. Mas há 14 times que vão encomendar a mandinga mais fantástica para esta quarta-feira. Na loteria do Draft da NBA, eles só querem uma coisa: Anthony Davis, o rapaz de uma só e hegemônica sobrancelha.

O ala-pivô ficou apenas uma no em Kentucky sob a orientação histriônica, mas rica e prestigiada de John Calipari, mas ninguém tem dúvida de que será o calouro número um deste ano.

Seu potencial defensivo é absurdo, e os mais econômicos o preveem como um novo Tyson Chandler ou um Marcus Camby melhorado. Mas como se fosse um novo Chandler que não precisasse de cinco ou seis anos para emplacar na liga, ou um Camby menos quebradiço e mais disciplinado. Com seu gosto pela defesa, envergadura, elasticidade, boa educação e caráter, plenamente possível.

Os mais entusiasmados falam até em Tim Duncan, que a posição dele seria a de ala-pivô e não como o “cincão”, aquele que está prestes a ser extinto. Aí a barra talvez tenha subido muito alto? Pode ser. Mas quem compara os números do ex-nadador das Ilhas Virgens em seu primeiro ano de Wake Forest com os de Davis garante que não se trata de nenhum absurdo.

Bem, as projeções a gente deixa pra quem estuda e sabe mais. Fato é que sua convocação precoce e surpreendente para a seleção norte-americana por Jerry Colangelo mostra que o Coach K talvez avaliza o garoto.

Redundante dizer que o humilde e humilhado Charlotte Bobcats é o time mais necessitado de um Anthony Davis. Mas vá dizer isso ao torcedor de Washington, Cleveland, Sacramento, Brooklyn, New Orleans, Oakland, Houston, Phoenix, Milwaukee, Detroit, Toronto e Portland...

Em qualquer um desses times ele chegaria para ser titular – sorry, Kevi Seraphin, Tristan Thompson, Epke Udoh, Kris Humphries, Ed Davis, JJ Hickson e Markieff Morris. A fila anda.
Usando o coração, não seria demais que o Suns batesse seu 0,6% de chance para iniciar Davis com um Nash na armação? O Capitão Canadá não abandonaria o Vale do Sul nessa. E se ele pinta em Cleveland mesmo? Com Varejão, seria um pesadelo poltergeistiano para a concorrência. Em geral, espera-se do prodígio uma produção imediata na liga norte-americana.

O perigo é o Portland. Que tem duas escolhas de loteria neste ano, mas nenhum Greg Oden a mais para nos desculparmos. 

Você de novo

Um jogo de basquete jamais pode ser definido pelo confronto direto entre dois jogadores. LeBron x Kobe. Magic x Bird. Alex x Marquinhos x Marcelinho. Nem mesmo o Fúlvio x Nezinho que teremos na final do NBB neste sábado.

Mas se essa última é uma contraposição no mínimo interessante de se observar em Mogi das Cruzes?

Ô, se é. 

Para não dizer imperdível, por diversos fatores.

O mais imediadista e instigante – além da disputa pelo título, claro – é o fato de um seguir prestigiado, de certa forma, ao ser incluído na pré-lista da Seleção que vai para o Sul-Americano, enquanto o outro, já sabemos quem, aparentemente não fez o bastante nos últimos dois anos para ser lembrado nem mesmo numa convocação tão vasta como a recente.

Hoje mais calmo, Fúlvio liderou o NBB4 em assistências
Os dois armadores são de 1981. Já devem estar cansados de se enfrentarem. Franca x Ribeirão, Mogi x Ribeirão. Se não me engano, jogaram até juntos na última temporada do COC e talvez em Brasília, quando o armador se recuperava de uma lesão no joelho. Corrijam o que tiver de errado aqui, por favor.

Cada um chegou até aqui por caminhos diferentes. Nezinho rodou bem menos: jogou um tempão em Ribeirão até o clube fechar as portas em 2006. Desde então, passou por Brasília, Assis e Limeira até voltar ao Distrito Federal pra ficar. Fúlvio viajou muito mais. Entre Franca, aos 20 anos, e São José agora, foram oito escalas, três fora do país, duas na Europa. Aos 31 anos um, aos 30 o outro, respectivamente.  Mas maturidade fora de quadra nem sempre se traduz para dentro.

