terça-feira, 5 de junho de 2012

Playoffs NBA: Fase de crescimento


Os garotos agoram falam de igual para igual com o sereno Craig Sager :)

Ao lidar com um time veterano, campeão, que vinha de 20 vitórias seguidas e atropelando todo mundo que pintasse na frente, o jovem Oklahoma City se viu obrigado a acelerar mais uma etapa de seu crescimento. Em uma semana.
O ex-clube de Seattle vem dando pequenos e sólidos passos desde que selecionou Kevin Durant na posição número dois do Draft de 2007 – e, sim, já faz tanto tempo assim.
Russell Westrbook era um projeto de longo prazo, cujas últimas etapas ainda estão em andamento.
James Harden precisava se soltar mais em quadra atleticamente, acreditar em suas capacidades, sem se esconder atrás da dupla que era o carro-chefe da equipe.
Serge Ibaka ficou algum tempo na Espanha até chegar e demorou um pouco para refinar seu jogo ofensivamente, algo que aconteceu com mais rapidez a partir do momento em que Jeff Green foi despachado para Boston em troca de Kendrick Perkins.
E, Perk, agora com o joelho firme e entrosado, era o homem certo para, ao menos, atrapalhar a vida de Bynum, Gasol ou qualquer gigante com quem eles se deparassem.
Monitorando tudo isso estava Scott Brooks, um experiente e viajado armador na liga, que nunca teve um papel protagonista em quadra, mas que era uma promessa como treinador principal. O problema? Era sua primeira vez no emprego.
Para arranjar tudo isso levou tempo e se fez aos poucos, sob a supervisão de Sam Presti.

Jeff Green e Durant, a dupla-sensação do finaldo Supersonics em 2007
Perdendo por 2 a 0 a final do Oeste para um Spurs empolgadíssimo, tempo era justamente o que não havia dessa vez, a não ser que o time se contentasse com a segunda eliminação seguida nessa fase. Hoje, com um 3 a 2 de vantagem, está claro que não passava esse pensamento pela cabeça da turma de Durant.
Com KD, Wess e Hardy (eles são todos chapinhas), poder de fogo não faltava para o Thunder. Contra o Spurs, porém, eles precisavam de mais. E não é que Derek Fisher pudesse se transformar em um cestinha de 15 pontos por partida essa altura da vida.
A solução encontrada foi simples, mas significativa para uma equipe que somava pouquíssimas assistências: eles começaram a, de certo modo, imitar o que testemunhavam do outro lado da quadra, movendo a bola sem parar, de um lado para o outro, tentando desestabilizar a defesa texana.
Durant é um craque, a máquina de fazer pontos mais letal da liga hoje, mas ainda lhe faltava mais criatividade e assertividade em seus passes. De repente, ele começa a se revelar nesse sentido. Assim como Westbrook, que enfim aplacou sua teimosia (uma característica que nem sempre deve ser negada) e percebeu que até para ele alguns melhores arremessos eram gerados a partir de uma movimentação mais frequente.
Num grupo tão unido – cada dia é a casa de um que recebe a turma toda, desde os astros até os reservas, considerando que em Oklahoma City não estão as maiores tentações da América –, esse gesto final por parte da dupla encheu o restante de confiança. Ibaka acertou todos os seus 11 arremessos no jogo 4. Perkins, enfim, justificou a confiança que tem em seu ganchinho no centro do garrafão. Sefolosha (re)descobriu suas habildades ofensivas.
“Temos esses caras que são os melhores no planeta em ir para a cesta, mas as equipes tentam tirar isso de nós, então temos de tomar a decisão certa com a bola. É um equilíbrio tênue entre ser agressivo e tentar pontuar, algo que precisamos e a toda hora, mas também fazer as jogadas certas. Estamos fazendo as jogadas certas nos últimos dois jogos”, avaliou Nick Collison, fonte predileta dos setoristas.
E aí que o Spurs agora já não tem de cuidar “só” (e bota aspa nisso) de três cestinhas daqueles. O perigo se espalhou por toda a quadra, o que, por ironia, era justamente sua principal virtude, e algo que no momento se evaporou.
E como?
* * *
Sefolosha se redescobre como canivete suíço, servindo pra defender e atacar também
Sefolosha, o nome de canivete suíço mais improvável, encontrou um jeito de desacelerar Tony Parker. Essa, aliás, foi uma opção por parte de Brooks que evoca os tempos de batalha entre Suns e Spurs nos playoffs. Um dos defensores mais qualificados a atazanar o francês era o Shawn “Matrix” Marion. (Também nos mostra que Westbrook, que é maior e tão explosivo quanto Parker, ainda não tem a disciplina necessária para ser um carrapato confiável).
Além disso, os pivôs de Oklahoma têm gastado alguns segundos a mais nos pick-and-rolls para fechar a porta na cara de Parker, cientes também que podem se recuperar a tempo para se reaproximarem dos lentos Boris Babacar Diaw-Riffiod (hehehe) e Duncan. Destaque aqui, aliás, para a excelente série que vem cumprindo o veterano Nick Collison, com sua movimentação defensiva impecável.
Nesse ponto, Tiago Splitter deveria ser mais utilizado em conjunto com o ex de Eva Longoria, mas Gregg Popovich parece ter perdido um poudo de confiança no brasileiro nessa reta final.
Com Parker contido, então, a quadra não abre para Danny Green, Matt Bonner, Kawhi Leonard e Gary Neal acertarem a mão. Vigiados mais de perto, acabou a magia – só Stephen Jackson, que vive numa realidade vizinha, vem produzindo sem cair de rendimento. Para piorar, Perkins, se não se carregar de faltas, consegue controlar Duncan no mano a mano. A bola, então, não gira mais tanto, e os desperdícios de ataque sem nenhum arremesso vão se apilhando.
Para quem, há uma semana, tinha em mãos o grande favorito ao título, as coisas agora mudaram drasticamente, não, Popovich? Nem mesmo num jogo em que Ginóbili teve uma atuação vintage e no qual Westbrook somou seis turnovers e errou 15 de seus 24 arremessos, seu Spurs conseguiu sair com a vitória diante de um rival que somou 22 assistências para 40 cestas de quadra. Foi a primeira vitória de um finalista de conferência fora de casa.
Ainda em fase de crescimento, o Thunder parece hoje aquele garoto que espicha uns bons centímetros em poucos meses, mas sem ficar desajeitado, descoordenado. Longe disso.  

Nenhum comentário:

Postar um comentário