quarta-feira, 6 de junho de 2012

Playoffs: Confissões de Spoelstra


Os rapazes de verde voltam a atormentar LeBron James nos playoffs

Quando Pat Riley concluiu  o plano maquiavélico de Wade ao recrutar, na surdina, seus dois amiguinhos, o clube, os dois astros e Bosh (hehehe) fizeram aquela festança e já comemoraram, logo de cara, sete títulos, nas infames palavras de LeBron.

Ao reunir duas superestrelas desse calibre e um ala-pivô competente em Bosh, o campeoníssimo Riley sabia que estaria na briga pelos títulos da NBA de forma perene. Tava todo mundo preparado, na real, para estender o tapete.

Os estatísticos, então, nem se fala. Bastava somar um Mario Chalmers, um Udonis Haslem e mais uns sete jogadores medíocres (“replacement level”) ao elenco, que o elenco estaria prontíssimo. Mas nem tudo é matemática ou métrica no basquete, embora insistam que esse seja o futuro do jogo.

Balela, como o próprio Erik Spoelstra pode atestar, depois da terceira derrota seguida de sua equipe diante de um adversário menor, mais velho e menos atlético, que está com mais de meio plantel quebrado – dores não são privilégio do Miami, gente.

“Eles têm DNA de campeão. Eles têm o que estamos tentando ganhar”, afirmou o técnico em uma entrevista coletiva um tanto catatônica nesta terça. “Os playoffs são desse jeito mesmo. Ele testa seu caráter coletivo e sua determinação.”

Wade e LeBron ainda não encontraram soluções para já velhos problemas

O treinador é um sujeito admirável do seu jeito e muito inteligente. Entrou na franquia pela porta dos fundos e subiu gradativamente na hierarquia, sem nenhum padrinho, até assumir a bucha que é dirigir um time no qual qualquer resultado aquém do troféu seria um fiasco. Conseguiu montar uma forte defesa, o que é meio caminho andado, mas em nenhum momento nestes dois anos encaixou suas peças num sistema, padrão de ataque confiável. Dependeu muito dos contra-ataques avassaladores de seus astros, que podem correr sozinhos contra quatro e ainda cravarem. Nos playoffs, esse tipo de oportunidade fica cada vez mais rara.

Em Boston, por mais que seu ataque sofra por longos períodos diante dos atléticos defensores da Flórida, dificilmente seus veteranos se perderão em desespero. “Sabemos o que queremos fazer, onde queremos receber a bola, temos uma boa noção das jogadas que precisamos chamar. Estamos juntos há tempo tempo, que você pode nos ver apenas trocando ideias nos pedidos de tempo, afirma o ala Ray Allen.

Mas, ainda mais pelo que vimos no jogo 5, não é apenas a superioridade tática de Miami que vem fazendo a diferença a favor de Boston. Boas respostas estão nas próprias declarações de Spo. Allen pode destacar o entrosamento e a familiaridade de sua base, mas eles já foram campeões logo no primeiro ano em que se uniram. Grandes equipes, no fim, transcendem suas capacidades tático e técnicas, precisam de algo extra que faça a diferença, ainda mais em momentos delicados e tensos como os equilibrados confrontos nos mata-matas do Leste.

E a jogada que serviu como um exemplo escancarado dessa resolução, dessa vontade e ciência de como ganhar foi aquele incrível rebote-assistência de Rondo no quarto período. O time da casa ganhava por seis pontos. Brandon Bass havia acabado de receber um bloqueio desconcertante de Wade em tentativa de cravada, e a bola espirrou bem para o alto. O armador saltou, chegou antes de um atleta do Miami e, numa reação muito rápida, já prevista, instintiva, já deu o tapinha nas mãos de Mickael Pietrus. O francês acertou da zona morta e diminuiu a diferença. A partir dali, o jogo viu uma parcial de 22 a 12 a favor dos visitantes para uma vitória histórica. Veja:






Um detalhe engrandece o lance: Rondo ganhou a “dividida” de ninguém menos que LeBron James – por maior que seja sua envergadura, veja bem quem ele superou no alto. “Foi talvez a maior jogada da partida”, disse Doc Rivers. “Absolutamente sensacional.”

Do outro lado, quando a bandeja não cai, quando o passe sai errado, vemos com frequência caminhar de volta a sua quadra, reclamando com árbitros ou agindo de um modo egoísta que deixa bem claro sua insatisfação com o que aconteceu em quadra, mesmo que seja contra seus próprios companheiros e  mesmo que eles, aí, fiquem vulneráveis no contra-ataque.

Alguém pode apontar a fraqueza do elenco que os astros têm a seu dispor, mas nomes como Joel Anthony, Ronny Turiaf, Mario Chalmers e, principalmente, Udonis Haslem e Shane Battier são costumeiramente avaliados como operários que podem fazer a diferença para sua equipe. Atletas corajosos, que conhecem suas limitações, mas que procuram contribuir nas pequenas coisas do jogo sem se importarem com a quantidade de pontos ou flashes que atraem. Em Miami, no entanto, eles se veem apenas como pequenas peças que não se agrupam para construir algo maior e mais forte.

James e Wade são capazes de destroçar, por conta, qualquer adversário, como fizeram nas semifinais contra o Indiana, depois de perderem em casa o Jogo 4.  Contra o Celtics, porém, é razoável dizer que eles vão precisar de mais do que seus formidáveis talentos.
Coração, tanto em termos de garra como resistência emocional, esse (que era para ser) capenga time de verde tem de sobra. “Acho que já pedi muito para nossos caras, talvez demais algumas vezes. E eles corresponderam, isso é fantástico.” 


Precisa nem legendar

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