Mesmo nos jogos em que as pessoas julgam que ele foi “impecável”, Nezinho ainda apronta muito em quadra para justificar sua convocação – como no quinto jogo contra o Pinheiros, para selar a classificação para mais uma decisão. Em cerca de 39 minutos (só um de descanso, então), ele teve 20 pontos e oito assistências. “Impecável” seria se não fossem os cinco erros acumulados no jogo e os seis chutes de três pontos desperdiçados na quadra.

Nezinho, nem sempre fácil de assimilar
Aí você pode mandar o blogueiro parar de ser ranzinza, chato, ou sei lá o quê – como se fosse nossa obrigação ser o boa praça da praça que nem é nossa. Que só enxerga o lado ruim da coisa – como se apenas jogar confete fosse o ato legítimo também. Que nhe-nhe-nhém demais. A defesa é que, no domingo, tiramos o traseiro do sofá já castigado do QG 21 para ir ao ginásio.

No primeiro quarto, na cara, estava lá o Nezinho infernizando (o oponente): acertando tudo de três pontos, voando baixo no contra-ataque. Ele pode dar um sacode daqueles nss defesas com sua ainda excepcional velocidade e agilidade. Então, pronto: cheio de confiança, peito estufado pronto para derrubar o adversário, batendo a mão no peito a cada cestaça, a cada “bolinha” maluca que caía: 15 pontos de vantagem, caramba!

Depois... Você bem que sabia que teria uma continuação a história. Seu desempenho a partir dali faz do termo errático algo que até beira o eufemismo. Quanto mais ouriçado no jogo, mais perigoso Nezinho fica para os dois lados, tomando decisões com a bola altamente questionáveis – como seu chute de três pontos ao final do segundo período, meio que na passada (ou “off the drible”) resultando num airball. O detalhe? Faltavam dez segundos no cronômetro de jogo, coincidentemente os mesmos nove ou dez segundos no seu relógio de posse de bola. Seu time estava quatro pontos na frente do placar.

Percebe? Se não, vamos deixar bem claros: por que um armador de 31 anos, com um currículo vencedor e que se diz maduro, ainda se permite chutar uma bola sem nexo algum, com o cronômetro a seu favor, correndo o risco de seu adversário reduzir (ainda mais) a sua vantagem no placar, num quinto jogo de semifinal do NBB? Uma bola daquelas? Contestada e em movimento? Francamente: não tem como defender essa. 


Mas só uma bola? Não, como exemplo desse microcosmo peculiar do espevitado armador também tem o passe de Tom Brady que vara a quadra e bem que podia cari na mão do mascote, quando seu time, já no quarto período, está novamente só precisando administrar uma vantagem no placar para carimbar a vaga. Ninguém está pedindo a perfeição. Mas existem meios e meios para se cometer um erro, uma violação. No caso de Nezinho, o grau de inconsciência que um jogador com sua experiência chega a atingir preocupa e tem de ser questionado.

"Ah, mas o Fúlvio já teve chance...": já faz tempo que ele não é chamado, desde 2009
Fúlvio também já viveu seus dias de jogadas “And 1”, com chutes de três pontos mal preparados “na cara” dos marcadores. Muita gente vibrava com isso, ele incluso. Era mais um terrorzinho nos Campeonatos Paulistas. Hoje está mais sossegado e paciente.

Hoje, ainda queima muita bola de longa distância, mas, aí, sim, com resultados que são difíceis de criticar. Seu aproveitamento na liga foi de 44,4%, algo excelente – inferior ao que se consegue na zona de dois pontos, mas há de se levar em conta que o chute de fora também conta mais no placar. Nas semifinais contra o Flamengo, esse percentual subiu para 50%, encaçapando 15 de 30 tentativas (três a cada seis por jogo, em média).

De novo: é um número elevado de arremessos do perímetro. Por outro lado, o percentual mostra que eles vêm em condições mais equilibradas dos que  arrisca seu adversário finalista. Na semi contra o Pinheiros, Nezinho chutou 9/34 (26.4%). Cada confronto é uma história, jogar cinco vezes contra o Pinheiros não é o mesmo contra o Fla, mas deu pra sacar, né? Para tirar qualquer dúvida, segue a pontaria do brasiliense na temporada: 32,2%.

Em termos de volume ofensivo como um todo, Fúlvio sobra nas assistências por jogo, com 8,2 assistências contra as 5,6 de Nezinho – além do mais na média de passes para a cesta e desperdícios de bola, o são-joseense, que ainda pode acelerar, mas funciona bem melhor em meia quadra ofensiva, também leva a melhor com 2,53 contra 1,67. 

Sem ser tão inocente ou tendencioso, há de se dizer que Nezinho faz mais pontos (16,4 a 12,1). O time de Vidal, na verdade, concentra seu ataque: tem quatro jogadores com duplos dígitos em pontuação (três acima de 16 por jogo) e apenas mais dois acima dos 5 pontos (Tischer e Cipriano, a turma da rebarba). São José, por sua vez, tende a espalhar mais as cestas por seu elenco: são os cinco titulares acima dos 10 pontos por jogo e mais três reservas com pelo menos 5.

Nezinho ainda está entre os selecionáveis
O plano de jogo, então, influencia esses números todos. Um time aposta mais em seus atletas tarimbados, enquanto o outro confia num elenco mais homogêneo, e seus  armadores são os condutores designados – e contratados – para bancar essas ideias em quadra. Hoje, são dois tipos diferentes de basquete que praticam esses dois já veteranos nacionais. 

Um só duelo ganha jogo?

Não.

Mas, neste caso, vai ser inevitável a comparação no fim.

segunda-feira, 28 de maio de 2012

O homem a ser contido

Murilo chega tudo na decisão

(Sobre o quinto duelo entre Pinheiros e Brasília, não vou além do publicado no Twitter de um modo geral durante a partida. Uma partida deprimente, muito aquém do prometido, na qual os visitantes mandaram bem ao seu modo, com as “bolinhas” caindo de todos os lados, muita reclamação, arbitragem caótica, e um desfecho meio que anticlimático depois do excepcional jogo 4. Alex e sua turma estão lá de novo.)

E já que estão aqui de novo, numa presença difícil de ser questionada, dado seu retrospecto dominante recente, vamos olhar para a frente, para a inédita final em jogo único do NBB4, sem margem de erros e para manobras confortáveis dos técnicos.

Não vi o triunfo decisivo de São José sobre o Flamengo neste domingo, mas, pela produção de Murilo e Fúlvio, aparentemente a dupla fez um estrago na defesa carioca com suas combinações de pick and roll, uma das jogadas mais elementares do basquete, mas que, quando bem executadas, pode causar realmente muitos problemas.

Durante a semana, imagina-se que o Brasília tenha de se planejar incessantemente para frear os mergulhos arrasadores no garrafão do pivô adversário, melhor jogador da competição, que ossui um pacote raro em quadras nacionais: força, velocidade, agilidade, inteligência e técnica (eembora lhe falte um jogo mais refinado de costas para a cesta).

Vão procurar evitar a troca de marcadores? E vai haver disciplina para isso, de modo que Fúlvio não fique muito livre para o tiro? Ou eles trocarão, contando que a ajuda apareça prontamente do lado contrário? E aí, nesse caso, a rotação vai funcionar para contestar os chutadores de três pontos do time?

Na última partida em que os dois clubes se enfrentaram, foi uma loucura daquelas. Os representantes do Vale do Paraíba construíram uma boa vantagem após vencer o terceiro quarto por 32 a 12, mas tiveram de sofrer até o último instante triunfando por um pontinho, 83 a 82, com roubada de bola seguida por fal-e-cesta de Ricardo Fischer, garoto que foi titular na ocasião.

Em meio a uma bagunça em quadra, Brasília teve, mesmo com a ausência de Fúlvio, muita dificuldade para conter Murilo, que terminou com impressionantes 24 pontos e 16 rebotes (sete ofensivos!), tendo batido 11 lances livres.

No elenco de Vidal, o melhor defensor para bater de frente com Murilo seria o grandalhão Luas Tischer, que tem a combinação de porte e agilidade para a missão. O problema é o “bater de frente”. Da última vez, Tischer exagerou na dose, cometeu muitas faltas e acabou anulado na partida, deixando seu time em maus lençóis: Cipriano, baixo e menos atlético, Alírio, lento, e Ronald, cru, sofreram um bocado.

Para brecar Murilo na final, em sua atual fase, será preciso de algo a mais que um jogo físico e catimba costumeiros dos atuais campeões. Eles estão aqui de novo, mas dessa vez o desafio é maior.


Update: faltou colocar aqui o argumento usado no Twitter... Talvez, para se proteger de Murilo, Brasília deva atacá-lo, com a esperança de carregá-lo de faltas. A marcação não é o seu forte e não custa jogar a isca.

sábado, 26 de maio de 2012

Também não esquecemos


Só 30 minutinhos, gente, que custa?

Para quem viu e, principalmente, jogou, a vitória do Pinheiros sobre o Brasília, no Distrito Federal, nesta sexta-feira, não será esquecida. Agora... Também não dá para ignorar o que aconteceu antes do início da partida.

Pela segunda vez consecutiva em uma semifinal de playoffs do NBB em seus domínios, o clube candango não conseguiu oferecer condições de basquete impecáveis aos seus visitantes e, mais importante, torcedores.

A apuração do que aconteceu no prefácio desse duelo incrível não ficou muito clara. Os cronômetros dos 24 segundos, acima da tabela, tal como no jogo 1, estavam pifados. Até quando ficou, não temos certeza, assim como não sabemos as razões para o ocorrido.

De acordo com o que a reportagem do SporTV informou, havia o desejo por parte da direção do Brasília em atrasar o início do duelo em meia hora para dar tempo de acolher seus torcedores, atrapalhados pelo trânsito local.

Se as falhas técnicas foram provocadas ou simplesmente aconteceram por inépcia – como o divulgado –, no fim nem interessa: é um episódio lastimável e que nenhum campeonato sério deve permitir numa partida de temporada regular, quanto menos em um jogo 4 de semifinal.

O pedido para retardamento do bola ao alto é até compreensível, mas, se havia essa preocupação, que a direção local o tivesse discutido bem antes com a organização da liga e TV. 

Um NBB não pode ficar aos caprichos de uma emissora, claro. Mas o mesmo vale para qualquer um de seus clubes. A liga é de todos eles, e não cabe privilégio a nenhum em específico – como consequência do atraso, São José e Flamengo foram lesados, pois tiveram dezenas de minutos a menos de exposição para seus patrocinadores em TV e de transmissão para seus torcedores. Teve dupla prorrogação, sim, mas a meia hora perdida teria pago essa conta.

Os gestores da liga agora devem se posicionar de modo duro em sua punição ao time de Jorge Bastos, reincidente – participando do pressuposto de que vai haver multa, no mínimo, né?

E não vale cobrar em tubaínas e sandubas. 

sexta-feira, 25 de maio de 2012

A vitória incrível do Pinheiros


A bola vai ter de subir para mais um jogo, após uma partida histórica. Foto: Brito Júnior/LNB

Diante da forte carga emocional a que os basqueteiros foram submetidos, fica difícil de organizar as idéias. Então vamos apelar, comentando em tópicos a histórica vitória do Pinheiros sobre o Brasília, por 109 a 105, em dupla prorrogação, fora de casa, para se manter vivo nas semifinais:

- O comentário corrido a alguns minutos do início do jogo, abordando o desfalque de Shamell, tinha dois pontos: que o Pinheiros poderia sofrer um pouco defensivamente, mas que ganharia no ataque. Alex e Arthur, jogadores que seriam fiscalizados por um jogador mais alto e atlético, terminaram a partida com 46 pontos somados e 13 lances livres batidos e 50% na linha de três pontos. Por outro lado, vimos o Pinheiros com uma ofensiva muito mais solidária e organizada, funcionando excepcionalmente bem com a dupla armação de Figueroa e Paulinho, numa das melhores partidas de sua carreira. Ele marcou 18 pontos e cincos assistências: mas o mais importante foi o modo como esses números foram produzidos. Com consciência e agressividade ao mesmo tempo. Já foi muito criticado aqui no QG 21, mas fez um jogaço nesta sexta. Ao todo, o clube paulista  somou 20 assistências e apenas oito 13 erros (corrigidos na box score oficial depois, sendo que os números aqui apresentados se baseavam na do tempo real) em 50 minutos.

- As prorrogações vão ficar na história, mas o primeiro quarto executado pelo Pinheiros foi primoroso, com essa dupla armação funcionando em harmonia e o pivô Bruno Fiorotto sendo alimentado com uma frequência incomum e comovente até – ele terminou com 13 pontos, estabelecendo uma presença interior que ajudou a abrir o jogo  para os companheiros. A parcial terminou em 22 a 11 para os paulistas e o ataque organizado ajudou seu desempenho defensivo nestes dez primeiros minutos, limitando os contra-ataques dos candangos. 

- Os únicos quesitos em que Brasília foi superior estatisticamente: lances livres (70% a 82%) e tocos (2 a 6). Diante de muitas adversidades, seu time não foi heróico só, como teve um triunfo bem fundamentado. Ponto para o Mortari nessa.

- Outros destaques individuais pelos visitantes: Olivinha, com 21 pontos e 20 rebotes, o que já descartaria qualquer comentário adicional. Mas vamos lá: a) ele não está convocado no grupo dos 35 melhores atletas do país; b) mal sai do chão e apanhou 20 dos 39 brotes do time, sete ofensivos de dez; c) havia sido dominado por Giovannoni no Jogo 3; d) logo, deu uma senhora resposta em quadra, com muita garra. Marquinhos se arriscou demais na linha de três pontos (11 chutes!) – mas os dois que converteu foram cruciais. Quando foi para dentro, teve mais sucesso, descolando 20 lances livres (embora tenha batido apenas 13) e distribuindo sete assistências, jogando muito pressionado. Quem vai faltar que falta fibra? Marquinhos descansou por apenas 1min57s. Olivinha jogou 46min29s. Alex, pelo Brasília, foi o leão de sempre, com 27 pontos em 48mins58. Nezinho, com cinco erros e 1/6 nos três pontos, teve uma daquelas noites. Daquelas, sabe?

- O Olivinha jogou demais, mesmo: 21 pontos e 20 rebotes. Haja coração.

- Nem tudo são flores, no entanto: ao todo, foram 60 faltas apitadas em 50 minutos de jogo, 1,2 a cada 60 segundos, então algo como uma falta a cada três posses de bola. É muita coisa, galera: 32 para o Brasília, 28 para o Pinheiros. Nos 15 minutos finais do jogo (5 + 5 + 5), as defesas esbaforidas foram muito indisciplinadas – com destaque para a de Rafael Mineiro a dois segundos do fim do primeiro tempo extra, no campo de ataque, em cima de um Alex desequilibrado. Falta não é sinônimo de boa defesa. Lances livres são pontos de graça para o adversário, com o relógio parado. No fim, na segunda prorrogação, fizeram diferença as três posses de bola (roubo de Mineiro duas vezes e a bandeja errada de Alex no ataque final) em que o time de Mortari parou o adversário sem alguma infração. Foram cerca de 35 minutos bem jogados e 15 de alucinação.

- No fim, com Figueroa, Paulinho e Morro excluídos, o Pinheiros terminou a partida com Bruno Mortari (ixe), Renato, Marquinhos, Olivinha e Mineiro no sacrifício. De alguma forma, com um quinteto que não deve treinar nunca junto, o time conseguiu manter a compostura, afastar a decepção pelo empate de Nezinho com o cronômetro zerado para empatar a série em 2 a 2. 

Ajustes drásticos

Olivinha vai precisar jogar muito mais em Brasília

Para os heróis que acompanham o blog nesses últimos meses, deve ter ficado claro que não se morre de amores pelo ala Shamell, do Pinheiros, aqui no QG 21. De todo modo, sua grave lesão é lamentável, e o clube está de parabéns por ter efetivamente renovado seu contrato para a próxima temporada, a despeito da probabilidade de ele passar um longo tempo afastado de quadra. Um gesto de grandeza.

Agora, correndo contra o tempo, tentamos aqui uma análise rápida sobre a vida do time paulistano sem o norte-americano para o decisivo confronto com Brasília logo mais, na Capital Federal.

Shamell é o cestinha de Mortari, mas a ironia é que sua presença pode ser mais sentida na defesa. A despeito de seu desempenho inconsistente, variando não só de uma partida para a outra, como de um quarto para o outro, ele dispõe de atributos físicos – agilidade, tamanho e capacidade atlética – que lhe permitem uma defesa segura contra o Alex.

Sem o ala, com um elenco desequilibrado, quem Mortari vai colocar nessa empreitada? Marquinhos não tem o perfil ideal e vai precisar de um respiro para carregar o time do outro lado (também é preciso cuidado para não carregá-lo de faltas). Renato já não tem o preparo necessário para conter o ex-companheiro tampouco. Paulinho é mais baixo, muito menos atlético e também nunca foi celebrado por sua consciência defensiva. Figueroa teria de lidar com o Nezinho. Faz falta mais um bom e atlético ala reserva no time, e o filho do técnico não se encaixa aqui.

Do ponto de vista da marcação individual, então, se bem explorado pelo oponente (coisa que não aconteceu no decorrer do terceiro jogo em São Paulo, registre-se), a vida da defesa do Pinheiros pode ser dificultada. Variações em seus sistemas e muita aplicação se farão necessários.

No ataque, um Shamell inspirado pode decidir qualquer jogo de NBB. Assim como um Shamell achado-que-está-inspirado, só que a favor do oponente – naqueles dias em que o americano chuta de três pontos a dois passos da linha, isso depois de ter batido bola por uns 20 segundos, sem ter feito sequer um passe.  

Se Mortari souber trabalhar a cabeça de seus jogadores, o Pinheiros pode ganhar em movimentação de bola, o que ajudaria a pulverizar os pontos costumeiros do ala por todo o seu elenco. Marquinhos deve naturalmente puxar a fila, mas sem forçar a barra. Renato, Figueroa, Paulinho e Fiorotto também podem render mais. 

E o Olivinha? Esqueceu?

Não, este é um capítulo especial. No jogo 3, o ala-pivô foi completamente dominado por Guilherme Giovannoni, em todos os sentidos. Nesta sexta, ele precisa dar uma resposta imediata. Seu time precisa disso, ainda mais considerando o outro desfalque: Morro.
Jogando em casa, com um time aparentemente inteiro, o Brasília é favorito para fechar a série. Só não dá pra cravar nada: as intempéries do NBB não permitem isso. 

quarta-feira, 23 de maio de 2012

Draft: Scott Machado, início positivo


Scott Machado, um primeiro bom passo

No fim de semana passado, dezenas de candidatos ao Draft da NBA se reuniram em New Jersey para treinar perante um graaaaaaande número de cartolas, técnicos e scouts da NBA, somando mais de 150 pessoas entre os homens que tomam as decisões para o andamento esportivo de suas franquias. Gente pra burro – apenas Orlando Magic e Los Angeles Clippers não estavam representados, o que não surpreende ninguém.

Entre os rapazes avaliados estava o armador Scott Machado, em um de seus primeiros passos para tentar ingressar na liga. 

Nos primeiros relatos direto do ginásio, do chapa Jonathan Givony, não houve uma resposta tão positiva (nem negativa) sobre o jogador brasileiro. Em despacho via Tweet, sem muita análise, JG falou que o produto da Iona "começou devagar, mas melhorou até o fim do coletivo 5 contra 5". Num detalhe de jogo, observou também que ele venceu uma bola ao alto com o lituano Mindaugas Kupsas. Detalhe: o europeu mede quase 2,20 m de altura, o que prova o quão atlético esse filho de gaúchos pode ser.

Agora, com mais calma, o especialista do ESPN.com, Chad Ford, veio com um relatório mais completo, depois de gastar o celular, na qual fala que Scott foi, ao que tudo indica, o jogador que mais se destacou nos treinos. Ao menos segundo suas fontes, claro.

Veja abaixo o que de principal o jornalista, que já cobriu as chegadas de Nenê, Varejã, Baby, Splitter e Leandrinho ao basquete profissional norte-americano e é muito bem conectado, escreveu:

- "As opiniões variaram muito entre os scouts e dirigentes no evento, fazendo a gente pensar se eles estavam vendo o mesmo jogo algumas vezes, Ainda assim, consegui reunir algo parecido com um consenso sobre os melhores jogadores, (…) que podem ter entrado na discussão para a primeira rodada do Draft."

- "Esses treinos foram especialmente importantes para Machado porque ele não vai conseguir mostrar sua visão de quadra uma vez que chegue ao Combine ou para os testes privados com as equipes (nos quais não há jogo de 5 contra 5).  Para um jogador como ele, obter elogios em frente a uma gama completa de gerentes gerais da NBA neste tipo de configuração era um must, e, ao que tudo indica, ele foi o melhor armador lá."

- "No momento, temos Machado como um jogador no limiar da primeira rodada, mas se ele conseguir repetir esse forte desempenho em Minnesota (quando os times vão se reunir novamente diante de muitos candidatos), ele poderia entrar facilmente entre os 30 primeiros."

- "Num Draft com poucos armadores, Machado vai ser olhado com carinho pelos scouts. Ele é rápido e atlético e consegue equilibrar bem sua pontuação com a armação para os companheiros."

Alô, você


Arte do Território LNB, blog da liga

Todo árbitro vai dizer a mesma coisa, e com razão: errar é humano. Foi o que Renatinho reiterou hoje no Twitter, e não há como contestar isso de modo algum, assim como o fato de que os homens do apito e goleiros estão fadados a uma pressão descomunal no esporte.

Então me diga você: se ouvir os gritos de chorões, torcedores e corneteiros antes, durante e depois do jogo já é um pé no, digamos, talco, para que arrumar ainda mais pressão e atenção para eles?

Agora vocês sabem do que estamos tratando, não? Os microfones de lapela nos playoffs do NBB.

Resgatando o questionamento: se a vida de juiz é complicada desde o princípio, com dois ou três profissionais em quadra, se o resultado de suas marcações já são controversos por natureza, não há razão para atrair mais atenção para eles. E o que vemos no momento vai em direção oposta a esse raciocínio: com som ambiente durante todo o jogo, resolveram transformá-los em estrelas do espetáculo.

O comentarista babão vai falar em “aula magna” em quadra do árbitro. Esse é o argumento por trás dessa decisão: que os juízes ajudam o “leigo” (eu mesmo) a captar, assimilar os detalhes e nuanças do jogo. Podem dizer também que é um chamariz, uma atração especial – não sei se houve alguma pesquisa nesse sentido, ou se foi apenas a 'sacada' de alguém. Se é disso que o NBB precisa para se firmar e conquistar audiência, lascou.

Capacitados para isso os juízes precisam estar. Para apitar, você deve realmente conhecer os fundamentos do jogo para poder avaliar o que é uma carga ofensiva ou falta do defensor e processar esse conhecimento rapidamente para definir suas marcações. Afinal, você fiscaliza o jogo.

Mas as obrigações do árbitro se encerram basicamente por aí. Árbitro não tem de ensinar nada a ninguém, muito menos ser cômico – e, se for, isso deveria ficar restrito a quem está em quadra. Existem comentaristas e locutores para dar conta dessa tarefa.

Vamos além: me desculpem colocar deste modo, não era para ser notícia, mas árbitros não nasceram no esporte para serem estrelas. Simples assim.


Dupla pinheirense quetiona Renatinho, aparelhado com microfone
Acontece que, diante da carência olímpica e de títulos expressivos por que o basquete nacional passou nas últimas décadas, além da rapaziada na NBA, os únicos protagonistas brasileiros em Mundiais e Olimpíadas que estavam na TV eram justamente nossos árbitros. Então, a cada transmissão de Campeonato Paulista ou Nacional masculino, lá estavam os milhões de elogio, tapinhas nas costas e mimos – quem não se lembra do chute de três pontos e assistências deles no Jogo das Estrelas? Tem limite pra festa. Parabéns a esse pessoal, que chegou até lá. Certeza que eles têm muitas histórias para contar de bastidores. 

Mas fica o reforço sobre como termina o parágrafo: bastidores, o espaço que cabe aos homens do apito, assim como a jornalistas.

E ainda há um terceiro ponto, mais subjetivo, mas que merece ponderação: de certa forma, o microfone em um árbitro não funciona como uma interferência antiética (não sei se é o melhor termo, mas sigamos com ele) na condução da partida?

O microfone em um árbitro não influencia diretamente a relação dos donos do apito com os jogadores? Mesmo que inconscientemente, acredito que sim. Não se trata de um mero detalhe, enfeite. É como se fosse uma câmera escondida às avessas: escancarando tudo, e todo mundo sabe que o apetrecho está lá. E ele não blinda árbitro de nada. Muito pelo contrário: só os expõe.

Por fim, no mesmo bate-bola fulminante com o Renatinho pelo Twitter, perguntei se o microfone lhe ajudava em algo em relação a uma condução técnica na partida.

O que ele respondeu foi o seguinte: “Giancarlo, em termos técnicos não ajuda em nada, mas nesse momento é uma solicitação com um objetivo específico…” 

Nem tão barbada

Em 2008, fomos com Cipolini, William, Hátila, Coloneze, Caio, Gruber;
Hélio, Arthur, Manteiguinha, Dedé, Diego e Teichmann; Barbosa e Chupeta na comissão

Assim, e quando o Brasil sofre na estreia para bater a Colômbia por oito pontos, tendo perdido três de quatro quartos? A mesma Seleção que perdeu o primeiro tempo para o Chile e escapou no fim com uma vitória por um pontinho, 70 a 69? Na terceira rodada, 34 pontos negativos contra a Argentina (68 - 102?)? Aí parecia o fundo o poço. O time, na sequência, emplacou duas vitórias por dez e nove pontos, respectivamente, sobre Venezuela e Uruguai. Ufa: estava garantida a vaga. Talvez aliviado demais, perdeu para os venezuelanos na disputa pelo bronze por 15 pontos, terminando o campeonato em quarto.

Sabe quando foi? Quatro anos atrás apenas, 2008, em Puerto Montt, cidade que está uns bons abaixo 1.000 km de Santiago. Lembraram agora, né? Com Paulo Chupeta no comando e seus principais jogadores afastados, tivemos essa campanha aqui de cima, assegurando de modo muito complicado um lugar na Copa América de 2009, vencida em Porto Rico com Moncho Monsalve.

Não é para secar ninguém. Enquanto a turma deste ano não jogar este ano, não dá para traçar paralelo nenhum, e certamente ninguém espera uma atrocidade pior que essa (para se complicar na primeira fase, teria de perder para o Paraguai, por exemplo...).

A Seleção de Gustavo de Conti se reúne, na medida do possível, desde o domingo passado em São Paulo, fazendo baterias de exames médicos e físicos até entrar em quadra desfalcada. 


Por razões óbvias, Nezinho, Arthur, Rafael Mineiro, Fúlvio (ooops) e Murilo são ausências certas neste início de preparação, já que estão envolvidos nas semifinais do NBB, com pelo menos mais dois jogos pela frente – o que pode ser derraideiro nas semis e a final do campeonato. Além deles, ainda estão por chegar Rafael Luz, Marcus Vinícius Toledo, Augusto Lima, Paulão Prestes e J.P. Batista. 

Por enquanto, a programação está assim: treinos até o dia 31 de maio em São Paulo, viagem para um quadrangular na Venezuela, depois mais três dias de treino em São Paulo até 08 de junho. Aí são mais dois quadrangulares na Argentina, e, Sul-Americano, aí estamos nós. Do trupe do NBB, quem avançar para a final pode se juntar, então, apenas no último estágio de preparação – o que preocupa um tico, já que são dos poucos jogadores experientes na convocação (com exceção do Olivinha Mineiro).

Em entrevista ao Basketeria, De Conti fala da “data ingrata” do Sul-Americano. “É o final de algumas competições e o início de preparação das seleções principais que vão para as Olimpíadas”, disse. De fato: tudo muito espremido. A apresentação do time de Magnano está marcada para o dia 10 de junho, em São Paulo. O Sul-Americano será disputado na Argentina entre os dias 18 e 22 de junho. O primeiro amistoso do grupo de Magnano está marcado para o dia 26. Sobra tempo para treinar o quê e como exatamente? Não estamos diante, logo, de um trabalho mole. 

Diante de todas essas dificuldades, com o grupo se montando aos poucos – o que, espera-se, deve valer para argentinos, venezuelanos e, talvez, uruguaios –, caso a preparação não seja bem realizada, acidentes podem acontecer. Longe de secar, fica só o alerta.